Buena Vista Social Orchestra: “Somos feitos disso: da nossa arte e da nossa história”

 Buena Vista Social Orchestra: “Somos feitos disso: da nossa arte e da nossa história”

Buena Vista Social Orchestra. – Foto: Divulgação

Com integrantes originais do lendário Buena Vista Social Club, o grupo cubano Buena Vista Social Orchestra, com direção musical de Jesus ‘Aguaje’ Ramos (trombonista original do Buena Vista Social Club), desembarca pela primeira vez no Brasil para uma extensa e animada turnê de 23 shows (com 7 até então já realizados).

Em Buena Vista Social Orchestra, Ramos é acompanhado por um conjunto estelar de músicos cubanos, incluindo outros membros originais do Buena Vista Social Club, como Luis “Betun” Mariano Valiente Marin (Congas, Bongo), Emilio Senon Morales Ruiz (Piano) e Fabían Garcia (Baixo), em uma orquestra completa de 10 músicos

O primeiro show aconteceu em Ribeirão Preto, no dia 29/03 e o último da turnê brasileira está agendado para o dia 28/04, em Goiânia. Entre as outras cidades da rota estão Campinas (SP), Rio de Janeiro (RJ), Vitória (ES), Manaus (AM), Fortaleza (CE), Natal (RN), João Pessoa (PB), Recife (PE), Salvador (BA), Belo Horizonte (MG), São Paulo (SP), Curitiba (PR), Florianópolis (SC), Porto Alegre (RS) e Brasília (DF).

O show em formato inédito também conta com clássicos do projeto cubano fundado em 1996.


Buena Vista Social Orchestra - foto divulgação turnê brasileira ingressos
Buena Vista Social Orchestra. – Foto: Divulgação

Entrevista: Buena Vista Social Orchestra

Conversamos com Jesús “Aguaje” Ramos, Fabián Garcia e Luis “Betun” Marin, músicos que participaram do projeto Buena Vista Social Club de Ry Cooder nos anos 90 e atualmente se apresentam como Buena Vista Social Orchestra.

A turnê atual do projeto Buena Vista Social Orchestra passará por mais de 15 cidades brasileiras e seguirá pela Europa e pelo mundo. Como vocês se sentem levando a música tradicional cubana para lugares tão distantes e diferentes?

Jesús “Aguaje” Ramos: Estamos muito contentes! Estamos muito felizes por sermos embaixadores da música tradicional cubana pelo mundo afora!”

Tendo nascido em Cuba, como foi que vocês inicialmente se interessaram por música e entraram em contato com os artistas clássicos da música cubana?

Jesús “Aguaje” Ramos: Eu sou do campo. Desde pequeno me interessei por música e sonhava em conhecer os grandes da música cubana como Miguelito Cuni, Félix Chappottín, El Ciego Maravilloso (Arsenio Rodríguez), Rúben González… e bom, conhecê-los se tornou a minha meta.

Graças a Fabián García e um grupo de talentosos músicos cubanos, que um certo dia me chamaram para fazer algo, consegui conhecer muita gente e daí começou a minha história na música cubana.”

Como vocês se juntaram inicialmente ao projeto Buena Vista Social Club?

Jesús “Aguaje” Ramos: Nós trabalhamos com um grupo em Cuba chamado Las d’Aida junto com Amadito Valdés, outro membro original do Buena Vista Social Club. Amadito então nos convidou para participar de uma gravação para um projeto novo. Fizemos essa gravação e daí começou a nossa história com esse grande grupo, desde o primeiro dia!”

Fábian García: O que acontece é que naquela época as pessoas haviam deixado de ouvir este tipo de música. Já era popular outro tipo de música. Mas Ry Cooder e suas pessoas chegaram, foram felizes.

Conheceram o grupo Las Estrellas de Areito e queriam saber de quem eram as músicas originais, quem era o pianista, quem era o baixista… coisas assim. E então começaram a procurar por Rúben, que já estava aposentado àquela altura. Fizeram então o disco e assim começou a coisa.” 

Depois da primeira gira com o projeto Buena Vista Social Club vocês colaboraram diretamente nos discos, seja como músicos ou como arranjadores, de diversos dos artistas que o projeto ajudou a reapresentar ao mundo. Como foi esse processo? 

