Axl Rose volta a impressionar após passagens em que deixou a desejar. - Foto Por: Divulgação/Guns N' Roses
O Guns N’ Roses se apresentou no último sábado (25), no Allianz Parque, em São Paulo, para uma plateia de 49 mil pessoas. Lotação máxima, recorde local do ano e com ingressos esgotados em incríveis 48 horas.
Partindo desse princípio, a quem interessa o que vou relatar aqui?
Obviamente, aos fãs. E por que não começar falando deles?
A primeira coisa que me chamou a atenção foi a quantidade de camisetas pretas com estampas da banda e os cosplays de Axl Rose e Slash. Outro detalhe muito curioso refere-se à faixa etária do público, que ia de crianças a adultos na faixa dos 60.
A sensação que se tinha era de que esse show era uma grande celebração familiar.
Não sei se isso tem a ver com o TikTok ou se era um fenômeno transmitido de pais para filhos. Mas era genuíno. Foi muito bonito ver crianças chorando com seus pais e cantando junto os clássicos da banda.
Me fez lembrar quando meus pais me levaram para assistir aos Rolling Stones em 1995, no Pacaembu. Foi uma curtição em comunhão e inesquecível para mim.
Estive presente em todos os shows da banda na cidade de São Paulo. Desde o primeiro, em 1992, passando pela fase esquisita, posso assegurar tranquilamente que esse foi o melhor show da banda desde 2016, quando houve a volta de Duff McKagan e Slash.
Lembro-me de um show do Guns em 2014, no Anhembi, em que saí muito chateado com o que vi. Naquela ocasião, assisti a uma banda totalmente desencontrada e a um Axl Rose beirando a decadência, lendo nitidamente as letras no teleprompter.
Essa versão de 2025 foi outra história. O novato baterista Isaac Carpenter injetou vida nova na execução das músicas, com uma performance que parecia uma mescla de Steven Adler com Matt Sorum.
O impecável guitarrista Richard Fortus, na banda desde 2002, a tecladista Melissa Reese e os já manjados Dizzy Reed (piano), o sempre seguro Duff McKagan (baixo) e o lendário Slash soam potentes e melhores do que nunca.
Seja em releituras como “Sabbath Bloody Sabbath” e “Never Say Die”, do Black Sabbath, ou em músicas mais recentes como “The General” e “Hard Skool”, é prazeroso ver como a banda executa cada música com tamanha facilidade e bom humor. Sim. A banda nitidamente se diverte no palco.
Todos os integrantes se entreolharam durante o show inteiro, sorrindo entre si e encarando o público, gerando uma sensação de sintonia muito legal de se ver.
O repertório, cheio de surpresas, ajuda a corroborar essa sensação de que o que estávamos presenciando no palco do Allianz era uma banda em paz consigo mesma e se divertindo acima de tudo.
Existe coisa melhor do que ver uma banda se divertindo no palco e executando os sons com maestria? Eu desconheço.
O show foi longo. Com uma duração de 3h10, diluídas em 31 músicas, os membros sexagenários do Guns N’ Roses deram uma aula de performance, surpreendendo a todos com o vigor físico durante todo o tempo. Ninguém ficou parado no palco e foi aquele desfile de corridas de um lado para o outro, pulos e saltos que muitas bandas de hardcore dos anos 90 já não conseguem mais dar.
Todos os hits foram tocados, com exceção de “Patience”. Todos os novos singles lançados de 2016 para cá também foram executados, assim como versões de Thin Lizzy (“Thunder and Lightning”) e New York Dolls (a proto-punk “Human Being”). Uma curiosidade foi que nenhuma música do álbum Lies foi executada.
E o que falar do Sr. Axl Rose? Uma vez, no auge dos seus 20 e poucos anos, Axl Rose cantava “Live and Let Die” usando uma camiseta escrita “Live Fast, Die Young” e declarava: “Eu poderia me sacrificar no altar do rock. Seria fácil morrer assim”.
Esse não é o Axl de 2025. Massacrado nos últimos anos por conta de críticas à sua voz, Axl nitidamente se poupa de estourar as cordas vocais, optando por falsetes pontuais e utilizando bem a sua voz de peito, sem deixar de liberar aquele drive característico em momentos-chave do show.
Nada mais justo. Estar no palco hoje é uma questão de sobrevivência e comprometimento com os fãs e seus parceiros de banda.
Afinado, pontual, esbanjando energia e transpirando carisma, Axl foi exatamente aquilo que fez dele um dos maiores frontmen da história do rock. Seguramente, essa é a melhor fase do vocalista desde a volta de seus companheiros de banda em 2016.
Um homem aparentemente em paz com seu passado e se esforçando para não decepcionar seus fãs. Nada além disso. E, a julgar pela reação do público, está tudo indo muito bem com a banda, que hoje está mais para ‘Rosas’ do que para ‘Armas’.
Welcome to the Jungle
Bad Obsession
Chinese Democracy
Pretty Tied Up
Mr. Brownstone
It’s So Easy
The General
Perhaps
Slither (Velvet Revolver cover)
Live and Let Die (Wings cover)
Hard Skool
Wichita Lineman (Jimmy Webb cover)
Sabbath Bloody Sabbath (Black Sabbath cover) (dedicated to Ozzy Osbourne)
Never Say Die (Black Sabbath cover)
Estranged
Yesterdays
Double Talkin’ Jive
Don’t Cry
Thunder and Lightning (Thin Lizzy cover) (Duff on vocals)
Absurd
Rocket Queen
Knockin’ on Heaven’s Door (Bob Dylan cover)
You Could Be Mine (Seguida por introdução dos membros da banda)
Slash Guitar Solo
Sweet Child o’ Mine
Civil War (Jimi Hendrix‘s “Voodoo Child (Slight Return)” outro)
November Rain
This I Love
Human Being (New York Dolls cover)
Nightrain
Paradise City
This post was published on 28 de outubro de 2025 8:00 am
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