Uma das ótimas novas bandas da safra pernambucana, Mulungu, vinha já apresentando seus singles – e clipes – ao longo do ano passado. Agora é chegada a hora de apresentar seu debut que conta com 10 faixas com direito a vídeos em libras para acompanhar e uma dose extra de psicodelia brasileira.
O disco inclusive traz participações especiais de diversos artistas pernambucanos também, como Luna Vitrolira, Sofia Freire, Una, Henrique Albino (nos sopros [flauta e saxofone]) e Felipe Castro.
Em sua formação o trio Mulungu conta com Jader, nas vozes, Guilherme Assis, Violão, Guitarra, Sintetizadores e programações Eletrônicas, e Ian Medeiros (Mahmed) na bateria, e para o lançamento de O Que Há Lá pode contar com o incentivo do Funcultura, através da Fundarpe, Secretaria de Cultura e Governo do Estado de Pernambuco.
Como norte, o álbum tem como tema central o existencialismo, este que ao longo da pandemia ganhou novos desdobramentos e reflexões por parte de todos os habitantes do planeta.
“É um disco existencial. É sobre aceitar – e a ordem que as músicas foram organizadas gira em torno disso, de aceitar os movimentos. Seja da vida, da música ou do disco, claro.”, diz Jader.
Questionamentos sobre quem somos, o que queremos, qual o propósito do que procuramos e qual o tempo certo? acabam ganhando versos, riffs, curvas, imagens e melodias ao longo da obra. As respostas, claro, vão depender da experiência que o ouvinte terá após o play.
Sobre a experimentação, liberdade e a forma como foi produzido, eles comentam: “Trabalhamos com equipamentos eletrônicos, samples e bases eletrônicas pré-gravadas. Assim, a limitação de pessoas guiou a composição do disco”, afirma o vocalista Jader.
Hoje será lançado um mini documentário que vai ao ar no youtube da Mulungu.
Este material conta com um show-entrevista gravado na Passadisco, uma das poucas lojas de discos remanescentes no Recife, e também local afetivo para o vocalista Jader, fundado pelo seu pai. O material tem intervenções visuais de Gabriel Furmiga e direção de Hugo Bonner e Vitor Sormany.
O álbum foi gravado nos estúdios Zelo e Cantilena entre 2018 e 2020 (Recife/PE) e (Natal/RN), a mixagem é assinada por Guilherme Assis (Zelo estúdio, Recife /PE) e a masterização foi feita por Felipe Tichauer (Red Traxx Mastering, Miami, nos EUA).
“A Boiar” já chega mostrando o ritmo da toada, com uma frequência quebradiça entre o mundo real e o plano dos sonhos. Versos como “se afogar no raso” dão a sensação de aprisionamento e reflexão como parte do árduo processo de cura. Os sintetizadores e as programações eletrônicas, contribuindo para que adentremos ao cenário imaginético que o disco explora com sagacidade.
Na sequência temos a faixa título, “O Que Há Lá”, composição de Jader em parceria com Guilherme, que já navega por camadas mais jazzísticas com direito a sopros do saxofone de Henrique Albino. Até mesmo a conga entra no emaranhado de sons, samples e texturas da canção que utiliza até mesmo da melodia da voz como parte da instrumentação. A procura por respostas conduz a orquestra de sinfonias – e pensamentos.
O sax entra em cena em “Ir/Vir” que ganha um swing na guitarra para falar sobre o lado espiritual e o portal entre o mundo dos vivos e dos mortos. A luta por manter a sanidade em meio a tudo isso entra como elemento.
Com batidas, “O Certo” questiona as verdades absolutas e a procura por se encontrar, ou seja, o existencialismo em sua essência. Com jogos de palavras e brincando com vaidade e os egos, a canção reflete sobre a busca pelo equilíbrio e sanidade. Não preciso nem dizer que ela encaixa feito uma luva nas reflexões que em algum momento você teve neste período tão nebuloso da história da humanidade.
Com Guilherme no piano e a participação de Felipe Castro, Sofia Freire e Una, “Aço” tem uma órbita própria e consegue trazer reflexões e sentimentos à tona. Discorre sobre as relações humanas, o sentimento de empatia, a busca pela cura, liberdade, conflitos e razões para viver.
“No Ar” é daquelas que possui um refrão feito para grudar. Trazendo para seu instrumental uma conexão imersiva que se conecta com ouvinte através de ondas eletromagnéticas. Com a participação de todos os convidados, e a ânsia pela procura por respostas no futuro, ela vai crescendo a cada audição.
“Deus Tempo” talvez seja o single principal do disco. Com direito a referências distintas que nos levam para a música produzida no oriente, efeitos e melodia que parece ter sido feita pra você entrar em transe. A relatividade do tempo e os acontecimentos que permeiam a sua passagem, ganham versos para falar sobre os medos, delírios e mistérios da vida.
“Pausa esse momento / o mundo precisa de tempo / somos tantos, tantos, a esperar / mas o caos já está no vento / e só focas no momento / o Deus tempo não vai esperar”, trecho de “Deus Tempo” que parece ter antevisto a pandemia da COVID-19.
Os “Extremos Intoleráveis” dos nossos tempos, entre fake news e guerras virtuais, reluzem na faixa que conta com participações de Una e Luna Vitrolira. A guitarra serve com catalisador da tensão que paira no ar para que os vocais das convidadas brilhem. Tirando o fôlego para entregar a intensidade que a canção exige.
“Ao Avesso” é seca e desértica para ilustrar sobre “o universo se virar ao avesso”. Em busca da compreensão e paz da nossa mente versus o plano das expectativas, a canção traz todo o drama para frente.
Quem tem a missão de fechar, com o retorno do piano, é a bela e delicada “Pêndulo”. Os sonhos ganhando protagonismo para falar sobre o desconhecido e o que está longe do controle do nosso consciente. Brincando com as forças do consciente e inconsciente que por inúmeras vezes entram em conflito. O protagonista volta para o começo de tudo para se desprender das cobranças e dos questionamentos existenciais.
This post was published on 27 de maio de 2021 12:05 am
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