Jair Naves, mais conhecido por liderar uma das maiores bandas do underground nacional ao longo dos anos 2000 – a Ludovic, com os discos Servil (2004) e Idioma Morto (2006), também possui um catálogo em carreira solo. São mais de 15 anos se entregando profundamente nos palcos e em discos memoráveis. São eles “E você se sente numa cela escura, planejando a sua fuga, cavando o chão com as próprias unhas“ de 2012 – que lhe rendeu um prêmio APCA na categoria “Revelação”, Trovões a Me Atingir de 2015, Rente de 2019. Além de uma variedade de EPs e Singles.
Hoje, o compositor nascido em Brasília residido em São Paulo, lança seu novo single “Todo o meu Empenho” que precederá seu quarto álbum ainda sem nome em um momento diferente, morando em Los Angeles ao lado de sua esposa, a atriz e cantora Britt Harris.
Ao contrário de seu último trabalho mais político, o novo single traz uma reflexão interna, tenta olhar para si mesmo buscando evolução. A produção foi investida em sintetizadores e baterias eletrônicas como alternativa à banda que não pôde se reunir em estúdio devido a pandemia de Covid-19.
Entrevistamos Jair para sabermos mais sobre a produção de seu novo single, sua vida em Los Angeles e projetos futuros.

Jair Naves – Foto Por: Renata De Bonis
Entrevista: Jair Naves
Hoje você vive em Los Angeles com sua esposa e cantora Britt Harris. Como essa mudança de ares influenciou nas suas composições?
Você está lançando um novo single “Todo o Meu Empenho”, que serve como uma prévia de seu quarto álbum solo ainda sem título definido. Na composição, podemos notar arranjos de sintetizadores e bateria eletrônica. Como está funcionando todo o processo de gravação em tempos de pandemia/ quarentena?
Seu último álbum “Rente”, embarcava em temas políticos e sobre a tensão que o Brasil (ainda) vive. Podemos notar uma mudança de caminho em seu novo single, buscando olhar a si próprio e enfrentar seus sentimentos. O novo disco trilhará um caminho de temais mais pessoais? O Jair Naves de hoje está exorcizando seus demônios?
Assim como seu novo trabalho busca a reflexão em olhar a si mesmo para evoluir, você acredita que o mesmo acontecerá com o Brasil após toda essa tensão política e extremista?
Você mora em um país que viveu situações semelhantes ao que o Brasil ainda vem vivendo. Quais são suas expectativas agora com um novo presidente?
Torço também para que eu, enquanto imigrante, veja alguma melhoria nas leis que contemplam pessoas na minha situação. Mais do que isso, gostaria muito que marcasse o fim do espalhamento de notícias falsas enquanto tática política e que simbolizasse alguma proteção para o meio ambiente, mas talvez aí seja pedir demais.”
Com o fim da pandemia, quais serão os próximos passos no futuro? Planeja turnê?
Jair Naves: “Engraçado você tocar nesse assunto. Esse foi o primeiro disco em que não teve no estúdio aquela preocupação do tipo “tá, mas como vamos fazer isso ao vivo?”, justamente porque não consigo nem imaginar quando vou poder apresentar essas músicas em shows.
Por fim, a pergunta que não quer calar – Tem planos para a Ludovic nos próximos anos?
Jair Naves: “Em 2021 o “Idioma Morto” completa 15 anos de seu lançamento. Eu adoraria conseguir realizar algo para comemorar essa data. Vamos ver se conseguiremos concretizar alguma coisa.”