Filipe Mariz celebra a cena alagoana em feat. com Yo Soy Toño para “Algo Seu”

 Filipe Mariz celebra a cena alagoana em feat. com Yo Soy Toño para “Algo Seu”

O encontro improvável de uma cena efervescente. Poderíamos contar assim a história do single e clipe para “Algo Seu”, parceria entre Filipe Mariz e Yo Soy Toño. Dois conhecidos músicos da cena alogoana, de círculos de músicos da cidade que não se davam, mas que já se admiravam mutuante já um bom tempo.

Nos últimos anos, inclusive, já haviam colaborado em diversos projetos, entre produção de eventos a sociedade no Tune. A parceria no campo criativo parecia questão de tempo e o momento de reclusão acabou sendo o período para isso.

Foi através do whatsapp que a ideia para o single se desenvolveu. Além desta parceria o segundo disco de Filipe Mariz, Possa Nova, reúne outras colaborações com músicos da cidade como, por exemplo, LoreB – que você já pode acompanhar os lançamentos no Hits Perdidos.


Os Alagoanos Filipe Mariz e Yo Soy Toño
Filipe Mariz e Yo Soy ToñoFoto: Divulgação

Filipe Mariz e Yo Soy Toño “Algo Seu”

Como ingrediente extra, a parceria também celebra o bairro do Jaraguá e mostra o processo de revitalização do local histórico – berço da cena artística local e da própria cidade em si. Desta forma celebrando, nas entrelinhas, a trajetória de toda uma geração de músicos.

Foi naquele canto da cidade onde Filipe Mariz se desenvolveu como músico (nas bandas Troco em Bala e The Mozões) e como produtor cultural, à frente do Rex Jazz Bar.

Yo Soy Toño participa tanto da música como do vídeo e reforça a força da conexão que o disco reúne e também revela um momento do independente da região. Além de Toño participam do disco LoreB, Robson Cavalcante, Leo Bomeny, Felipe De Vas e Bruno Leahy (veja o clipe para “O Calor“).

Alguns dos citados que participam do último disco do Wado, um dos mais belos de 2020 que entrou na nossa lista de Melhores Álbuns de 2020. O disco foi realizado graças ao apoio cultural da Secretaria da Cultura do Alagoas, através do incentivo federal da Lei Aldir Blanc.

As Nuances da Produção Audiovisual

A resistência da cultura, através do grafite na parede às manifestações culturais, são celebrados e reverberam ao longo dos takes que mostram uma vasta gama de cores presentes nas imediações, entre belas melodias e o brilho das luzes da noite na cidade.

As mudanças e transformações da vida também ganham versos para nos lembrar da leveza de como deveríamos encarar a vida, nossos vínculos e conexões além do campo da arte. O vídeo foi dirigido por Juca Braga.



Mundo Inteiro Ao Vivo

O momento acaba calhando para os dois músicos terem grandes novidades. Yo Soy Toño na última quarta-feira (3) anunciou o lançamento filme Mundo Inteiro Ao Vivo, que trará versões das músicas de seu primeiro álbum, Mundo Inteiro (2020), interpretadas por Antonio Oiticica ao lado de sua banda.

Impossibilitado do contato físico, devido a pandemia, a produção é o primeiro contato com o público para viver a experiência de assistir o formato do disco nos palcos.

Mundo Inteiro Ao Vivo chega com diferentes pacotes que já podem ser adquiridos pelos fãs, com acesso antecipado ao filme e outros “mimos” exclusivos produzidos pelo músico.

A produção musical de Mundo Inteiro Ao Vivo é assinada por Fellipe Pereira, e a direção e montagem do filme, por Duda Bertho.

  • O filme será disponibilizado também no YouTube, após o período de exclusividade para os colaboradores, assim como sua versão em áudio estará nas plataformas de streaming.

Entrevista: Felipe Mariz e Yo Soy Toño

Para entender mais sobre a história deste encontro improvável, conversamos com os dois músicos que nos contaram nuances da efervescente cena alagoana. Confira!

Como foi gravar essa parceria?

Filipe Mariz: “Os primeiros meses da pandemia foram repletos de momentos estranhos. Como a maioria das pessoas que trabalham com música, me vi impossibilitado de trabalhar. Não falo só na parte artística, mas sem trabalho como renda mesmo. Com os planos e projetos de lado, resolvi tirar do papel a ideia do novo disco. Numa madrugada em que ouvi Clube da Esquina em loop, me veio a ideia da música.

Os sons vieram na cabeça, mas não me veio nada de letra. Sem nenhuma ideia do que falar, ou pra quem falar, mandei a música para o Toño, que é uma pessoa que tenho admirado muito o trampo, e, no dia seguinte, ele veio com a letra encaminhada. Faltavam umas frases e uma estrofe, então saí pedindo ideias para as pessoas e LoreB contribui com nossa letra, além de também cantar na música.”

Yo Soy Toño: “Pra mim, foi muito legal. Eu e Possa já temos colaborado de várias maneiras há alguns anos, tanto produzindo eventos juntos ou sendo sócios no Tune, e poder compor Algo Seu foi massa porque finalmente tivemos uma parceria menos na área de produção e mais criativa mesmo.

