Recomeçar não é fácil. Recomeçar bem longe de casa e depois de tanto tempo em um projeto bem sucedido então. Construir algo do zero envolve uma busca interior que envolve além de muita força de vontade e maturidade, muita espiritualidade. E é assim que ressoam as primeiras canções de Rod Krieger.
Mudança e adaptação são duas palavras que acabaram entrando em seu cotidiano. O ex-baixista da Cachorro Grande, e multi-instrumentista, recentemente se mudou para Portugal, e claro não conseguiu ficar por muito tempo longe da música.
Mas ao invés de seguir um caminho seguro através das influências do grupo gaúcho ele preferiu explorar novas referências para a identidade do projeto. Descobriu discos, revisitou outros e foi lapidando o que viria a se tornar seu voo solo.
A Elasticidade do Tempo chegará a nossos ouvidos no dia 13 de março e recentemente ele lançou os singles “Louvado Seja Deus“, música que tem participação de Arnaldo Baptista (Os Mutantes) e “Todos Gostamos de Você“.
A espiritualidade, o encontro do ocidente com o oriente e o resgate pela música brasileira acabam transparecendo nesta jornada de auto-conhecimento de Rod Kriger.
Em sua arte existem linhas tênues entra a expansão espiritual e a tensão do cotidiano, explosão essa com boas doses de psicodelia e distorção. Tanto é que a cítara indiana e os batuques acabam se encontrando para guiar seus novos caminhos.
Introspectivo por sua vez a viagem astral lembra até um pouco a proposta de grupos como The 13th Floor Elevators e Primal Scream mas de fato a música do oriente é ainda mais latente e ganha um lado um tanto quanto Oasis no jeito que conduz suas distorções. Khruangbin, por exemplo é um grupo que sabe usar isso muito bem.
Nesta segunda-feira (13/01) Kriger apresenta em Premiere no Hits Perdidos um novo single. “Raio” é uma faixa instrumental, estará presente no álbum, e tem todo uma energia celestial. Praticamente um mantra que viaja pelas luzes do horizonte.
A percussão acaba por sua vez servindo como arca para esta travessia. Sua bateria inclusive bebe do jazz e a canção ressoa como uma canção de passagem pelo faroeste…no melhor estilo tarantinesco.
A inspiração realmente veio dos filmes de faroeste no melhor estilo The Good, The Bad and The Ugly (Ennio Morricone – Sergio Leone, 1966). Rod Krieger aprendeu a tocar cítara (ou sitar) tendo aulas ainda no Brasil com Fábio Kidesh.
“Havia acabado de terminar uma aula de sitar, peguei o violão e compus “Raio” de uma vez só, senão me engano, o Fábio compôs o sitar de primeira também e depois gravou a versão final. As guitarras foram inspiradas no Keith Richards, e, depois do resultado, gostei da levada, e optei por deixar instrumental, algo como um interlúdio entre as canções”, conta o músico
O videoclipe nasceu pelo acaso do destino, daqueles que não tem muito como explicar. Mas de fato consegue transmitir a abstração e ambientar para as telas a energia – e a brisa – do velho oeste. Estava tudo certo para o clipe ser gravado mas por conta de um imprevisto isso não possível até que…
“Era um domingo de manhã, Rod tinha uma gravação do clipe agendada para aquela hora, mas o diretor teve um imprevisto e foi preciso cancelar. Tomamos um café e saímos com a Aretha, nossa cadelinha. Peguei o celular e comecei a fazer alguns registros.
Até que chegamos num parque e percebi que as árvores se encontravam no céu. Comecei a filmar aquilo, achei bonito e gravei um plano sequência no tempo de “Raio”.
Fui lembrando da canção e filmando. Quando sincronizamos com o áudio, ficou bem próximo de uma videoarte, não tanto um clipe, penso. Filmamos mais algumas versões e daí finalizamos”, conta Thais Pimenta, diretora do vídeo e companheira de Krieger.
Mesmo tendo uma estética D.I.Y. a videoarte teve como referência nomes do audiovisual brasileiro. Entre eles Thais Pimenta cita os trabalhos de Lucas Bambozzi, Clarissa Campolina, Patrícia Moran e Cao Guimarães. A busca por elucidar a sensação de transe foi o ponto de partida para a produção audiovisual.
“Para dar a sensação de transe busquei brincar com o movimento, as texturas das árvores e os raios de sol. Inclusive, as árvores me lembram veias, gosto muito disso. Raio é uma espécie de dança e ritual pra mim, isso é o que quis transmitir com o vídeo”, completa Thais.
Sobre o resultado final Rodolfo ressalta:
“Ninguém melhor para captar essa videoarte do que a Thais. Ela acompanhou todo o processo de composição do álbum. Essa textura, em plano sequência, foi uma sacada intuitiva e momentânea da parte dela, mais natural, impossível”.
A capa do single é assinada pela artista visual Marina Abadjieff que optou pela colagem e por se deixar levar pela atmosfera e energia da canção.
“Fui pelo movimento da música, pelo o que ela me provocou”, diz Marina.
O músico vem aprimorando os arranjos das músicas com o The Telepathic Owls, duo formado por Halison P. no baixo e Mick Maciel na bateria.
Nesta semana ele se apresenta em Lisboa no clube Sabotage e trará um setlist para lá de diferenciado. Entre canções do novo álbum, versões de suas duas antigas bandas, Os Efervescentes e Cachorro Grande, e uma homenagem ao lendário Júpiter Maçã.
This post was published on 13 de janeiro de 2020 10:56 am
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