Jesús “Aguaje” Ramos: Tudo isto começou com o grupo Las Estrellas de Areito, bem como o grupo Cuba Son, de Jorge Barona, que eram ambos como uma antessala do Buena Vista Social Club e tocavam com diversos desses artistas.

Alguns dias tínhamos duas apresentações no mesmo horário em lugares diferentes, então eu tinha que ir com parte do grupo e Jorge com outra parte. Dessa forma estive em grupos com Rúben González, Cachaíto, Calderón… Tudo começou aí.”

Fabián García: “O Jesús ficou responsável pelo Buena Vista Social Club após o projeto inicial e tocou com todos os grandes com sua banda. Eu tive a sorte de substituir Cachaíto em algumas datas.

Ele era um dos baixistas mais importantes de Cuba, era um fenômeno de fato. Então quando Jesús montou seu grupo tive a felicidade de ser chamado para fazer parte do projeto. Me senti incrivelmente honrado porque não poderia ser qualquer baixista a substituir o Cachaíto. Isso é uma honra bem grande.”

A música latino-americana está em alta nos últimos anos. Em 2025, um dos discos mais comentados tem sido o novo trabalho de Bad Bunny, Debí Tirar Más Fotos, que combina estilos tradicionais com pop e reggaeton modernos. Como vêem essa popularização da música latina ao redor do mundo?

Jesús “Aguaje” Ramos: Nós ficamos muito felizes com isso! Esperamos que todos os artistas da América Latina triunfem fazendo exatamente a música que querem, com suas combinações interessantes.

No nosso caso, somos puristas. Não fazemos concessões, fazemos a música cubana como foi concebida por Henrique Jorrín, Arsenio Rodríguez… a música como ela foi idealizada pelos criadores dos gêneros nos anos 30 e 40. Tentamos fazer tal e qual eles criaram, sem concessões. Esse é o nosso norte.”

Nas suas viagens, conseguem entrar em contato com artistas locais também?

Jesús “Aguaje” Ramos: Nossa turnê está bem apertada, são muitas datas juntas, mas sempre tentamos conhecer os artistas locais e desfrutar de suas músicas. No Brasil em particular queremos visitar alguma escola de samba. Por favor, nos convide para um baile de samba! Queremos muito ver como é e aprender um pouco mais.”

Fabián García: “Ontem à noite estávamos casualmente em um restaurante que tinha um grupo tocando que nos encantou bastante!

De fato, são as três potências musicais do mundo, não acha? Cuba, Brasil e Estados Unidos. Tem também um percussionista cubano que vive no Brasil, seu sobrenome é Bandera, com quem já gravei e tem uma banda de música cubana aqui, mas não me recordo o nome.”

Uma das bandas de música cubana mais populares aqui em São Paulo é composta por dois sobrinhos-netos do Ibrahim Ferrer, chama-se Quimbará. Eles tocam toda semana por aqui.

Jesús “Aguaje” Ramos: Eu conheço a família imediata do Ibrahim, mas não sabia que ele tinha parentes no Brasil. Vou procurar para conhecer.”

Como você disse, essa é uma turnê com muitas datas, bem apertada. É cansativo para vocês excursionar desse jeito? De onde tiram tanta energia?

Jesús “Aguaje” Ramos: O que queremos é isso! Quanto mais trabalho, quanto mais viagens, quanto mais música, mais estamos felizes.

Somos feitos disso: da nossa arte e da nossa história. Estamos muito contentes com a quantidade de shows que foram contratados para essa turnê. É muito bom poder seguir fazendo nossa música.”

Existe algum artista mais novo, de Cuba ou não, que vocês apreciam e gostariam de dar visibilidade?

Jesús “Aguaje” Ramos: “Na nossa banda temos uma cantora que é uma grande artista e continua o legado da nossa música cubana, que é Geidy Chapman. É uma cantora excelente!”

Onde encontrar ingressos para a turnê?

Ingressos continuam à venda para algumas das apresentações: http://www.clubedoingresso.com/buenavista e aqui https://thebuenavistaorchestra.com.


Buena Vista Social Orchestra inicia extensa turnê pelo Brasil - POSTER

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