Clara Bicho e Exclusive Os Cabides mergulham nas memórias da infância em “Árvores do Fundo do Quintal”

 Clara Bicho e Exclusive Os Cabides mergulham nas memórias da infância em “Árvores do Fundo do Quintal”

Montagem: Clara Bicho (Foto Por: Rafaela Urbanin) e Exclusive Os Cabides (Foto Por: Luana Brunato)

Já fazia algum tempo que estava observando o trabalho da mineira Clara Bicho e agora chegou a hora de apresentar para vocês oficialmente. E logo com lançamento em parceria com uma banda que tem colhido resultados após o lançamento do segundo disco, Coisas Estranhas, os catarinenses do Exclusive Os Cabides.

Gravada no Estúdio Ouié, “Árvores do Fundo do Quintal” chega acompanhada de uma levada nostálgica presente em vários virais no TikTok, como o da música do Simple Plan “I’m Just a Kid” (confira) ou em correntes mais recentes como a “perdendo traços da adolescência”. Fato é que é embalada pela nostalgia de uma fase da vida onde as preocupações eram menos urgentes. Onde, para a maioria das pessoas, as responsabilidades tinham um peso e escala muito menor.

A temática acaba também indo de encontro com o universo mais lúdico das letras do Exclusive Os Cabides que muitas vezes parecem beirar o nonsense. Para quem não sabe as músicas deles tem títulos como “Luminária de Lava”, “Siris Paradinhos Em Um Cantinho Bem de Boa” ou até mesmo “Música Para Achar a Bruxa”. Já Clara Bicho, com carreira iniciada oficialmente em 2022, ainda apresenta seus primeiros singles, com uma estética que passeia pelo bedroom pop, indie rock, MPB e o indie pop.


Exclusive Os Cabides e Clara Bicho - Árvores do Fundo do Quintal
Montagem: Clara Bicho (Foto Por: Rafaela Urbanin) e Exclusive Os Cabides (Foto Por: Luana Brunato)

Clara Bicho e Exclusive Os Cabides “Árvores do Fundo do Quintal”

Nesta quinta (15) adiantamos para vocês com exclusividade a faixa “Árvores do Fundo do Quintal” que chega a todas as plataformas digitais nesta sexta-feira (16).

A pré-produção aconteceu no estúdio Lontra, em Florianópolis (SC), espaço em construção do selo Selinho, capitaneado pelo Exclusive Os Cabides. Por lá Ana Nasario (teclas), Carol Werutsky (bateria), Eduardo Possa (guitarra), Jean Vicentini (baixo), João Pretto (guitarra) e Antônio dos Anjos fizeram os arranjos da música que tem composição de Clara Bicho.

As gravações aconteceram no estúdio Ouié, no mesmo período em que a Exclusive Os Cabides iniciava as gravações do disco. A produção, mixagem e masterização é de Eduardo Possa, com apoio técnico do estúdio Ouié.

Sobre a conexão e escolha pela parceria ser feita a distância, Clara Bicho comenta.

“Eu escrevi a música, “Árvores”, e eu estava começando a pensar… Eu escrevi ela em agosto do ano passado. E eu pensei em gravar ela. E foi uma época no início do ano que eu estava escutando muito Exclusive os Cabides, eu conheci eles porque nos seguimos no Twitter, eu gostei muito do som deles e ouvi bastante. Aí eu pensei em chamá-los para gravar essa música comigo. Porque para mim, tinha alguma coisa a ver ali, da música, de que alguma forma é alegre. Eu senti que eu tinha a ver com eles.

E aí eu mandei uma DM no Twitter: “quero gravar uma música com vocês.” Aí conversamos e fomos gravando. Eu falei primeiro com o Antônio, eles gostaram muito da música. Eu não consegui viajar para o Sul e eles para Minas não rolou. Aí fizemos a distância. Foi uma coisa que na minha opinião deu super certo, fomos pensando nos arranjos, na música, quando seria gravado, produzindo a música.

