Na última sexta-feira (4), o Arctic Monkeys abriu os trabalhos pelas terras brasileiras. O primeiro show da turnê aconteceu no Rio de Janeiro, em uma Jeunesse Arena cheia e repleta de ansiedade para ver os britânicos, que não apareciam por aqui desde 2018. Em turnê conjunta com o Interpol, ambas as bandas eram atrações confirmadas do primeiro dia do Primavera Sound São Paulo (veja como foi).
O começo da noite ficou por conta do Interpol. A banda, abriu o show cumprimentando o público com um “Boa noite, nós somos o Interpol!”, com um português sem sotaque algum. Começando assim, o que se esperava, um show interativo com a platéia, mas não foi bem isso o que foi visto.
Embora tenham tocado os hits mais conhecidos como “Evil”, o público se empolgou com a abertura poucas vezes. A banda simplesmente seguia o show, aproveitando os momentos de euforia uma vez ou outra. Mas a troca com a plateia foi pouca, mesmo em alguns momentos havendo gritos eufóricos enaltecendo a banda.
Embora o vocalista tenha tentado estabelecer um contato, parecia meio tímido.
No refrão da terceira música, “Fables”, o público ligou as lanternas dos celulares, num pacto silencioso, que deixou tudo bem bonito e que pareceu empolgar e acordar a banda.
“C’mere”, muito conhecida do público, fez todos cantarem muito alto e se animarem, relembrando alguma memória boa. Público batendo palmas para cima também, parecendo finalmente despertar.
Finalmente uma interação entre a banda. Daniel, guitarrista, parecia mais animado, passeando de um lado para outro, embora o baixista, Dengler, ficasse em seu próprio mundo. Daniel parece ser o elo que reúne a banda: quando ele caminha pelo palco, a própria banda parece ganhar vida.
“All the Rage Back Home”, acompanhada apenas da guitarra base e uma pequena participação da bateria, fez parecer uma música a capela e o público, claro, fez seu papel e cantou toda a introdução e refrão, sem precisar nem pedir. Uma queridinha da galera, “Rest My Chemistry” todo mundo pular muito logo na introdução.
Guardando a melhor música pro final, e em um discurso rápido, avisando que estavam chegando ao fim, começaram a entoar a letra de “PDA”. A banda se despediu do palco com a plateia entoando seu nome, que finalmente, parecia ter sido um pouquinho conquistada.
Ao se despedirem do palco, era possível ver a ansiedade das pessoas que esperavam pelo Arctic Monkeys. A dúvida sobre setlist, a saudade de quem não via a banda há muito tempo e a expectativa de quem nunca viu antes. Fãs antigos e novos, todos no mesmo barco: ansiedade.
Com poucos minutos de atraso, pudemos ouvir os primeiros acordes de “There’d Better Be a Mirrorball”, música que abre o álbum mais recente da banda, The Car. Embora no CD, ela tenha uma vibe mais contida, a música ganha grandiosidade ao vivo junto a performance de Alex Turner. E isso fica nítido em todas as outras músicas do novo trabalho apresentadas. É o típico álbum que podemos dizer: a gente não conhece uma banda verdadeiramente se não vê-la tocando ao vivo.
Em “Brainstorm”, não havia como ficar parado. Ou você pulava junto com as pessoas ao seu redor ou era levado pela multidão. Era nítida a conexão da banda com o público, que se deixava levar pela energia do palco. “Snap out of it” foi uma verdadeira explosão, que fez com que o refrão fosse cantado tão alto, que superou a voz de Alex.
Esboçando uns passos desajeitados, Alex começou a quarta música da noite, “Don’t Sit Down ‘Cause I’ve Moved Your Chair”, que fez com que o público se empolgasse junto, cantando o refrão.
“Body paint” ao vivo muda completamente do álbum do estúdio, assim como “There’d Better Be a Mirrorball”. Desde a atmosfera até ao tom da música, que no CD é bem baixo e ao vivo, mais alto, mais adequado ao tom do cantor. Faz a gente se comover de verdade. Um salve para Matt, o baterista da banda, que dá o peso necessário que a música precisa e parece ter passado despercebido no CD.
Embora interagindo pouco com o público durante o show, apenas com uns “Rio” sendo gritados ao longo da noite, a banda não deixa que isso afete a conexão com as pessoas, mantendo sempre a energia lá em cima, com hits atrás de hits.
Dizendo que é bom rever o público, a banda começou um de seus grandes sucessos: “Arabella”. Talvez por isso, parecessem mais alegres, com a plateia indo à loucura.
Alex deu uma pausa para falar sobre a gravação do novo CD, antes de começar “I ain’t quite where i think i am”, que assim como as outras músicas do CD, ganha nova vida ao vivo e deixa a monotonia do álbum pra trás. A música ganha outra vibe, talvez pelas guitarras mais agudas ou pela performance da banda. Mas é nítido que the car é um CD pra ser apreciado e escutado ao vivo, como toda banda que se preze deve ser.
Relembrando as músicas mais antigas, muitas pessoas foram levadas pela nostalgia e levantaram os celulares pra registrar um pedaço da música “Cornestone”. “Do I Wanna Know”, talvez uma das músicas mais esperadas da noite, começou em um momento que ninguém esperava, do nada, com um bumbo potente, que fez o coração de todo mundo pular, protagonizando um dos momentos mais arrepiantes da noite.
As músicas do Arctic Monkeys costumam ter baterias que fazem as pessoas quererem se mexer no mesmo ritmo. Mas o trabalho do baterista precisa ser reverenciado. Ele carrega com maestria esse posto e não perde um ritmo sequer. É impressionante como ele consegue fazer as pessoas pularem junto com ele.
A banda guardou as músicas mais animadas pro fim do show, mostrando que o público queria mais e quanto mais dessem, mais iríamos querer. “Pretty Visitors” e “Do me a favor”, que eram pedidas durante toda a noite, foram tocadas. Era como oferecer aquele doce favorito pra cada um. Todos queriam que aquele show se mantivesse por mais algumas horas, porque a energia que a banda manteve era diferente. Cativava, mesmo quem estava ali não esperando muito, saiu com a alma lavada.
Agradecendo ao público, Alex apresentou a banda e em seguida continuou com a música “505”, onde todos cantavam. No refrão, todos pularam, inclusive o próprio vocalista.
Ao deixar o palco, deixaram o público ansioso para o bis, já que ainda faltavam alguns hits. Manifestações políticas entre esse espaço de tempo foram feitas, com grande parte do público mostrando a felicidade pelo presidente Lula ter sido eleito.
“Sculptures of Anything Goes”, do novo trabalho, abriu o bis da noite.
Uma das poucas que ainda resgata um pouco da vibe mais antiga da banda. Em seguida, “I Bet You Look Good on the Dancefloor” começou com um porradão. Agradecendo ao público pela última vez, a banda tocou “R U Mine?” que fez todos cantarem como se fosse a última coisa que iriam fazer na vida.
É bonito demais ver a conexão do público com a banda, que aproveitou cada segundo da noite.
Se despedindo, a banda trocou carinhos com o público, jogando beijos e deixando todos aguardando a volta que, mal já foi, já é esperada ansiosamente.
This post was published on 14 de novembro de 2022 2:52 pm
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