Boston Manor toca no Brasil pela primeira vez: Henry Cox fala sobre discos, turnês e fãs

 Boston Manor toca no Brasil pela primeira vez: Henry Cox fala sobre discos, turnês e fãs

Boston Manor vem ao Brasil pela primeira vez. – Foto Por: Megan Doherty

Sensação do rock alternativo/pop punk, o Boston Manor, fundado em 2013, em Blackpool, no litoral da Inglaterra, teve um grande aumento de popularidade após a pandemia. O primeiro show da história do grupo em solo brasileiro acontece em São Paulo no dia 14/09, no City Lights, em mais uma turnê realizada pela New Direction Productions.

Inicialmente vistos como uma banda de pop punk, ao longo do tempo, eles foram maturando mais para o alternativo, incorporando influências do rock alternativo, post-hardcore e até música eletrônica. Segundo o vocalista Henry Cox, em entrevista exclusiva para o Hits Perdidos, isso aconteceu de forma natural, o que faz com que eles se sintam motivados a seguir após mais de uma década de carreira.

A guinada nos últimos anos rendeu apresentações em festivais cultuados como Reading & Leeds, Download Festival, Slam Dunk e Vans Warped Tour, além de um contrato com a Pure Noise Records, um dos selos mais importantes do nicho.


Boston Manor vem ao Brasil pela primeira vez. - Foto por Megan Doherty
Boston Manor vem ao Brasil pela primeira vez. – Foto Por: Megan Doherty

Entrevista: Henry Cox (Boston Manor)

Você está vindo com o Boston Manor pela primeira vez ao Brasil. Qual a sua expectativa para esse show?

Henry Cox: “Estou com muitas expectativas, para ser honesto. Vários fãs brasileiros nos contataram ao longo dos anos, até mesmo viajando para outros países para nos ver tocar, o que nos honra bastante. Nós estamos muito animados por finalmente irmos tocar no Brasil. Vários dos nossos amigos já tocaram aí e nos falaram como os shows são incríveis. Estamos empolgados para ver isso!”

Vocês lançaram um EP chamado Saudade (2015). Qual a conexão entre o Boston Manor e a língua portuguesa ou a música brasileira?

Henry Cox: “Eu gosto bastante do que eu conheço da música brasileira. Eu me deparei com a palavra Saudade uma vez e acho muito interessantes essas palavras que existem apenas em outras línguas, que não tem uma tradução direta. Eu acho que essa palavra expressa uma ideia tão bonita e esse EP é sobre olhar para trás com nostalgia, a beleza e a tristeza nisso, daí achei que era um belo título para ele. E essa palavra também é muito bonita quando escrita!”

Seu último disco é Sundiver (2024), que é uma continuação, de certa forma, de Datura (2022). Ambos foram produzidos pelas mesmas pessoas e os discos começam com as músicas “Datura (Dawn)” e “Datura (Dusk)” respectivamente. 

Henry Cox: “Sim, e ambos performaram muito bem para a gente. Nós tivemos a ideia de lançar um álbum duplo, mas em duas partes, de forma que as duas fossem contrastantes. 

Tem sido um processo longo: desde a escrita do primeiro disco, passando pelas gravações e pela primeira turnê, e repetido para o segundo. Já são quatro anos das nossas vidas. Foi muito interessante embarcar em um processo longo assim e é muito gratificante que foram bem recebidos, são os nossos discos que mais venderam até hoje. É sempre legal quando seu disco mais recente é o mais popular da sua discografia. Mas confesso que eu não sabia o que esperar, já que ambos são bem diferentes entre si também. 

As turnês têm sido muito boas e em algum momento eu gostaria de fazer shows tocando os dois discos na íntegra em seguida. Não sei quando conseguiremos, mas seria interessante realizar isso em algum momento. Fico muito feliz com a recepção porque mostra o quão mente aberta são nossos fãs, eles nos dão muito espaço para tentar coisas novas, temos muita sorte com isso!”

