A passagem do Coldplay no Rio de Janeiro garante ao seu público a palavra do momento: Uma experiência inesquecível.
Quem trabalha no meio de comunicação, está acostumado a ouvir duas palavrinhas no cotidiano: Experiência do cliente. E sabe que, essa é uma das maiores moedas do mercado. E o Coldplay, enquanto marca, está sabendo se aproveitar bem disso. Como banda, oferecem um show que consegue transcender sensações e faz com que as pessoas se sintam tocadas, indo muito além das músicas.
Os britânicos desembarcaram para uma longa turnê no país e no último sábado (25), fizeram o primeiro dos 4 shows marcados na cidade do Rio de Janeiro. O estádio Nilton Santos foi uma ótima escolha, considerando a acessibilidade do público. Enquanto acústica, ainda há o que melhorar, mas pensando nos poucos espaços grandes para shows desse tamanho na cidade, o local conseguiu comportar bem o público.
Público esse que aguardava ansioso pela banda. A noite começou com a abertura da dupla Clara x Sofia, que ficou com a missão importantíssima de aquecer as pessoas. Seguidas pela banda Chvrches, que conquistou as pessoas com suas músicas que iam das mais dançantes e animadas, até algumas melodias mais melancólicas. O destaque fica para o carisma da vocalista, Lauren Mayberry, que a todo momento passeava por todo o palco, tentando o máximo possível explorá-lo, além de sempre estar em contato com o público.
Conhecidos por serem uma banda ativista em trabalhos ambientais, o Coldplay mostrava a todo momento trabalhos que faziam na área, além de imagens impactantes sobre como nosso planeta está sofrendo com as ações humanas.
Em 2019, a banda já havia firmado um compromisso de tornar seus shows mais sustentáveis. Quem se pergunta como fica a conta de luz no final do show, tem a resposta: o próprio público ajuda a gerar energia, através dos painéis cinéticos instalados no chão das apresentações. De acordo com o vocalista em uma entrevista para a NBC News: “Não é sobre estar de um lado do espectro político, querer ser bem visto pelo público ou ganhar mais dinheiro. É sobre tentar provar que qualquer negócio de sucesso pode ser sustentável”.
Pode até ser que não seja algo com um viés político. Porém, ao assumirem essa responsabilidade, a banda garante não só um show incrível, mas também entrega valor ao seu público, o que contribui ainda mais para que todos saiam do show completamente extasiados com o espetáculo proporcionado.
Tão próximos de seus fãs, a banda entrou anunciada por uma dupla que veio do público. Nervosas, elas falaram sobre a apresentação de um curta que seria feito antes do grupo entrar em palco. Em seguida, anunciaram, entusiasmadas, que a banda começaria seu show.
Era possível ver o estádio todo iluminado com flashes das câmeras apontadas para o palco. Com um dos planetas já conhecidos sendo erguido pelo palco, pelo telão era possível ver a banda saindo do backstage para o palco, o que aumentou ainda mais a ansiedade do público.
As pulseiras foram ativadas e não dava pra saber pra onde olhar.
“Higher Power” e “Adventure of a Lifetime” foram as primeiras músicas da noite, seguidas por uma sequência de hits conhecidos da banda: “Paradise”, “The Scientist” e “Viva La Vida”.
Em “Paradise”, Chris puxou um pedaço do refrão da música a capela com o público fazendo coro. A sinergia era incrível!
“Scientist” veio em seguida, trazendo uma melancolia necessária, porém com todos cantando muito mais alto que o vocalista que estava ao piano. Em inglês, ele afirmou que não falava bem o português, mas estava feliz em ver tantas pessoas de ponta a ponta no estádio, convidando a todos a cantarem juntos, formando uma espécie de corrente. Foi um momento bem bonito do show.
Era possível ver um público que relembrava as primeiras lembranças da banda com “Viva La Vida”. Como um maestro, Chris pedia para a plateia cantar o refrão junto. Com o baterista cantando, a plateia embarcou junto, o que garantiu um momento emocionante e arrepiante.
Nesses primeiros momentos, era possível ver que a banda estava realmente feliz em estar ali. Chris Martin voava de um lado do palco para o outro, numa tentativa de cumprimentar quem ele pudesse. A todo momento, o vocalista se comunicava o máximo possível com a plateia em português, o que mostrava que ele queria realmente se conectar com quem estava ali. E o que seria isso, senão algo que aumenta ainda mais a experiência de quem estava presente?
