Mulheres recebem apenas 9% dos direitos autorais distribuídos revela pesquisa da UBC
O questionamento em relação aos direitos autorais é um tanto espinhoso por si só, quando colocamos a lupa, então, o desequilíbrio de gênero no país é uma realidade ainda mais assustadora. É isso que revela a pesquisa da UBC ‘Por Elas Que Fazem a Música’, divulgado neste 8 de março, Dia Internacional da Mulher.
Segundo dados do estudo da UBC (União Brasileira de Compositores), em 2021, as mulheres receberam somente 9% do total distribuído em direitos autorais. Considerando os rendimentos vindos do exterior, entre os 100 maiores arrecadadores de direitos autorais, apenas 13 são mulheres.
Porém a realidade tem mudado nos últimos anos, apesar de estar longe do ideal. A pesquisa traz dados positivos, como o aumento do número de obras registradas com participação de mulheres.
Em relação ao ano anterior, a participação feminina na quantidade de obras e fonogramas cadastrados cresceu em 4 categorias. Sendo 13% a mais no número de autoras e versionistas, 10% como intérpretes, 9% de músicos executantes e 22% de produtoras fonográficas.
Edição 2022 da pesquisa da UBC ‘Por Elas Que Fazem a Música’
Associação responsável pela distribuição de quase 60% dos direitos autorais de execução pública musical no país, a UBC revela através do relatório que, entre artistas mulheres, a maior concentração está no sudeste, com 63%, enquanto a região norte reúne apenas 2%.
Representante de mais de 48 mil artistas, em 2021 a entidade registrou outro dado positivo sobre a participação feminina: o relatório indica que dobrou o número de associadas em relação ao primeiro levantamento, feito em 2018. Agora, elas representam 16% do quadro. No último ano, dos quase 8 mil novos associados, 18% foram mulheres.
“Entendemos a importância de gerar dados, pesquisas e estudos para o mercado da música como ferramenta de inteligência. Este ano, mesmo com a pandemia, o aumento significativo do número total de associadas demonstra que apesar de todos os desafios, as mulheres persistem e pouco a pouco vêm ocupando seus espaços, um reflexo direto da nossa sociedade.
Além de aumentarmos o debate sobre os espaços ocupados pela mulher no cenário musical, este ano apresentamos também dados internos, provando que nosso compromisso com a mudança começa de dentro para fora. O quadro de funcionários da UBC é composto 58% por mulheres e dessas, 12 ocupam cargos de liderança, incluindo as gerências de todas as nossas filiais”, afirma Mila Ventura, coordenadora de comunicação da UBC
Rádio e TV aberta lideram as fontes de distribuição
Apesar do boom das plataformas de streaming, os tradicionais meios de rádio e TV aberta seguem sendo as maiores fontes de distribuição de direitos autorais para as mulheres, representando 25% e 20%, respectivamente. Enquanto as plataformas digitais representam apenas 10% deste montante.
Neste ponto, salta aos olhos outra disparidade: comparada aos homens, a TV aberta foi a rubrica com a menor participação feminina (5% para mulheres contra 95% para os homens). Apesar disso, a TV permaneceu como maior fonte de rendimentos dentre o total arrecadado pelas mulheres.
A pesquisa Por Elas Que Fazem a Música 2022 está disponível na íntegra no site da UBC.