Foi tudo bem tranquilo, conversamos no Whatsapp mesmo. Fico triste que não conseguimos nos encontrar, porque acho que perde isso da conexão das pessoas, mas mesmo assim foi muito legal de fazer, a música ficou bem legal, até mais do que eu esperava. E essa música especificamente, ela vai estar no meu EP, e é uma das composições que eu gosto mais. Eu estava muito ansiosa para gravar e fazer com eles.”, relembra a artista

Foi o mote da ânsia pela retomada da alegria e o colorido da infância que a composição ganhou corpo. Se a vida adulta muitas vezes é cinzenta, tendo que resolver problemas quase todos os dias e soa praticamente como uma olimpíada de equilibrar (vários) forninhos (oi, Giovanna), o doce daqueles anos embala uma nostalgia saudável na mão dos ainda muito jovens artistas.

Com acordes lo-fi nostálgicos, feito as canções dos Beach Boys e em meio a ondas solares, a narrativa descritiva coloca o ouvinte no centro das próprias memórias feito o rebobinar de uma fita VHS. Permitindo, assim, uma identificação imediata. Conforme a música vai crescendo no horizonte, o desprender da meninice, ganha guitarras mais dramáticas para retratar a solidão e as rupturas inerentes ao amadurecer. O que faz com que a canção tenha um sabor agridoce em seu trecho final.

A capa do single é assinada por Clara Bicho e Otto Dardenne (Seloki Records) com referências às estéticas das capas dos anos 70 e 80. A estampa que ilustra a imagem é de Clara remetendo às folhas de uma árvore, já as texturas e a escolha de cores complementares, partiram de Otto.



O momento da carreira e a escolha por lançar apenas singles até aqui…

Sobre essas questões dos singles, que até agora eu só lancei singles… foi uma opção, mas foi o que consegui fazer. O meu começo na questão de lançar músicas, de ter uma carreira musical, foi muito espontâneo e despretensioso. Eu sempre toquei instrumentos, desde criança, e tinha uns anos aí que eu já tinha algumas composições, que eu tô sempre escrevendo e tal. Mas não era uma coisa que eu achava viável, possível na minha cabeça, gravar música, ser artista era algo de outro mundo.

Mas quando eu vi amigos, e principalmente meu irmão [o Gabriel Campos], e o pessoal da Geração Perdida [de Minas Gerais], que ele integra, gravando as coisas… me deu vontade de gravar as minhas coisas também.

E gravando em casa, não tenho estúdio em casa. É computador, placa de áudio e instrumento. Eu lancei “Tarde”, no final do ano passado, minha primeira música. O pessoal começou a gostar, comecei a ter espaço em veículos de comunicação que falam sobre música, acabou que entrou no top 10 do ALT BR (na época Indie Brasil do Spotify) e eu não havia mandado. A partir daí, eu gravei “Luzes da Velocidade“, e depois uma com o Linguini, artista aqui de BH. A minha opção era gravar singles, por ser uma artista independente, sem gravadora, sem produtor. Tenho outro trabalho sem ser relacionado a música.

Eu estou feliz com isso, com as coisas que lancei até agora, estou satisfeita, e o projeto para 2024 é lançar o meu EP que está quase pronto, e será lançado no final do ano. “Árvores” vai estar no EP. 

O meu EP é algo muito importante porque ele sintetiza e simboliza um período da minha vida, e tem músicas desde 2022 que foram escritas nessa época, em 2023, 2024, e foi feito com muito trabalho e dedicação, mas, ao mesmo tempo, do jeito que deu. Com muito perrengue. Consegui reunir muitos artistas e músicos incríveis, coisas que eu jamais esperava. Vai ter um feat com a Sophia Chablau, ela participou de uma música comigo, Diego Vargas da Pluma, os Cabides, muita gente boa. Vários músicos toparam tocar e fazer arranjos. Então cada música tá de um jeito bem diferente umas das outras.”, pontua Clara

Ficha Técnica

Composição e Vocal: Clara Bicho
Guitarras: João Pretto e Eduardo Possa
Baixo: Jean Lucas Vicentini
Teclas: Ana Nasario
Bateria: Carolina Werutsky
Arranjos: Exclusive os Cabides (Antônio dos Anjos, Carolina Werutsky, Eduardo Possa, João Pretto e Jean Lucas Vicentini)
Produção: Clara Bicho e Selinho
Gravação: Eduardo Possa/Ouié Studio
Mixagem e Masterização: Eduardo Possa
Capa: Otto Dardenne e Clara Bicho

error: O conteúdo está protegido!!