PAPANGU é uma banda brasileira de metal progressivo e rock experimental. Formada em 2012 em João Pessoa, o grupo estreou com o LP “Holoceno” em 2021, álbum que recebeu aclamação em revistas como Decibel e que aparece em diversas listas de melhores discos de 2021, incluindo RateYourMusic.com, APCA, Hits Perdidos, Minuto Indie, e Prêmio Dynamite.
O segundo LP da banda, Lampião Rei, catapultou novamente a PAPANGU às listas mais conceituadas de melhores discos do ano de 2024, incluindo a nomeação da banda na categoria “Artista Revelação” do Prêmio APCA 2024 e elogios em veículos internacionais como Stereogum e Treble. A repercussão também ensejou uma edição nacional do vinil pela Taioba Discos – complementando o lançamento dos dois discos em vinil pelo selo britânico Repose Records.
A PAPANGU já fez diversas turnês pelo Brasil, incluindo shows nos festivais Knotfest Brasil, Kool Metal Fest e Abril Pro Rock, e já circulou pelo circuito Sesc Paulista (Sesc Carmo, Birigui, Mogi das Cruzes e Catanduva). Em agosto de 2025, a banda fará sua primeira turnê fora do Brasil, com destaque para os festivais ArcTanGent (Reino Unido) e Complexity Festival (Holanda), dois dos maiores palcos de rock experimental do mundo.
A banda é celebrada pela energia nos palcos e fluência em linguagens de improviso, sendo lembrada como:
“o show a ser visto em 2025” (Marcelo Costa – Scream and Yell)
“colocando todo mundo para sintonizar-se em sua frequência hipnótica, virtuose e épica” (Alexandre Matias – Trabalho Sujo)
“possivelmente a banda mais fuderosa em linha reta da atualidade no Brasil” (Fabrício Nobre – Toca Uol).
A sensação de que a tour já havia começado bateu ainda no Brasil, quando tocamos para casas lotadas em Recife e São Paulo, pouco antes de partir para Lisboa.
Em Lisboa, ainda em clima de soft opening, fizemos um set longo e já testando algumas faixas novas no MusicBox. Fomos muito bem recebidos por todos os funcionários da casa, com organização e comunicação impecáveis desde as tratativas iniciais. Sentimo-nos verdadeiramente em casa em Portugal, sem dúvidas graças ao profissionalismo de uma casa de shows que entende a circulação de bandas independentes e autorais.
Infelizmente, o tempo de sono foi negativo entre acabar o show em Lisboa e seguir para o Reino Unido… Não dormimos nada. A entrada na Inglaterra foi tranquila, mas a espera pela van que iria nos buscar foi sofrida — o motorista, que vinha com o backline (amplificadores e bateria) da Europa continental, enfrentou diversos atrasos. Tivemos de pegar o carro de aplicativo mais caro de nossas vidas para garantir a chegada a Bristol com tempo de sobra para descansar e preparar as malas para a estrela da tour: o ArcTanGent Festival.
Aqui vale abrir um parêntese para ressaltar a importância desse festival na música pesada experimental.
O ArcTanGent é um festival britânico realizado anualmente em Somerset, Inglaterra, conhecido por sua programação voltada para rock experimental, math rock, post-rock e música progressiva. Destaca-se por sua atmosfera acolhedora e por reunir uma comunidade de fãs apaixonados por sons incomuns e inovadores. Essa atmosfera ficou evidente para nós desde o primeiro momento, na recepção calorosa da equipe do portão. O mesmo se confirmou no breve encontro com o organizador do festival, James Scarlett.
O show foi surpreendente. Entregamos um set de 30 minutos ininterruptos com um pouco de tudo que gostamos de fazer: música brasileira retorcida em metal vanguardista e rock progressivo, improviso, energia de palco e mudanças súbitas de humor e andamento. O público recebeu tudo de forma exemplar, reagindo até mesmo ao pouco que captava das letras — ainda meros fonemas, mas rapidamente repetidos pelos mais atentos (e, claro, pelos brasileiros!). Tivemos imenso apoio não só de gente de todo o mundo, mas também de vários brazucas que compareceram em peso e cantaram o show inteiro.
