Notícias

Entre gírias e músicas que marcaram gerações, Paul McCartney encerra turnê brasileira com chave de ouro.

Paul McCartney encerra sua turnê pelo Brasil em show marcado pela péssima transmissão da Disney 

Algumas pessoas dizem que certas experiências só são válidas se você vivê-las pessoalmente. Ver um beatle na sua frente, é uma delas.

No último sábado, (16), Paul McCartney, fechou a turnê brasileira no Maracanã. O estádio estava lotado e ansioso para receber uma das maiores lendas da música. E você pode até ter visto tudo pela internet, mas eu posso te dizer: ver aquele homem ao vivo, é completamente diferente.


Paul McCartney encerrou sua grande turnê no Brasil em pleno Maracanã lotado. – Crédito: Marcos Hermes

E não é só pela qualidade do som, da iluminação, da banda ou do próprio Paul McCartney. Mas sim pelas pessoas. Você já sabe que os fãs de Beatles são uns dos mais apaixonados. Consegue imaginar um estádio cheio deles?

A ansiedade era vista desde o início, quando os fãs recebiam instruções para fazer algumas surpresas para o cantor durante o show. Como bom britânico que é, Paul entrou pontualmente no palco às 21h e era possível ver muita gente emocionada por vê-lo ali.

Outra coisa muito interessante de se ver, era a quantidade de crianças. Muitas cantando mais que muitos adultos, muitos pais emocionados por estarem com os filhos. Coisas que emocionam qualquer fã de música: como ela pode conectar as pessoas por meio de gerações tão distantes.

A alegria de um beatle ao subir no palco aos 81 anos

Com o calor, do tempo e do público, Paul se mostrava animado e feliz em estar ali. Aos 81 anos, o cantor se dividiu entre diversos instrumentos ao longo da noite, encantando todos que estavam ali. Ele também queria se mostrar próximo do público, então de apresentar “Letting Go”, disse que iria falar algumas coisas em português naquela noite.

Se em outras cidades ele se adequou ao dialeto, no Rio não poderia ser diferente. Com a música crescendo cada vez mais, graças à banda incrível que o acompanha, não era preciso nem pedir que a platéia batesse palmas no refrão. Ela fazia por si só e quem a acompanhava, era o astro da noite. Antes de começar “Got to get you into my life”, o cantor até ensaiou uns passinhos. Em seguida, ele fala sobre como se sentiu em estar novamente no Rio.

Se o eterno beatle vem de uma geração completamente diferente, não quer dizer que ele parou no tempo. Seu show se adaptou bem às tecnologias e era possível ver uma conexão entre iluminação do palco e as músicas, indo muito além dos telões. Quem olhava as arquibancadas que ficavam de frente para palco, conseguiria enxergar um show de luzes completamente sincronizado com a música Come on to me.


Paul McCartney e sua banda no Rio de Janeiro. – Foto Por: Marcos Hermes

O Elemento Surpresa: Abe Laboriel Jr.

Ao se render ao calor carioca e finalmente tirar o paletó que vestia, Paul apresenta “Getting Better” com uma troca de vocais com sua banda, que garantia a sensação do frescor de uma música antiga com a nostalgia. Aliás, a banda que o acompanha na turnê é um show à parte, principalmente o baterista Abe Laboriel Jr., que mostrou um talento absurdo. Se aquele cara fizesse um solo ali, teria o Maracanã aos seus pés também.

E foi possível ver muitas dobradinhas de Abe com Paul durante a noite, inclusive na música que se seguiu, dessa vez com Paul ao piano: “Let ‘Em In”.

Embora não fale muito entre uma música e outra, apenas fazendo uma dança pra fazer uma graça, seu público parece não sentir muita falta disso e sim, se preocupa com a setlist, com a próxima música que vai ser tocada e em qual sentimento vai ser despertado com ela. Em cada fim de música, era possível ver as pessoas tentando decifrar qual seria a seguinte, mas sem deixar de aproveitar aquele momento, pois sabiam que era único.


Natalie Portman no telão durante “My Valentine” – Foto Por: Sarah Azevedo

My Valentine marca o show por mostrar no telão um clipe todo feito em linguagens de sinais, que tem a participação da atriz Natalie Portman, além de ser uma música diretamente dedicada à esposa do cantor.

“É hora de voltar ao Abbey Road Studios”, disse Paul antes de começar um clássico: “Love Me Do”, que fez as pessoas dançarem juntas pela platéia. Podiam ser conhecidos ou não, mas dançavam juntos, lembrando muito uma festa que poderia estar acontecendo em alguma parte da Inglaterra dos anos 60. Além disso, a participação do trio de metais fez a música brilhar ainda mais.

Em “Dance Tonight”, o querido baterista mostrou que arrasa não só na bateria, mas também na dança. Ele saiu do instrumento para dançar ao lado de Paul diversos passos, desde o da conhecida “Macarena” até mais recentes vistos pelo TikTok. O mais interessante é ver toda a banda, incluindo Paul, embarcando na brincadeira e mostrando um entrosamento absurdo entre si.


Paul McCartney no Maracanã – Créditos da Imagem: Marcos Hermes

“O Maraca é Nosso”

Guardando “Something” e “Let it Be” mais para o final, parecia que Paul sabia o impacto que causaria nas pessoas com essas músicas. Era possível vê-las cantando de olhos fechados, entoando como um mantra. E talvez uma das cenas mais bonitas de se ver, foi com “Let it Be” como pano de fundo: um garotinho cantando o refrão da música para o pai.

