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Supergrupo Vacilant lança novo álbum em tempos bravos

O supergrupo cearense chamado Vacilant, formado por Yuri Costa, músico e produtor da banda maquinas, Clau Aniz, Felipe Couto (Astronauta Marinho), Tuan Fernandes (Chinfrapala) e Taís Montero, acaba de lançar seu mais novo álbum intitulado Tempo Bravo.

Dentre estéticas do hyperpop e IDM, o álbum transcende à MPB, ganha um ótimo cover do Cidadão Instigado e se debruça até mesmo no spoken word. Mesmo em camadas complexas, a audição se torna fácil pela produção cinemática e repleta de referências.

Em tempos de pandemia, o projeto que ganharia sua divulgação com um show ao vivo na Mostra de Artes do Porto de Iracema (MOPI) – Instituição da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará acabou se tornando um álbum visual.

Entrevista: Vacilant

Entrevistamos Yuri Costa para saber mais sobre esse projeto visual, a produção do novo álbum, pandemia e o futuro.

Vacilant é um supergrupo formado por Yuri Costa, músico e produtor da banda Maquinas Clau Aniz, Felipe Couto (Astronauta Marinho) e Tuan Fernandes (Chinfrapala). Como aconteceu essa reunião da nata cearense?

Yuri Costa: “Na formação do grupo estão também Clau Aniz e Taís Monteiro. Clau Aniz compondo a banda que se apresenta ao vivo como compositora e Taís Monteiro é a responsável por toda a direção artística/fotografia do grupo.

Clau e Tuan, além de músicos da banda, também são artistas visuais, criando assim um grupo que pesquisa não só sonoramente, que as produções musicais estão sempre entrelaçadas com as artes visuais (capas, fotografias, vídeos e projeções) e elaboradas simultaneamente. Taís, sendo a única ‘’ não musicista’’ do grupo, desempenha o papel de dirigir/produzir/criar essa pesquisa visual.

A Vacilant iniciou seus trabalhos idealizados por mim (Yuri) e Taís Monteiro, fazendo os dois primeiros trabalhos apenas com parcerias nas produções. Aos poucos, nas apresentações ao vivo, Clau, Tuan e Felipe foram naturalmente participando dos shows, já que todos nós somos grandes amigues e desde 2015 fazemos coisas juntos ou trocamos ideias. Hoje, o que iniciou como um projeto, é um grupo de 5 pessoas pensando em som e imagem. O álbum visual ‘’Tempo Bravo’’ é fruto dessa primeira produção em grupo.”

O novo disco “Tempo Bravo”, traz uma sonoridade bem atual e original, da MPB ao IDM, cheio de arranjos complexos. Como funcionou a produção do disco em tempos de pandemia? Quais foram as principais mudanças dos projetos anteriores para o novo?

Yuri Costa: “Foi complicado, resumimos os dias de encontros presenciais a menos de 8 dias espalhados em 6 meses de trabalho. O necessário para gravar alguns instrumentos em estúdio e captar imagens que estariam presentes no álbum visual.

Todo o resto foram processos de discussão, composição e escrita por meio do zoom. Como todos os músicos do grupo trabalham de alguma forma com produção musical e áudio, pudemos compor a distância, cada um de seus softwares de edição e discutindo esteticamente as composições online.

O mesmo foi feito para as artes visuais, em cima de muitas reuniões e textos, decidimos que a maior parte do álbum visual seriam de imagens digitalmente feitas e/ou imagens de arquivos da internet, resumindo a captação de imagens apenas para ‘’Tempo Bravo’’ e ‘’Corredeira’’.

Para isso chamamos Insira (@insiranomeaqui) e Benia (@amorfa.s) para produzir imagens digitais para duas das músicas: ‘’Sopa de ossada’’ e ‘’Serviços essenciais’’.

Vocês também produziram um álbum visual para o novo disco, que foi exibido na Mostra de Artes do Porto de Iracema (MOPI) – Instituição da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará, substituindo a apresentação ao vivo. A ideia já havia sido planejada? Nos conte um pouco mais sobre essa reinvenção no projeto.

