Os Fonsecas lançam o álbum “Estranho pra Vizinha” pela Seloki Records
Se você acompanha o rock subterrâneo de São Paulo, já deve ter se deparado com Os Fonsecas. O quarteto formado por Caio Colasante (guitarra), Felipe Távora (vocal), Thalin (bateria) e Valentim Frateschi (baixo), está junto desde 2019, e tem tentado explorar diversas sonoridades, tendo seus membros feito parte de projetos bem diferentes por si só. Todos eles bem novos, mas curiosos, acho que esse é o segredo por estarem vivendo tudo tão intensamento em tudo que se propõe.
Apesar de novos, vale salientar:
E tudo isso vem desde cedo, o primeiro lançamento deles, para terem uma ideia foi o EP Fundo de Meia, que saiu pelo selo que fazem parte até hoje, a Seloki Records, ainda quando eles tinham respectivamente 15 e 16 anos, de lá para cá eles caíram no mundo e o papo de hoje sobre o debut cai justamente para esse lado.
Estranho pra Vizinha, tem um pouco de tudo que viveram, eles contam que a estética nonsense tem referência até mesmo do teatro. As gravações se iniciaram ainda em 2022, sendo um disco já pós-pandêmico, por sua natureza.
O interessante do novo material é justamente a parte de pesquisa estética que tem como ponto em comum justamente a música dos anos 70. Do jazz, do progressivo, do psicodélico, da música eletrônica, tudo aflorou na música pop naquela década e eles novos absorvendo e fazendo sua própria releitura faz disso tudo algo ainda mais interessante.
Estranho Pra Vizinha foi composto, produzido e arranjado pela própria banda, gravado no Estúdio Fiaca, Estúdio Mameloki, Base Co. e na casa de shows Porta. A mixagem foi feita por Frederico Pacheco e masterização por Christiano Tavares Kuntz, ambas no Estúdio O&O.
Os Fonsecas: “Uma coisa que a maioria – se não todos – os nossos projetos têm em comum é espaço para testes. A partir dos testes a gente entende o que funciona. Com o tempo a proposta de cada projeto fica mais clara, os testes ficam mais precisos e consequentemente fica mais fácil de entender o que rola em cada contexto. Mas ter a chance de experimentar é fundamental.
Os Fonsecas: Acho que são as imagens absurdas. As composições que a gente falou de cara “essa é pros Fonsecas” constroem cenas bizarras, surreais. Pular da janela e cair na piscina, o armário da sala que parece um caminhão e explode, o sol que também explode, o pirata na ponta da prancha… São cenas lúdicas e caricatas que estamos usando pra contar as nossas histórias, as nossas ideias.”
Os Fonsecas: É muito gratificante sentir essa evolução sonora. De quatro anos pra cá, além das mudanças na vida que interferem bastante na arte (sair da escola, faculdade, pandemia, relacionamentos) a gente refinou nossos ouvidos.
Foram quatro anos ouvindo e fazendo música sempre que possível, entrando cada vez mais no estúdio e estando perto de pessoas, pra além de nós quatro, que também vivem assim. Isso ajudou a gente a encontrar caminhos, aprendemos a tirar timbres, chegar em sonoridades, causar sensações através do som.
Um fator que foi fundamental pra banda nesse sentido, é o envolvimento do Thalin com a música pop eletrônica. Isso ajudou a gente a colocar mais pressão no som, algo que a gente já fazia melhor ao vivo, mas ainda não tinha conseguido levar pro fonograma.”
Os Fonsecas: É interessante que os anos 70, cronologicamente, ficam entre a sonoridade totalmente analógica dos anos 60 e a febre do digital e do eletrônico nos anos 80. Por acaso, nosso álbum também flerta com esses dois mundos.
Nesse sentido, da mistura, de estar entre vários gêneros, várias sonoridades, os anos 70 tem bastante a ver com os anos 2010 e 2020 e, portanto, acaba conversando com a gente. Mas pra, além disso, a gente ouve e já ouviu muita coisa que foi produzida lá.
Justamente por ser a década em que despontam todos esses gêneros que você falou, mesmo quando estamos pesquisando sons produzidos em outros momentos da história, é difícil não esbarrar (e se envolver) em alguma coisa que foi feita nessa época. Mas a meta é não cair num lugar de imitação, entender que muita coisa boa já foi feita pra além desses dez anos.”
Os Fonsecas: Pensando em formas de expressão artística, dá pra falar do teatro. Thalin e Felipe estudaram teatro por vários anos, inclusive o teatro do absurdo que dialoga bastante com o “nonsense”, e eles trazem isso pra banda.
Em “Boca Adentro”, por exemplo, fica clara a nossa aproximação com o universo teatral. Outra referência acaba sendo os desenhos animados que assistimos na infância. Nos desenhos o “nonsense” é bem comum, e querendo ou não, eles fizeram parte da nossa formação enquanto pessoa.”
Os Fonsecas: A capa do nosso primeiro EP Fundo da Meia é cheia de elementos. A capa de “João”, o primeiro single do nosso álbum, já é mais sucinta.
Depois veio “Vendaval” que tem menos elementos ainda, até chegar na capa do álbum que é a mais “simples” que já fizemos até então. Essa ideia de ir tirando cada vez mais não foi intencional, nem por nossa parte, nem por parte do Otto (autor da capa do álbum e dos dois singles).
A gente foi entrando nesse consenso inconsciente de que a fase que a gente tá agora não pede uma identidade visual com muitos elementos. A sonoridade do álbum já é bem densa, é um álbum cheio de camadas e elementos a todo momento, a capa é uma parte essencial do disco e ela com poucos detalhes deu o equilíbrio que faltava e a curiosidade, poucas coisas são tão estranhas quanto uma tela quase em branco. A curiosidade na maioria das vezes nos leva a lugares super esquisitos da nossa imaginação e a capa representou bem esse sentimento.”
Os Fonsecas: A gente fica muito empolgando por estar cercado de artistas que admiramos e tem trabalhos que dialogam com o nosso. Isso faz com que os públicos se misturem e nossos sons se espalhem pra mais pessoas. Nossa mobilização coletiva parte muito do trabalho com a Seloki Records, o selo nos ajuda a entrar em contato e trabalhar com uma série de artistas e produtores com os quais criamos pontes e redes.
Todos nós trampamos com outros projetos musicais, e eles também nos ajudam a crescer. Além disso, estamos antenados, frequentando shows de novos artistas de São Paulo e do Brasil, sempre de olho e tentando entrar em contato com o movimento de diferentes cidades.
Um desafio pra gente é a questão financeira pra realizar as produções do jeito que a gente imagina. Muito da demora do álbum (o processo completo durou quase 3 anos) foi por causa disso. A gente preza muito pelo trabalho bem feito e por pessoas que agregam. O custo pra produzir, no Brasil, é desproporcional aos cachês que a gente recebe, mas para ter acesso a lugares melhores é necessário ter uma produção mais cara, é contraditório.”
This post was published on 24 de maio de 2024 12:57 am
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