Em “Ob la di, ob la da”, o público deixou o Maracanã totalmente colorido e voltou a dançar. Jogando bexigas para o alto e colocando a lanterna do celular por trás, Paul podia vislumbrar uma verdadeira festa do palco, ao ouvir “O Maraca é nosso!” e até entoar junto. “Get Back” foi outra que fez as pessoas gritarem e saírem do chão.

“Live and Let Die” foi um dos atos mais históricos que o Maracanã já pode presenciar um dia. A sinergia entre a banda e toda a troca entre ela transformou a apresentação dessa música em algo memorável.

Em “Hey, Jude”, veio outra homenagem da plateia: no primeiro “nanana”, pessoas levantaram cartazes com as palavras escritas.


Paul McCartney no Maracanã – Fãs com cartazes escritos “Na Na N”a – Foto Por: Marcos Hermes

Paul levantou para a frente e decidiu deixar o refrão só com a plateia. Pediu que homens cantassem primeiro, depois as mulheres. Depois todos juntos. Era difícil voltar ao piano, mas voltou pra completar a música, que demorou alguns minutos ainda na famosa frase.

Ao sair do palco, enquanto as pessoas aguardavam o bis, elas continuaram a cantar o refrão de “Hey, Jude”. Ao voltar, Paul traz as bandeiras da Inglaterra e do Brasil juntas, além da bandeira LGBTQIA+. Embora em algumas partes pudesse ouvir um murmurinho de um ou outro reacionário, os gritos das pessoas em apoio era muito maior. É engraçado perceber como as pessoas às vezes parecem não ouvir direito as músicas que seus ídolos escrevem.

O BIS

Para o bis, Paul trouxe mais algumas músicas, entre elas a clássica “Sgt. Pepper’s Hearts Club Band” e encerrou com “Golden Slumbers”, dizendo que “Estava na hora de vazar!”.

A música termina o show do jeito que precisa: com o tom de despedida, mas sem a tristeza dela. Pelo contrário, a sensação de que você vai pra casa porque encerrou a noite com chave de ouro.

Antes de sair, Paul diz: “até a próxima, fui!”, como se fosse um amigo que se despede, mas promete que volta um dia. E você aguarda ansioso, para poder viver aquele momento de novo. Por isso eu digo: você pode até ter visto pela TV. Mas sentir, só quem viveu aquilo pessoalmente, vai conseguir descrever o sentimento.

Setlist Paul McCartney no Rio de Janeiro – 16/12/2023

Can’t Buy Me Love (The Beatles)
Junior’s Farm (Wings)
Letting Go (Wings)
She’s a Woman (The Beatles)
Got to Get You Into My Life (The Beatles)
Come On to Me
Let Me Roll It (Wings) (com “Foxy Lady” do Jimi Hendrix coda)
Getting Better (The Beatles)
Let ‘Em In (Wings)
Nineteen Hundred and Eighty-Five (Wings)
Maybe I’m Amazed
My Valentine (Dedicada paa Nancy Shevell)
I’ve Just Seen a Face (The Beatles)
In Spite of All the Danger (The Quarrymen cover)
Love Me Do (The Beatles)
Dance Tonight (com dancinha do Abe Laboriel Jr.)
Blackbird (The Beatles)
Here Today (Dedicada a John Lennon)
New
Lady Madonna (The Beatles)
Jet (Wings) (Dedicada para Denny Laine)
Being for the Benefit of Mr. Kite! (The Beatles)
Something (The Beatles) (Dedicada para George Harrison)
Ob-La-Di, Ob-La-Da (The Beatles)
Band on the Run (Wings)
Get Back (The Beatles) (Dedicada para Peter Jackson)
Let It Be (The Beatles)
Live and Let Die (Wings)
Hey Jude (The Beatles)

Encore:
I’ve Got a Feeling (The Beatles) (em dueto virtual com John Lennon)
Birthday (The Beatles)
Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band (Reprise) (The Beatles)
Helter Skelter (The Beatles)
Golden Slumbers (The Beatles)
Carry That Weight (The Beatles)
The End

This post was published on 23 de dezembro de 2023 8:09 pm

Sarah Azevedo

Publicitária, mas com alma de jornalista. Sempre gostei de umas bandas com nomes esquisitos, mas sempre gostei muito mais de falar sobre elas.

Posts Recentes

Renata Swoboda lança clipe apolítico para “Meu Dengo ♥️” às vésperas do segundo turno das eleições

Após lançar na sexta (18) o single "Meu Dengo ♥️", a artista catarinense Renata Swoboda…

23 de outubro de 2024

C6 fest anuncia line-up da 3ª edição com Nile Rodgers & Chic, Air, Wilco, Pretenders, Gossip, The Dinner Party, English Teacher e mais

C6 Fest chega a sua terceira edição com line-up de peso Após a primeira edição…

22 de outubro de 2024

Paul McCartney encerra passagem pelo Brasil em Florianópolis

No sábado (19), Paul McCartney fez a última apresentação da atual passagem da Got Back…

21 de outubro de 2024

Fin Del Mundo mergulha nas profundezas em “Hicimos crecer un bosque”

Que a cena de rock argentino é bastante prolífica não é nenhuma novidade. Após lançar…

18 de outubro de 2024

Maria Beraldo reflete sobre identidade de gênero e explora timbres em “Colinho”

Não parece, mas já se passaram 6 anos do lançamento de CAVALA (RISCO), álbum de…

18 de outubro de 2024

Dora Morelenbaum explora as curvas sonoras em “Pique”

Após o fim do ciclo ao lado da Bala Desejo, os músicos têm retomado suas…

18 de outubro de 2024

This website uses cookies.