PWR records celebra a potência do coletivo no aniversário de 5 anos
De maneira simbólica no dia 25 de Outubro a PWR records completou 5 anos. A data faz referência ao primeiro evento organizado pela produtora, e selo, que atua para amplificar discursos de mulheres e pessoas não-binárias na música. Para comemorar elas fizeram uma série de shows dentro do projeto Amplifiquintas e lançaram uma coletânea com artistas do atual casting.
O disco, Potência PWR – coletânea 5 anos reúne faixas lançadas durante 2021 pelo selo, das artistas Mariana Cavanellas (Rosa Neon e Lamparina e a Primavera), Viridiana, Gaivota Naves (Joe Silhueta, Rios Voadores), Gabriela Brown e LUMANZIN (feat. Saskia) que são algumas das apostas 2021-2022 da produtora.
Potência PWR – Coletânea 5 anos
A mineira Mariana Cavanellas, com produção de Tropkillaz, apresenta na coletânea o primeiro single de nova fase.
A frontwoman da banda brasiliense Joe Silhueta, Gaivota Naves, que apresenta na seleção a faixa “Dois”, com sonoridade trip hop e que dá gosto ao seu EP com lançamento previsto para 2022.
A capixaba, Gabriela Brown, canta a faixa empoderadora “Minha Voz”. Lumanzin – em parceria com a produtora e multiartista gaúcha Saskia – lança na coletânea a faixa exclusiva “Fim do Mundo”.
Viridiana, artista trans não-binária que está às vésperas de lançar seu primeiro disco, Transfusão, via Natura Musical, no disco aparece com o single “tua, toda.” que recentemente ganhou um videoclipe (assista abaixo).
Ouça a Coletânea de 5 anos da PWR records clicando aqui
Entrevista PWR records
4 anos após a primeira entrevista que fizemos com a Letícia Tomás, ela volta para contar mais sobre este momento tão especial para falar sobre os 5 anos da PWR records e o momento distinto. Confira!
5 anos de PWR Records, antes de mais nada meus parabéns por essa marca e pelo importantíssimo papel na contribuição para o ecossistema da música. Como vocês enxergam a evolução do conceito, da primeira ideia do selo/coletivo, para cá e esse processo de aprendizagem que tiveram pelo caminho?
Letícia Tomás (PWR records): “Obrigada mais uma vez, Rafa <3 bom, acho que em 5 anos tudo mudou: começamos com muitos sonhos que caíram por terra na realidade, nossa vontade era lançar o máximo de mulheres possível até a gente entender o valor da curadoria e que também isso demandava um tempo, atenção e equipe que não tínhamos.
Até tomar uma escolha de curadoria por um nicho que a gente domina, foram anos tentando abraçar o mundo (risos). Depois disso, a gente se viu muito mais como produtora e agência e passamos quase 1 ano com poucos lançamentos – ter um selo é e trabalhoso e com pouquíssimo retorno financeiro – mas ali entre fim de 2018 e 2019 o selo quase acabou, mas recebemos tanto apoio das nossas artistas, produtores parceiros e principalmente o público, que sobrevivemos esses anos estranhos.
Agora, nos últimos 2 anos, acho que a gente conseguiu achar um equilíbrio entre tudo que a gente se propunha, e principalmente, um equilíbrio financeiro nisso tudo de selo, agência, produtora e ainda gerenciamento da carreira de algumas das nossas artistas.”
Quando perguntam o que é a PWR Records em 2021, como definiriam? Quem faz a PWR, como vocês atualmente se organizam, e quais os novos planos a caminho?
Letícia Tomás (PWR records): “A gente se resume como plataforma de gestão de carreiras de mulheres na música. Acho que muitos selos hoje tomam essa posição de plataforma, né?
Hoje eu, Letícia, faço gestão de tudo, com a Marta como conselheira e braço direito. E também temos uma mentora na gestão do rolê!
E hoje, entrou no time a Fer, também colunista aqui do Hits, na nossa comunicação!
Nas carreiras das artistas, contamos com um time de produtoras executivas que trabalham junto com elas – tem a Victoria com a Jasper e a Gana, a Maury com a Viridiana, a Layla com a Gabriela Brown… e outras, elas são tudo <3″
Aliás, vocês vira e mexe ainda têm que desmistificar muitas informações sobre o funcionamento do mercado e sobre as melhores práticas para colocar os trabalhos na rua, sejam eles festivais, discos, projetos, consultoria e outras frentes. Quais situações estão mais cansadas de discorrer sobre?
Letícia Tomás (PWR records): “Nossa, acho que eu tô cansada de explicar: como funciona playlist; como tem que ter bom senso para vender shows; o trabalho de um booker; que investir na carreira é essencial e pouquíssimas coisas “acontecem do nada”… ah, e sobre cronograma! Um dia consigo fazer todo mundo respeitar um cronograma de lançamento! Agora já tenho muitos relatórios que provam que essas boas ações geram resultados e conto com isso para convencer geral.”
Como está sendo para vocês lidar com muitas transformações, do rebranding, novo entendimento do que fazem a retomada mais forte tanto no planejamento como dos shows e festivais e o digital cada vez sendo mais importante no bizz? Dá uma certa emoção ver tudo se reerguendo? Há alguma chance de um evento do selo para comemorar?