A apresentação seguiu com “Something Just Like This”, que tem feat com a banda The Chainsmokers e logo em seguida, dois fãs que seguravam um cartaz fazendo um pedido à banda, subiram no palco. Pedindo para que as pessoas levantassem as mãos, iniciou-se a música “Strawberry Swing”, que era a música pedida pelos fãs. Sentados ao lado do vocalista, a banda atendeu ao pedido, o que garantiu um momento muito emocionante para todos, que se sentiram representados por quem estava em cima do palco. A música finalizou com um dueto entre o vocalista e os fãs, o que garantiu um momento muito bonito de se assistir.
Com o término de “Charlie Brown”, as pulseiras ficaram amarelas e todos já sabiam que o momento de “Yellow” ser tocada havia chegado. Em “People of Pride”, Chris carregou uma bandeira do orgulho LGBTQIA+ pelo palco, fazendo que muitos gritos fossem ecoados.
“My Universe” começou com um Chris cantando e a plateia cantando mais alto ainda. Com hologramas do BTS passando pelo telão, dava a sensação de ter os dois grupos no palco. É como se juntássemos duas grandes potências em um mesmo lugar, com fãs apaixonados demais para deixar qualquer energia cair. Se o Coldplay é empenhado em oferecer uma grande experiência para seus fãs, eles também estão interessados em dar à banda a melhor experiência que eles possam ter em qualquer lugar. Sendo ainda mais inclusivos, “Hymn for the Weekend” contou com Chris cantando a música também em libras.
Em uma era de redes sociais, nós estamos acostumados a, muitas vezes, assistir shows, mesmo que ao vivo, por meio de celulares. Muitas vezes, as pessoas esquecem de viver aquele momento precioso para garantir o melhor clique para as mídias. Em “Sky Full of Stars”, quando todos estavam mais do que prontos para pular muito, a música simplesmente parou e o vocalista pediu para que as pessoas só curtissem o momento, colocassem as mãos pra cima e esquecessem os telefones, câmeras e etc. Por um segundo, isso talvez tenha feito com que as pessoas refletissem que, relembrar momentos é importante, porém aproveitá-los é ainda mais.
Sempre fazendo questão de trazer artistas brasileiros em alguma parte da apresentação, no Rio de Janeiro tivemos Zeca Veloso cantando a canção “Todo Homem”. Nas outras apresentações na cidade, houve também a participação de Seu Jorge com a música “Amiga da Minha Mulher’ e Milton Nascimento, com “Maria Maria”. Em todas, a banda também cantou em português, acompanhando os convidados. O show também contou com um feat com Lauren, vocalista da Chvrches.
“Fix You” garantiu um dos momentos mais bonitos da noite. Embora tenha o começo mais calmo, fez todos levantarem as mãos pra cima e cantarem alto, sentindo a música, que tem uma aura dessas que emociona e traz a gente pra outro lugar, se conectando com a banda, o que garantiu a plateia terminar a música sozinha.
Os integrantes se despediram do público passando por todos os lados do palco, em uma espécie de agradecimento, que se pudesse, seria pessoal e intransferível a cada um que estava ali presente.
Sabe quando você acaba de conhecer uma coisa e fica encantado com o que aquilo te proporciona e sua vontade é sempre estar em contato com aquilo para que sua dose de serotonina seja garantida? De um jeito talvez sem querer ou até programado, o Coldplay construiu isso para o seu público. Desde os fantoches em cima do palco que traziam uma vibe mais lúdica até às famosas pulseiras, as luzes, a vontade de estar perto do público mesmo que pareça impossível, de conhecer a cultura do local em que estão e trazer isso para os shows, faz com que até mesmo quem só conhece as músicas mais famosas da banda saia de lá completamente extasiado e querendo mais. Garantindo uma experiência de clientes, ou melhor, público, muito bem sucedida.
Talvez essa seja a magia do Coldplay: a conexão que eles criam com o público faz cada pessoa se sentir especial, do seu jeitinho, como se cada música fosse feita especialmente pra quem estava ali. E afinal, não é isso que todos nós procuramos? Conexão com o outro? É clichê dizer isso, mas todos nós temos um pouquinho a aprender com essa banda que já passou tantos dias no Brasil que se tornou tão brasileiros quanto nós.
This post was published on 31 de março de 2023 10:00 am
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