Dormente coloca uma luz na luta de classes contra as amarras capitalismo em “Radicalizar”

Dormente lança nesta segunda-feira o videoclipe para “Radicalizar”

A luta de classes nunca deixou de ser um tema inserido em nosso cotidiano, seja em tempos de guerras ideológicas e distorções da realidade, como em lutas constantes por melhores condições para a classe trabalhadora. Em um mundo repleto de abismos sociais refletir sobre o tema acaba sendo a base para criação e desenvolvimento de políticas sociais seja por conta das instituições governamentais, seja por parte da iniciativa privada ou por projetos sociais sem fins lucrativos.

Nesta segunda-feira (06/02) o duo Dormente, que lançou o álbum Abismo Informação, no ano passado disponibiliza em primeira mão no Hits Perdidos o videoclipe para “Radicalizar”.

“A ideia da música/clipe é de propagar uma alternativa concreta e material para a classe trabalhadora através da radicalização, ou seja, uma alternativa que vai até a raiz do problema, sem confundir com o “radicalismo” bolsonarista que preferimos chamar de extremismo, pois não buscam nenhuma mudança radical, mas são uma versão extrema do reacionarismo.”, comenta o duo que funde referências pops ao alternativo, do indie a música eletrônica

Dormente lança o clipe para “Radicalizar” – Foto Por: Eli Noronha

Dormente “Radicalizar”

Na estética o duo formado por Victor Fortes e Ítalo Riber funde referências que vão do synthpop, passando pela witch house, big beat e synthwave, até por isso esse olhar mais pop sobre o desenvolvimento social e consciência da defesa dos trabalhadores aparece na faixa do segundo álbum de estúdio dos paulistas.

Para quem ainda não conhece o trabalho do duo, Victor é compositor e produtor musical integrando de projetos como Branch of Yore, Pobre Orfeu, Fragata Júpiter e Enforcation. Já Ítalo além de curador e produtor do Festival Febre desde 2016, ter fundado o selo Lastro Musical, em 2019, já tocou com diversos nomes da música brasileira como Tim Bernardes, Tulipa Ruiz, Mauricio Pereira, Bocato e Big Chico.

Com diversas simbologias e estética psicodélica, o videoclipe trás um ar de mistério, brinca com luzes, dedos em riste, sombras, amarras e outros elementos que levam o espectador a entrar no imaginário da composição. O material teve concepção e roteiro de Victor Fortes e direção e edição realizadas por Thiago Roma.

“A estética do clipe é inspirada nos trabalhos do diretor Sam Kristofski, que já gravou clipes para bandas como Pond, Gum, Babe Rainbow entre outros. Essa estética inclui muitas repetições e planos detalhe, nessa vibe o clipe tenta exprimir através de simbologias e metáforas a alienação que capitalismo traz e a conscientização e radicalização necessárias como processo para o comunismo.

Essa estética também foi escolhida por ter um bom custo benefício, queríamos fazer algo bonito e que coubesse no nosso orçamento, a ideia e o roteiro do clipe foram feitos por mim mesmo (Victor) e filmado, dirigido e editado pelo Thiago Roma.”, conta o duo Dormente

Entrevista: Dormente

Conversamos com o duo para saber mais sobre as origens do projeto, produção e as temáticas por trás de “Radicalizar”.

Como veem a concepção do projeto e a forma que encontraram o equilíbrio entre soar pop e alternativo ao mesmo tempo

Dormente: “Acho que foi meio natural, são estilos que ambos gostamos. Foi uma vontade de fazer algo que tenha apelo popular mas que ao mesmo tempo tenha um sabor diferenciado, meio apimentado ou amargo, tentando diminuir a previsibilidade na hora da audição. É a vontade de andar com a galera popular e com os alternativos ao mesmo tempo.

Temos referências muito distintas e consciente ou inconscientemente, isso acaba se misturando e ficando impresso nas músicas, desde coisas mais pop chiclete, até loucuras psicodélicas e músicas eletrônicas mais pesadas.”

A ideia de certa forma era ironizar a “ameaça comunista”? Como veem esse momento histórico que estamos vivendo após anos de governo Bolsonaro e as novas possibilidades para os desdobramentos da cultura e arte no país?”

Dormente: “Não consideramos que a música seja uma forma de ironizar a “ameaça comunista” que rola na cabeça dos bolsonaristas mais fanáticos, porque sabemos não existir, mas talvez contribuir para que um dia realmente seja.

A ideia da música/clipe é de propagar uma alternativa concreta e material para a classe trabalhadora através da radicalização, ou seja, uma alternativa que vai até a raiz do problema, sem confundir com o “radicalismo” bolsonarista que preferimos chamar de extremismo, pois não buscam nenhuma mudança radical, mas são uma versão extrema do reacionarismo.

Depois do fim de toda essa tempestade vivida nos últimos quatro anos, acho que finalmente a gente vai conseguir dar uma respirada, principalmente nas áreas que foram praticamente extintas no governo passado, como a cultura. Acreditamos que até restaurar tudo que o bolsonarismo destruiu vai levar anos e, vivendo sob uma democracia burguesa, estamos sempre na iminência de perder todas as nossas conquistas novamente, então é uma luta permanente, consideramos que qualquer forma de arte que paute esse debate é cada vez mais necessária.”