Letícia Tomás (PWR records): “Sobre as transformações: agora a gente vê a PWR tem um histórico de erros, acertos elogios e críticas que a gente consegue olhar para evoluir; o amadurecimento da pwr vem junto do nosso, agora não levamos mais tanto as criticas e os elogios pro pessoal (risos).
A gente teve uma mentoria que nos ajudou muito nesse processo de rebranding e expansão – a ideia é aumentar a equipe em 2022 pra que cada vez menos o pessoal esbarre na pwr. Que daí já adianto, que não vai ter festão de 5 anos por questões pessoais (risos).
Tivemos nosso primeiro evento pós-pandemia no início do mês, no amplifiquintas, que internamente tratamos como nosso “bolinho de aniversário” (risos) já estamos debruçadas nas datas e possibilidades de shows em 2022!
É uma euforia com um pouco de receio abrir uma agenda de shows, ser do nosso tamanho e garantir shows pequenos-médios tá sendo um esforço o coletivo para formação de line-ups e garantir datas nas casas, a retomada não vai ser tão simples pra gente.”
Ao longo do tempo vocês também passaram por muitas mudanças no casting, entre aprendizados e fins de vínculos, o que acreditam que é o caminho para a PWR nos dias de hoje? Como tem sido o processo de construção e como entendem que hoje ele deve ser composto?
Letícia Tomás (PWR records): “Os vínculos que se encerraram se foram em momentos em que não podíamos abraçar a carreira daquelas artistas como elas queriam, e hoje temos mais clareza de como conseguimos trabalhar as artistas do nosso catálogo e também sabemos negociar melhor nossos contratos (risos).
A nossa curadoria hoje se constrói com um olhar interseccional e diverso, que abranja diversas realidades, e que alinha nossa assinatura sonora mais indie com as oportunidades de mercado que estão ao nosso alcance. Nossa missão é garantir cada vez mais espaço para as mulheres do nosso casting atual no mercado; dar informação e ferramentas para as demais mulheres e pessoas não-binárias que nos acompanham.
Aliás a coletânea de aniversário já dá bastantes dicas sobre a proposta também. Contem mais sobre as artistas, planos e adaptabilidade para novos formatos na hora de divulgar a música que nossos tempos cada vez exigem mais.
Letícia Tomás (PWR records): “Tentamos pensar sempre em atitudes concretas que nos aproximem de um mercado mais igualitário e diverso, atacando um problema por vez, assim não nos iludimos focando só no topo do iceberg da falta de mulheres na música.
A partir daí, estamos financiando e construindo nossa aceleradora e um outro projeto de coletâneas para 2022. Pretendemos também dar continuidade às aulas e curso que fizemos em parceria com a Brava, Sinto falta de ter um espaço de mais diálogo com nosso público, talvez o podcast volte pra isso ou começamos a falar sobre nossas pesquisas, conclusões e ideias de backstage nas redes…
Falando das artistas, tem bastante álbum saindo em 2022! A Troá lança disco e queremos circular muuuito, a Gaivota Naves um EP, Jasper e a Gana também tem um EP…”
Artistas da PWR records comentam também sobre o momento e os planos futuros
Gabriela Brown
“Acabei de lançar “Minha Voz”, é minha primeira musica que lanço desde o início da pandemia. E eu estava esperando esse momento há muito tempo, estava com medo de lançar em um período tão incerto e eu sabia que queria transformar a Gabriela Brown de antes nesta Gabriela Brown dos palcos.
Depois de um disco de R&B (Zeugma, 2019) sabia que eu queria voltar aos lançamentos com um pop com gosto de rugido entalado. Para 2022, quero shows com gente em pé, suada e sentido cada letra cantada. Já estamos trabalhando os futuros lançamentos e um EP com grandes parcerias!”
Lumanzin
“No momento tô entendendo o quanto eu sou “desenrolada” e como isso se aplica à situações, países, línguas e culturas diversas. Desde a adaptação a pequenas vilas, como a grandes polos internacionais. Pro “Mansinha”, que é o único projeto que trabalho no momento – além de tentar achar algum papel que me dê permissão de residência em qualquer lugar -, estou preparando e pensando com bastante calma em todos os materiais visuais que quero e vou produzir até Março, que é a previsão de lançamento do álbum.
Não quero fazer nada com pressa, porque já bastou a saída afobada do meu país. Estou conhecendo gente, aprendendo possibilidades, montando um novo ciclo de amizade e profissional, então as inspirações vem em momentos de suspiros. Tô com mais vontade de colocar minha própria cara nos meus produtos, coisa que sempre evitei. Quero fazer mais show ao vivo, to escrevendo e organizando partituras das músicas antigas e novas, pesquisando e conversando com coletivos de diversos lugares pra produção de material e trabalhando pra poder pagar as pessoas direito, já que não tenho nenhum tipo de patrocínio ou edital.
Vivendo com pouco, vivendo bem. Deixando coisas pra trás, mas sempre aberta pra outras coisas. Aprendendo mais sobre mim, meu país, minha cultura e a cultura dos outros. Comparando lugares diversos, gravando e ensaiando bastante. Me inserindo na cena Britânica ao mesmo tempo que me despeço. Vivendo o que prometo com o título do álbum que vem, superando o título do álbum passado – superando pela segunda vez. E cada dia mais certa de que a última coisa que eu quero é estar ou fazer coisas sozinha.”