Batida Urbana: Deekapz, Badsista, Vandal, DUPLA 02, Ryu, The Runner, Jucy e mais!
Deekapz aparece na editoria Batida Urbana com o álbum Deekapz FM (2025) – Foto Por: Bruna Sussekind
A Batida Urbana trará conteúdos em micro-resenhas do melhor que tem acontecido na música urbana e periférica. Singles, discos e novidades com o radar antenado do Hits Perdidos ganham o palco em um post informativo que acompanha sempre uma playlist!
Sobre a Batida Urbana
Batida Urbana é o espaço para as sonoridades que nascem da rua e reverberam no mundo.
Aqui cabe o rap, o funk, o trap, o R&B, o soul, o grime e todas as vertentes que traduzem as vivências urbanas em música. Uma editoria para ouvir a cidade por meio de seus próprios protagonistas — com foco na linguagem, na estética e na potência criativa da música periférica feita no Brasil.

Batida Urbana #2
Deekapz Deekapz FM
Daquelas estreias mais aguardadas, é assim que podemos resumir um pouco a expectativa pelo debut do duo Deekapz (leia entrevista), formado por Paulo Vitor e Matheus Henrique. Com seu viés urbano, eles têm crescido nos últimos anos misturando funk brasileiro e música brasileira. O novo disco faz ponte e amplifica tudo isso, com outras sonoridades, como o R&B noventista, a house music, o pop, o soul, os afrobeats… tudo isso a partir do olhar afrodiaspórico.
O conceito do álbum é um caso à parte, eles aproveitaram do legado do universo narrativo inspirado nas rádios noturnas dos anos 90 e 2000, onde programações variadas se conectam por meio de vinhetas, texturas analógicas e uma curadoria afetiva que dialoga com diferentes momentos do dia e da vida, o que faz toda a diferença no momento da audição.
Essa viagem, e a destreza com que fazem as transições para contar estas histórias, dão um brilho ímpar ao trabalho que faz pontes para o futuro em que desejam para a música brasileira. Parcerias com nomes históricos da música eletrônica, como DJ Marky e Makoto, representantes do R&B contemporâneo como Luccas Carlos, lendas do rap nacional como Criolo, além de novos nomes que têm despontado como Bibi Caetano e Maui engrandecem a curadoria da FM retrô-futurista.
Outras colaborações com nomes contemporâneos como Nego Balla, Gab Ferreira, Clara Lima, Nill, Jamés Ventura, Urias e Maffalda contribuem para ser possível a ampliação de territórios em que o som do duo ainda pode alcançar.
“A gente foi experimentando muita coisa nos últimos anos e agora chegou a hora de juntar tudo isso numa narrativa própria. É como se cada música fosse uma estação, uma vibe. A rádio do disco tem hora que tá pra cima, hora que tá contemplativa, mas sempre contando a nossa história”, comentou o duo durante o lançamento.
Homenagens aos clássicos e a conexão à nova geração de artistas brasileiros se fazem presentes ao longo da narrativa. Parcerias como “Dance” com a Fat Family, e “Repare”, ao lado da banda Tuyo, ajudam a contextualizar as transformações e a reverência à música capaz de mudar realidades.
“Foi um sonho nosso realizado. O Fat Family sempre foi uma referência, é aquele som que a gente cresceu ouvindo nas festas em casa, no rádio, no carro… Ter elas com a gente nessa faixa foi surreal”, comenta Paulo.
“A gente sempre acreditou que a música tem esse poder de atravessar gerações. Quando o Deekapz nos chamou, sentimos essa troca de energia: eles com uma visão contemporânea e a gente trazendo nosso soul, nosso R&B com aquela pegada anos 90. Foi uma sintonia linda e uma honra fazer parte desse momento deles”, afirma Fat Family.
“A Tuyo tem essa sensibilidade que a gente admira muito. Eles conseguem trazer silêncio e profundidade pra dentro da batida. É o tipo de parceria que amplia nosso som pra outros lugares”, completa Matheus.