Depois da apresentação, a catarse foi ainda maior. Passamos horas no festival conversando com inúmeras pessoas que elogiaram nosso set e compartilharam a percepção de que a banda está num momento evidente de crescimento além do Brasil. Ficamos orgulhosos, pois, ainda que já soubéssemos da fama do acolhimento típico do ArcTanGent, a frequência ininterrupta de pessoas do mundo todo que vieram dizer o quanto se sentiram tocadas pela nossa música foi realmente lisonjeira.
A correria não parou, no entanto: tivemos a grata surpresa de ver uma de nossas camisetas esgotar na tenda de merch. Para quem não sabe, 99% das bandas independentes (e até algumas maiores) têm na venda de merchandising sua principal fonte de renda. Isso foi uma grande vitória, pois nos dá fôlego para seguir nos próximos dias de tour com uma pulga um pouco menor nos atormentando.
Agora partimos para os três próximos shows no Reino Unido, antes de voltar para a Europa continental e dar sequência à tour. Em breve, compartilharemos mais!
A repercussão do ArcTanGent em Bristol foi essencial para ganharmos tração na perna britânica da turnê. Com a validação de um grande festival, estávamos confiantes para os shows seguintes de nossa primeira empreitada internacional.
Partimos de Bristol com duas paradas em mente: Birmingham e Liverpool. Na primeira, fizemos uma breve visita à ponte do Black Sabbath, os bruxos que começaram tudo isso. Pouco tempo depois, chegamos a Liverpool, onde, obviamente, fizemos as paradas essenciais: o Cavern Club e a estátua dos Beatles. Tudo muito corrido, pois precisávamos chegar a Lancaster no mesmo dia para poder dormir no meio do caminho até Glasgow.
A paisagem plana e, por vezes, um pouco descaracterizada da Inglaterra começa a dar lugar a acidentes geográficos e maior biodiversidade: íamos chegando à Escócia. Tocamos no queridíssimo Hug and Pint, um pub administrado por um americano que serve, possivelmente, uma das melhores pizzas de fermentação natural do país — tudo de graça para a banda. Com a conversão para a libra esterlina sendo, no mínimo, aterrorizante, as refeições fornecidas pelos locais de show e pelas produções são sempre muito bem-vindas para bandas independentes.
O show foi ótimo, ainda que a dura realidade de carregar o próprio backline por vários lances de escada tenha afetado um pouco nossa energia. O público de domingo ficou do início ao fim.
Com um day off na segunda, aproveitamos para ir às Highlands (terras altas) escocesas e descansar.
Seguimos para Nottingham e Londres. Nottingham nos presenteou com uma banda de abertura incrível que nos deixou boquiabertos: um duo de baixo e bateria chamado Kaliugah. Não, você não os encontrará em lugar algum. Uma feitiçaria sonora de silêncios e explosões que muito nos lembrou o duo de grindcore TEST, nossos amigos de São Paulo.
Londres fechou a perna do Reino Unido em uma casa histórica, o New Cross Inn. Outrora uma antiga estalagem próxima de uma estação de trem, o local hoje abriga um palco generoso em ambiente de pub, com apresentações históricas de muitas bandas de rock alternativo, punk, hardcore, grind e metal extremo.
Tivemos a grata surpresa de reencontrar dezenas de pessoas que nos viram poucos dias antes em Bristol, no ArcTanGent. O público que havia nos conhecido no festival estava em peso ali, inclusive ensaiando tímidos vocais e antecipando as partes que lembravam do show. Com o cancelamento da banda de abertura poucos dias antes, acabamos tocando dois sets — neste que, possivelmente, ficará na história da Papangu como o show mais longo da turnê internacional, ao menos até agora.
Após o show, honrando incidentalmente a tradição de passar por locais importantes para a história da música que nos influencia, partimos rapidamente para Canterbury — sim, a mesma da cena típica do rock progressivo —, onde dormimos em um hotel próximo de Dover, de onde parte o ferry para a Europa continental.
This post was published on 27 de agosto de 2025 8:00 am
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