Yuri Costa: “Entramos no laboratório de música da escola Porto Iracema das Artes no final de 2020, quando escrevemos o projeto ainda não estávamos em pandemia. A princípio iríamos produzir o álbum e simultaneamente criar uma apresentação ao vivo com intervenções visuais (lazers, projeções, iluminação sincronizada).

Depois de muitas mudanças, decidimos que o mais viável era tornar a nossa pesquisa a criação de um álbum visual. Sempre foi do nosso interesse criar registros audiovisuais, acabamos unindo essa vontade com a situação em que estávamos e as possibilidades de pesquisa.

Tínhamos algumas composições e o projeto escrito, mas a maioria dos processos foram feitos enquanto pesquisávamos dentro da Escola. Também tivemos a tutoria de Maria Beraldo para esse projeto, musicista/artista que se manteve em contato com nós para discutir esteticamente nosso trabalho e ajudar nos processos.”

“Minha Imagem Roubada” é uma composição de Fernando Catatau, do álbum “O Ciclo da Decadência” do Cidadão Instigado, que está presente em “Tempo Bravo”. Por que a escolha dessa faixa integrar o álbum?

Yuri Costa: “É unânime para nós 5 que o Catatau é um artista muito importante para nossas obras. Mesmo antes da escolha da música, já estávamos decididos que queríamos gravar algo dele.

Acho que a escolha da música partiu de uma saudade gostosa de irmos para um show do cidadão e acompanhar todos cantando essa canção tão entregue (já que estávamos todos em isolamento social e sem poder exercer nossos trabalhos).

Tentamos trazer essa melancolia/nostalgia tanto no arranjo, quanto no vídeo. Conversamos com o Catatau para fazer esse fonograma e ficamos muito felizes dele autorizar, foi lindo gravar uma música dele.

O novo disco busca “Investigar a ressonância do tempo em nossos corpos e mentes. Poderíamos estender, dilatar, ressonar, demorar, retomar, destruir e reconstruir. Não em truque sonoro e imagético, mas em experiência dividida.” Essa experiência de passado, presente e futuro se misturando apenas a uma existência se tornaram mais evidentes do que nunca entre 2020 e 2021. Como vocês visualizam nossa existência em 2022? O que aprenderemos com essa pandemia que estamos enfrentando?

Yuri Costa: “Não sei se aprendemos algo nem se vamos aprender, mas fica claro que a pandemia deixou muito mais exposto as desigualdades e que o modelo de sociedade em que vivemos é insustentável.”

Quais são os próximos passos para o Vacilant? Podemos esperar turnê? Prensagens físicas do novo álbum?

Yuri Costa: “Estamos nesse momento, com a volta da possibilidade de encontros presenciais, elaborando nossa apresentação ao vivo.Enquanto ensaiamos as músicas e programamos as execuções, vamos também testando e criando formar de trazer a visualidade do álbum visual para o show. Seja com projeções ou iluminação programada. Turnê e prensagem física depende de editais e certos incentivos… é sempre uma vontade e estamos sempre buscando possibilidades, escrevendo projetos e etc. Gostaríamos muito de ter algumas fitas k7 da Vacilant! Estamos escrevendo sobre uma instalação sonora do álbum, é um monte de coisa…. falta grana haha. Mas estamos no gás, tentando projetos e no aguardo da possibilidade de fazer shows com frequência. É nosso principal caixa do grupo, e agora com a volta das apresentações (mesmo que timidamente) podemos investir nas nossas ondas.”

Deixe um recado para aqueles que ainda não conhecem o Vacilant.

Yuri Costa: “Bora! Spotify, Deezer, YouTube, Bandcamp, pirataria na internet, estamos nesses cantos todos! Lançamos esse álbum visual chamado ‘’ Tempo Bravo’’, está disponível no canal da Mercúrio Música! Espero que gostem!”

This post was published on 6 de outubro de 2021 12:24 am

Diego Carteiro

Apresentador do programa Ruído na Internova Radio, colaborador do Hits Perdidos. Entusiasta de shows e festivais e músico nas horas vagas. Siga o Hits no Instagram: @hitsperdidos

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