“‘Repare’ foi construída nesse lugar de escuta e sensibilidade, onde o beat não atropela o silêncio, mas dá espaço pra ele existir. É bonito ver como eles estão construindo essa nova fase”, complementa Tuyo.
DUPLA 02 Eterna Promessa Mixtape
DUPLA 02, projeto dos paulistanos Thalin (participante de Maria Esmeralda) e ENOW (parte do A Ponte), lança na sexta (29/08) seu novo projeto Eterna Promessa pela Universal Music, mas por aqui trazemos uma breve Première da audição!
Essa simbiose musical do projeto, que já teve momentos interessantes como collabs com nomes como Jup do Bairro, sempre traz referências que beiram a natureza non-sense. Nessa nova jornada as influências vão para lugares bastante distintos, partindo do jazz de Miles Davis, os grooves do Red Hot Chilli Peppers, passando por aberturas dos animes, entre referências diretas ao disco Seeing Sounds do N.E.R.D e a música popular brasileira, com uma pitada de Charli XCX.
Tudo isso pareceria bastante abstrato se não tivéssemos em mente a amplitude criativa dos músicos habituados em juntar diferentes universos de maneira bastante peculiar. Amores, críticas ao sistema e a dinâmica de relações, e o amadurecer com sangue nos olhos, ganham as rimas.
Entre desabafos e a vontade de como um prego se destacar em meio a milhares de músicas que sobem nas plataformas todos os dias. O elaborado e o orgânico se fundem em uma narrativa que procura chamar quem está distante para mais perto, entre ciladas e a construção de possíveis pontes para o amanhã de um cenário mais saudável para todos que o orbitam.
“A mixtape veio junto com a vontade de sermos mais comunicativos e sinceros com o nosso público, de fato abrir o peito sobre o que se passa em nossa carreira e na de muitos outros com certeza. Teve uma época em que Thalin até pensou em largar a música, mas quando percebeu que não podia largar esse amor, acabou escrevendo grande parte das letras da mixtape.
As ideias sempre vêm em conjunto e com Eterna Promessa não foi diferente, as letras brincam com a dualidade do amor à profissão com o amor a antigas relações, como uma eterna promessa mesmo.”, comenta ENOW.
As próprias críticas ao funcionamento hostil do mercado musical ganham rimas mais afiadas e diretas em alguns versos. Eles fazem questão de deixar isso bem claro e afirmam: “Há uma romantização do artista como se não fosse um trabalho, apenas um eterno hobby; Os próprios empresários que gerem a indústria tratam os artistas como idiotas inocentes, o que não é verdade.”, expressa Thalin.
“Abrimos o coração, falamos abertamente sobre nossa carreira e quem passou por essa trajetória: os empresários que nos passaram a perna ou tentaram manchar o nome da banda.”, complementa Thalin ao falar sobre “Salem Al-Dawsari” que terá um videoclipe.
Rafa Militão “Herança”
A cantora, rapper, DJ e produtora cultural Rafa Militão, integrante da nova cena musical amazônida, apresenta o single “Herança”. Entre as referências está o rap com boi-bumbá, maracatu e guitarrada. O single chega com a produção de Viktor Judah e a música conta com a participação especial de Márcia Siqueira.
Não é à toa que elementos musicais que evocam o som da floresta, como charango, atabaques e ritmos originários, entram no emaranhado da riqueza dos beats que criam texturas visuais que expandem o tempo – e carregam consigo o orgulho das raízes.
“Essa música nasceu do cruzamento das nossas vivências. É sobre mulheres reais, do Norte, que constroem com resistência e afeto. Me permito experimentar, cruzar linguagens e afirmar com ainda mais clareza quem sou e o que carrego comigo”, afirma Rafa.
O lançamento chega acompanhado de um curta-metragem com direção de Keila-Sankofa. No elenco da produção, além de Rafa, estão artistas como Uýra Sodoma, Francine Marie e Maria Dias, além das duas avós e da afilhada da cantora, num gesto simbólico de conexão entre gerações.