Começou com um envio de áudio de WhatsApp com a música sem letra, só o Possa cantarolando e acompanhando a melodia no violão. Eu então fui montando a letra e mandando pra ele as ideias, e daí fomos construindo.

Ele me mandava de volta com um novo verso, eu propunha algo ali e aqui. Até que fechamos. Isso tudo rolou duplamente à distância, pela pandemia e porque eu tô no Rio e ele em Maceió. Pra gravação, eu fui na Audio Rebel fazer as vozes, Possa me mandou as tracks da música e também fez uma espécie de guia de como poderia ser feita a voz. Deu super certo e o resultado tá no Possa Nova!”

O que vocês queriam para esse clipe?

Filipe Mariz: A princípio a ideia era só a gente de rolê andando de bicicleta com sorrisos de dois homens bonitos pela cidade ? (risos)”

Yo Soy Toño: “A ideia foi do Possa: uma espécie de passeio pela cidade, que é um pouco o que a música fala. Penso também que, por ser no Jaraguá, esse passeio pela cidade é um passeio no passado. O Jaraguá é o bairro histórico de Maceió e de onde a cidade teria se originado. Isso condiz com a música, já que ela fala sobre pessoas que se cruzam e lembram da sua história juntos, que se reconhecem. Então, o clipe pra mim é sobre essa caminhada pelo passado, tanto material, de um bairro antigo, quanto sentimental, das coisas vividas com quem a gente tem e tinha por perto.”

Como é a relação de vocês com o bairro do Jaraguá?

Filipe Mariz: “O Jaraguá é o bairro mais foda de Maceió, mas também um dos mais esquecidos. Já foi o polo da noite mais movimentado, já foi a rua de bordéis quando o Porto era movimentado, é o lugar onde se tem carnaval, São João e festas da cidade e, ultimamente, tem sido o respiro da comunidade cultural.

As ruas (antes da pandemia) estavam repletas de arte, com diversas atividades diferentes, como feiras literárias, música na rua e encontros únicos. Jaraguá tem um significado a mais pra mim, porque produzo festas e eventos culturais no bairro há cerca de cinco anos e gerenciei o Rex Jazz Bar. Foi onde me consolidei como agente cultural em Maceió e onde pude realizar diversos encontros da música, de pessoas e de muito amor.”

Yo Soy Toño: “Pra mim, o Jaraguá tem uma importância enorme. Eu inclusive fiz meu projeto de mestrado sobre a ocupação artística presente no bairro. Esse é o bairro de onde a cidade se originou, do seu porto e é o bairro histórico e de maior referência cultural em Maceió. Ao mesmo tempo, tem uma grande dificuldade de manter suas atividades culturais vivas.

É lá onde parte do carnaval maceioense acontece, mas também em dias menos cheios tinha, por exemplo, antes da pandemia, os ensaios de grupos de maracatu como o Coletivo Afrocaeté. O próprio Rex, do qual o Possa tem ligação e eu toquei tantas vezes, e é o grande ponto de encontro da música alternativa e de parte da cultura jovem em Maceió, fica também lá.

O Jaraguá tem essa aura de que poderia estar “rolando mais”, acho que existe esse discurso de que é preciso revitalizar o bairro e é muito interessante, portanto, fazer um clipe lá, porque essas questões vem à tona também.”

Há alguns anos, vocês não teriam feito uma música juntos. Como vocês veem que a cena de Maceió pode se desenvolver e se sustentar melhor com uniões criativas assim, como essa de vocês?

Filipe Mariz: “Estamos vivendo um momento de distanciamento social, mas de estreitamento de laços virtuais. Nos organizamos mais como segmento musical em Maceió, e as políticas públicas têm sido algo que nos uniu.

Toño e eu tivemos nossa diferenças quando tínhamos Troco em Bala e Dóf Láfá, uma rivalidade de bandinhas juvenis que até foi saudável para nós, apesar de bem destrutiva (risos).

Vejo ele hoje como companheiro de luta pelas políticas públicas eficazes em Maceió, tenho um respeito muito grande pelo trabalho dele e acredito que ele também, pelo meu, se não nem teria gravado o seu disco no meu estúdio, né? (risos)”

Yo Soy Toño: “Acho que é ótimo. Inclusive os discos do Possa, ainda mais esse, prestam um serviço muito importante que é de organizar quem tá fazendo música em Maceió.

O Possa Nova, a meu ver, trouxe toda a galera massa, todo mundo que admiro na cena maceioense pra cantar junto. Todas as pessoas inclusive têm amizade umas com as outras. E faz todo sentido. Até o começo de 2020, eu nunca tinha composto com outras pessoas, a não ser pela minha banda Dof Láfá. Desde então já fiz músicas com Possa, com Robson, com Lore e tô adorando! Compor com outras pessoas abre muito o leque de possibilidades criativas e é massa, ainda com os amigos!”

Filipe Mariz Possa Nova


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