Vocês têm 5 discos e 5 EPs lançados, e de fato todos eles são bem diferentes entre si. Qual foi o projeto mais desafiador dentre todos eles?

Henry Cox: “É um tópico interessante porque você nunca quer mudar demais o seu som ao ponto que as pessoas não consigam ver uma identidade na banda. Tudo que nós temos feito, na minha opinião, é pegar o que fizemos no último disco e adicionar alguns elementos a mais no próximo. 

O mais desafiador para mim com certeza foi Sundiver, o mais recente. Ele foi o que levou mais tempo para compor. Mesmo que não seja o tipo de música mais louco que você já ouviu na vida, para nós foi um disco muito diferente, de fato. Tem esse tom mais emotivo nele, algo feliz, mas não necessariamente feliz, sabe? Foi muito difícil de fazer. 

Nós fizemos o disco noturno com Datura, a ideia era que esse fosse o diurno. Nas primeiras sessões tudo estava muito baseado em acordes maiores, tudo muito claro e alegre, foi muito difícil encontrar o sabor correto que nós queríamos. Nós levamos muito tempo para escrever e entramos em estúdio para umas três ou quatro sessões ao longo de dois anos, um processo bem mais longo do que o que estamos acostumados. 

No passado nós iríamos morar no estúdio por seis a oito semanas e no fim desse processo, o que estivesse pronto estava pronto. Dessa vez foi mais difícil e, para ser honesto, no próximo álbum eu acho que vamos impor cronogramas mais rígidos, como fizemos antes. Às vezes eu acho que muita liberdade pode ser uma coisa ruim também.”

Vocês vêm de Blackpool, uma cidade litorânea no oeste da Inglaterra, com cerca de 150.000 habitantes. Como você entrou em contato com a música alternativa?

Henry Cox: “Quando eu estava crescendo, havia uma cena pulsante lá. Eu não moro mais lá, não conheço exatamente o que está acontecendo em um nível local, mas naquele tempo todo mundo tinha uma banda. Metal era muito popular naquele tempo, assim como o indie britânico do Arctic Monkeys e coisas desse tipo. Todo mundo tocava ou numa banda indie, ou numa banda de metal. Era muito engraçado, alguns dos shows eram bem esquisitos, mas eram uma coisa que envolvia muita gente, todo mundo trabalhava nesses shows. 

Eu mesmo tive algumas bandas pequenas com amigos, assisti a vários shows, então comecei a gravar clipes para bandas locais. Eu era uma das poucas pessoas que fazia isso na cidade, então acabei filmando os clipes de muita gente. Conheci os membros do Boston Manor gravando os clipes das bandas deles. 

Daí você sabe, cantores e bateristas tendem a ser os mais difíceis de conseguir para uma banda, você consegue achar guitarristas facilmente. Eu sempre cantei nas bandas que participei, então quando decidiram montar essa banda, eu fui um dos primeiros que eles chamaram.” 

Acho interessante que a bio de vocês nas plataformas digitais fala “FY1 forever”, uma referência ao código postal da região de Blackpool. Você disse que não mora mais lá, mas como é a conexão de vocês com a cidade hoje?

Henry Cox: “Na verdade, a maior parte da banda ainda mora lá. Eu vou frequentemente, moro a menos de uma hora de distância. Nós ainda ensaiamos em estúdios de Blackpool, nossos discos todos foram escritos lá. 

Com as nossas vidas pessoais da forma que estão hoje, eu não consigo frequentar tanto os shows das bandas menores da cidade como gostaria, mas eu amo Blackpool. É uma cidade que tem estado na rota dos shows de grandes artistas, mesmo sendo bem pequena e distante dos grandes centros.”

Nesse ponto da sua carreira, vocês já excursionaram com muitos artistas diferentes. Existe alguma banda com quem você gostaria muito de tocar junto?