“Ver minhas avós e minha afilhada nesse trabalho foi profundamente transformador. É sobre continuidade, afeto e reverência a quem veio antes e a quem ainda virá”, conta.
VANDAL VIDAH
VANDAL no dia 22/08 disponibilizou o EP VIDAH no qual traz como plano de fundo os contextos e percepções da vida em Salvador a partir das suas vivências. Entre as participações e produtores da nova safra do trap baiano estão PRETACHAVEE, BABY VENAS, AKA NABS e HAYLAN, contando com mix e master do talentoso JXKV. O material serve como um grande aquecimento pelo tão aguardado álbum VANGUARDAH.
BADSISTA “Silver Plate”
Através da sub-label do selo Batu, Timedance, BADSISTA explora gêneros como bass e techno em “Silver Plate”. A compilação TD10 reúne 23 faixas entre nomes consagrados e emergentes do underground da música eletrônica.
Sua batida faz uma conexão direta com o peso quebradiço dos bailes funks, sonoridade que cada vez mais chama a atenção fora do país. É justamente essa versatilidade, e facilidade, em fundir gêneros que tem levado a produtora cada vez mais longe.
A’s Trinca “Date”
A’s Trinca, trio composto por Nay Lopes, Nina Ferreira e DJ X-Jay, de Cidade Tiradentes (SP), completa 10 anos e se prepara para lançar o EP Carpe Diem no dia 29/08 via Pela Arte Music.
O EP trará participações especiais de Cris SNJ, Dory de Oliveira, Caprieh e produção assinada por Kiko de Souza, Matheus MXM e Marrom SNT. Boom Bap, drill, R&B, love song, tudo isso terá espaço no material.
O single “DATE”, parceria com Caprieh que ganhou até mesmo um videoclipe lançado no Dia dos Namorados tendo Fanieh e DUART€ MC como protagonistas, aparece por aqui. Ele se junta às faixas “Girassol”, “Manifesto!” e “Dois&Quinze” que estarão presentes no álbum e já estão nas plataformas.
“O processo de criação de ‘DATE ’ foi marcado por inspirações românticas e sentimentos intensos. Pensamos nas vivências de diversos casais que possam se identificar com a letra e quisemos trazer um toque de R&B, com refrão chiclete e uma vibe diferente do que costumamos fazer, mas ainda assim mantendo nossa essência”, explica Nay Lopes.
LAN “Diversão”
LAN, produtor musical e metade do BADZILLA, está prestes a lançar o álbum de estreia do seu projeto como artista solo.
A primeira amostra “Acelerando, bby” tem a participação do rapper Ruas MC teve destaque aqui no Hits Perdidos. O novo projeto do artista com mais de 15 anos na estrada da música, atuante em outras pontas do mercado fonográfico, continua mesclando as raízes brasileiras com os beats eletrônicos, e terá outras colaborações com nomes relevantes da cena.
“Lancei meu primeiro disco em 2014, ainda como cantor e compositor, e já era formado em produção musical eletrônica. De lá pra cá, mergulhei de vez nesse universo. Agora senti que era hora de transformar essa pesquisa em um disco solo”, revela LAN sobre a empolgação pelo momento.
No fim de julho foi a vez do segundo single, “DIVERSÃO”, faixa do músico com participação de Tarcis ganhar a luz do dia tendo como base a house music, mas sem perder seu aspecto urbano. LAN colaborou na produção ao lado de Fs.Aiff e o resultado faz uma ponte entre a música eletrônica, a MPB, os bailes e o rap.
“Essa música é tipo o momento em que a gente sorri dançando. “Diversão” aqui não é só entretenimento, é expressão, conexão e liberdade. É o tipo de som que transforma rua em palco, cidade em festa e o ouvinte em protagonista.”, resume LAN.
Essa verve dançante libertina, que vai no balanço da noite a suas curvas perigosas, ganha cenários urbanos ao longo da narrativa cotidiana que Tarcis versa livremente. O beat frenético imersivo traz o calor da rua mais próximo de quem chega junto.
Inclusive, é a segunda vez que Tarcis e LAN colaboram, a primeira foi em “Vitória Brindar”, do BADZILLA.
“Essa faixa se encontra num estilo musical que eu gosto muito, o house. A letra foi quase um freestyle, a ideia veio muito rápida na cabeça. Eu e LAN conseguimos entender as ideias um do outro, por isso foi um processo tranquilo e divertido”, afirma Tarcis sobre a parceria.
“Acelerando, bby, primeiro single, foi o ponto de partida, um som mais noturno com aquela sensação de estar em movimento. “DIVERSÃO” chega como uma extensão dela, mas com um pé no solar, elegante, e mais groove, mostrando que o álbum terá muitas surpresas”, complementa LAN
Ryu, The Runner “GRG”
Ryu, The Runner está prestes a apresentar seu novo álbum, Adulto Ideal. Por aqui ele aparece com o single “GRG”, sigla para Gelo, Red e Gin. O lançamento que integra o anterior, “Bumbum”, foi disponibilizado no início de julho com participações de Rincon Sapiência e Tasha & Tracie.
O material tem produção de Neckklace, parceiro de longa data de baiano de Vitória da Conquista. Na introdução do vídeo, que foi disponibilizado paralelamente, Ryu provoca os fãs com mais um spoiler de seu próximo lançamento, em parceria com Vulgo FK, que estará nas pistas a partir de setembro.
Clara Lima As Ruas Sabem
A rapper Clara Lima, de Belo Horizonte, após o DV Tribo (ao lado de Djonga e FBC), tem uma carreira consistente na cena e acaba de lançar o sétimo álbum da carreira As Ruas Sabem. Ela mesmo revela: “O álbum nasce como um manifesto. É a voz calada, não de um, mas de muitos que se negam a desistir e seguem em seus caminhos.”
A própria história, entre superação, desafios, revolta, fé e esperança, ganham rimas fortes que recaem como navalha. Em 12 faixas ela tem um time de produtores ao lado: Madre Beats, Marabá, Teagá, Coyote Beats, DJ Cost, Pizzol, Sartor, Gio Prod, Carla Araraki e Beat do MK.
Entre MCs participam do trabalho Vietnã (“Tabuleiro”, assinando também a produção), Dalsin (“PHD”), Sant (“Nível Profissional”), Smile (“Demanda”), James Ventura e Mac Júlia (ambos em “Tinta Na Mão”, tributo ao pixo), além do ativista Galo de Luta, em um interlúdio na faixa “Tudo ou Nada”.
Como curiosidade, o pixo que dá nome ao álbum foi feito em um muro na Vila Borges, zona oeste de São Paulo, pelo pixador Tex (@texnaoeste), em foto de Carla Araraki.
Jucy Drama Queen
A cantora, compositora e produtora carioca, Jucy, lançou recentemente o álbum de estreia Drama Queen. Entre as referências apontadas pela artista estão gêneros como R&B, hip hop estadunidense, boom bap, trap, afrobeat e o funk carioca das décadas de 90 e 2000.
A produção do projeto contou com a colaboração de DJ Cia, Filiph Neo, Juan O Mago e Lossio, além de participações especiais como Dexter Oitavo Anjo, ONNI e músicos como Thiago Ticana, Sorry Drummer, Junior Bass e João Passeri.
“Este é um desabafo sincero e uma forma de me mostrar melhor no mercado, é também uma contribuição à música preta brasileira, um passo maior e a abertura para novas possibilidades. Espero que este álbum conecte quem vive coisas parecidas com o que vivo, que curte e fomenta a música independente, que ele traga esperança para além de tudo, reverbere de forma sincera e se torne atemporal!”, afirma Jucy sobre o lançamento.