Henry Cox: “Essa é uma pergunta muito difícil. O que é muito interessante no Boston Manor é que o nosso som está no meio de vários gêneros, portanto conseguimos excursionar com várias bandas de diferentes cenas. Já abrimos para bandas de metal, de pop punk, de rock e por aí vai. Eu acho que quero continuar circulando em todos esses ambientes, sabe? 

Mas no momento gostaria de entrar em turnê com artistas mais pesados também, acho que nosso material mais recente casa muito bem com esse tipo de banda. Em termos de artistas específicos, acho que todo mundo quer estar na turnê do Deftones. Eu e todas as bandas do mundo!” 

Você falou que fazia a produção audiovisual de outros artistas, ainda segue fazendo esse tipo de coisa? Quais as suas ocupações fora a música?

Henry Cox: “Eu estudei audiovisual na faculdade, na verdade. Mas aí o Boston Manor começou antes de eu me formar, daí eu acabei abandonando. 

No entanto, eu sou designer gráfico em tempo integral em adição ao meu trabalho com a banda. Eu faço capas de álbuns, pôsteres de turnês e algumas coisas menos empolgantes, como cardápios de restaurantes e afins. Gosto muito desse trabalho e ele me mantém muito ocupado. 

Eu também tenho uma família e isso me ocupa bastante também. Eu me sinto muito sortudo de poder fazer as coisas que eu amo todo dia. É louco poder fazer tudo isso e, ao mesmo tempo, viajar para a América Latina com a minha banda! Um sonho realizado, de fato.”

Boston Manor hoje é uma banda de mais de 10 anos em atividade. Durante esse período, a formação da banda se manteve intacta. Olhando para essa longevidade, como você reflete sobre o legado da banda?

Henry Cox: “Tem sido a maior alegria. Tenho muita sorte de ainda estar fazendo isso do lado dos meus melhores amigos e acho que é exatamente por isso que a banda tem perdurado tanto tempo. Nós somos amigos muito próximos e nós amamos estar juntos. 

Nós nos encontramos muito mesmo quando não estamos em turnê. Presenciamos o crescimento uns dos outros, sabe? Eu tinha 19 anos quando começamos a banda e hoje todos nós estamos casados e com filhos. Acho que o segredo é sempre fazer os outros rirem. É por causa dessas risadas juntos que isso tem sido longevo. 

Musicalmente falando, eu acho que se não tivéssemos criado esse espaço para continuar mudando nosso som ao longo do tempo, eu acho que nós teríamos nos entediado bem mais rápido. É muito importante ainda podermos ser criativos em cada novo ciclo, nunca sabendo exatamente como vai soar no final. 

Também temos essa motivação de sempre ser uma banda melhor ao vivo, e isso é algo que acho que estamos atingindo. Eu realmente acredito que hoje estamos no nosso melhor momento ao vivo desde que começamos. Esse desafio é muito recompensador, e fazer isso com os meus melhores amigos é incrível.”

Estou muito ansioso para ver o resultado disso ao vivo.

Henry Cox: “Obrigado, cara. Pode ter certeza que estamos muito empolgados para a turnê, mas esse show do Brasil é o que temos maior expectativa.”

Você tem alguma mensagem para o público brasileiro?

Henry Cox: “Estamos muito animados para conhecer São Paulo. Eu queria poder ficar aí por mais tempo até, quem sabe uma semana inteira, infelizmente não vai dar dessa vez, nós só temos esse show. Então vamos fazer ele contar. Ao que parece o show vai esgotar até lá, se você quer garantir ingressos, eu não demoraria muito. Será um show para lembrar para sempre.”

SERVIÇO

Boston Manor em São Paulo

Data: 14 de setembro de 2025
Horário: 18h (portas)
Local: City Lights
Endereço: Rua Padre Garcia Velho, 61, São Paulo
Venda online: https://fastix.com.br/events/boston-manor-em-sao-paulo
Ingresso: R$160,00 (Lote 1 – meia e meia solidária), R$ 320,00 (Lote 1 – inteira)

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