Após dois anos Ops retorna com um álbum de inéditas. Se antes sua trajetória como DJ e o uso de computadores para emular sua música era recurso, agora ele parte para uma nova fase. O digital entra em modo offline, e o analógico volta a cena em Lindo Mundo Feio.
Ao lado de uma banda ele mais uma vez abre o coração para versar sobre o hoje, seus amores, seus delírios e capacidade de criticar seu entorno. Através de cartas abertas seu sangue pulsa e traz à tona uma imensidão de sentimentos. Olhando para dentro e para fora e tentando traduzir toda essa energia cósmica que faz parecermos meros grãos de areia.
Em sua banda Rafael, o Ops, tem a companhia de Thiago Cunha, Lucas Tufas, Fernando Jatobá e Gustavo Dreher. Já no disco, Lindo Mundo Feio ele conta com participações cirúrgicas de Samyr Aissami, Júlia Carvalho, Guilherme Cobelo (Joe Silhueta), DIllo e Esdras Nogueira (Móveis Coloniais de Acaju).
“Dessa vez a banda se tornou protagonista nos arranjos, solos, melodias e, como compositor, eu voltei de vez pro meu mundo abandonado. Fiz questão de deixar o som vir sem pré-concepção, usando as minhas verdadeiras referências de vida. É tudo muito mais orgânico, eu não pensei no que podia e no que não podia.
Não me importou onde estavam a caixa e o bumbo. Daí vem a tona todo o meu arsenal de influências, Radiohead, Milton Nascimento, Grandaddy, Pulp, Wilco, Sonic Youth, Legião Urbana, Belle & Sebastian, Travis, Iron & Wine, Suede, Air, e tantas outras.
Lindo Mundo Feio é um álbum de rock calmo com pitadas de raiva e de alegria. É um álbum de contrastes. Quase bipolar. Tirei a barba pra fazer as fotos porque queria simbolizar essa volta ao passado.”
“As letras também vieram sem compromisso, ao contrário do primeiro disco. Por isso o nome Lindo Mundo Feio, porque eu continuo cantando meu protesto mas sem medo de escrever pra minha companheira, pro meu filho… Meu mundo de privilegiado é lindo, não posso negar. Mas eu tenho consciência de quem eu sou e do que eu to fazendo. Ta tudo explicado nas letras.
Todo mundo que ouviu o disco repetiu que é meu momento mais “maduro”. A ironia é que isso acontece justamente quando eu me volto à juventude.”
Rafael Ops escreveu com exclusividade para o Hits Perdidos um faixa a faixa destilando o disco Lindo Mundo Feio. Aproveite para ouvir o lançamento enquanto descobre mais sobre seus mistérios!
Obs: Cada uma de suas canções ganhou uma ilustração especial, em forma de postal, para o lançamento. Ele mesmo assina as peças e você confere com exclusividade por aqui.
Compositores: Rafael Ops e Rafael Mnstr
“Essa faixa é um prefácio do Lindo Mundo Feio. Ela apresenta o tema central do álbum: o contraste entre a graça e a desgraça.
Também resume meu eterno conflito acerca do meu lugar de fala. Como um homem branco, hétero, de classe média pode cantar pelos miseráveis, pelos excluídos?
Tal como posso ser triste se como boa comida todos os dias e durmo em uma cama quente e confortável? Como posso ser feliz sabendo que, enquanto abraço meu edredom, alguém tenta sacar um papelão do fundo do lixo pra lhe servir de cobertor? Hoje eu sei.
Não posso deixar de sorrir ao ver meu filho sorrindo e não posso deixar de chorar enquanto observo a destruição do mundo em que ele vai crescer. Conhecedor de meus privilégios, uso as palavras como uma forma de redenção.”
Compositor: Rafael Ops
“Vem Com a Gente é um convite para uma nova sociedade. Ela é inspirada no trabalho do Jacque Fresco e da Roxanne Meadows, criadores do Projeto Vênus.
Depois de anos refletindo sobre um modelo social e econômico mais justo e, naturalmente questionando o capitalismo, o socialismo e o comunismo, conheci essa proposta.
Hoje, dentro do meu humilde conhecimento, esse é o único modelo de organização social que considero impecável. Te convido a conhecer o projeto Vênus (saiba mais)”
Compositor: Rafael Ops
“Eu escrevi essa música porque queria cantar com a Julia Carvalho. Ao contrário de “Olha a Sorte que Eu Dei”, que eu dedico à minha companheira, “Você Roubou Meu Coração” não tem interlocutor ou eu lírico real – o que é raríssimo nas minhas composições.
Amo o trabalho da Julia e queria fazer uma música pop, com as influências que ela carrega, pra que a gente se divertisse.
A letra foi escrita como uma piada, uma brincadeira. Algo como: “Eu to aqui de boa, triste e solitário e você me sai da sua casa, vem até aqui e me faz feliz pra caralho? Com que direito? Pode dar licença?”. Ao mesmo tempo contextualizo o romance em tempo e espaço e me inspiro no meu próprio amor, então não deixa de ser atual e pessoal.”
Compositor: Rafael Ops
“Essa é a coisa mais bonita que eu já fiz. A que mais me emociona e orgulha. Escrevi quando meu primeiro e único filho estava na barriga da mãe – hoje tem um aninho. A sensação de escrever, com caneta e papel, pro seu filho pela primeira vez é indescritível.
Chorei quando escrevi, choro quando ouço e choro quando canto. É muito forte pra mim, até hoje, cada palavrinha dessa letra. É muito sincero, é muito real.”
Compositores: Rafael Ops e Rafael Mnstr
“O Rafael Mnstr, que assina várias co-autorias nesse disco, é meu parceiro de composições há anos, desde quando a gente dividia o palco com a banda Disco Alto, no começo do século.
Geralmente ele me manda esboços, melodias e harmonias soltas, coisas que ele tem guardado, etc. Dessa vez ele me mandou uma música pronta, com letra e tudo! Era uma música de dor de cotovelo, acho que dizia: “Eu acho que no fundo eu só queria te esquecer”.
Eu perguntei se podia mudar a letra e ele: “pode, mano, fica a vontade”. Acabei escrevendo a letra mais vamos-direto-ao-assunto do disco. Pra mim foi a cama perfeita, porque uma das minhas intenções é dizer o que quero dizer usando a música popular, incrustada no imaginário coletivo.”
Compositores: Rafael Ops e Rafael Mnstr
“Há muito queria cantar sobre a cidade em que cresci. Assim como o álbum, é um sentimento bipolar: quem vive aqui ama e odeia a cidade.
Brasília foi feita pra carros, pra ser um oásis do funcionalismo público e do militarismo, dona uma lei do silêncio absurda, especulação imobiliária criminosa, cartéis, grilagem, mansões e mais mansões e um povo esquecido, abandonado na periferia, com um dos piores e mais caros sistema de transporte público do mundo.
Ao mesmo tempo está fincada numa terra mágica, cheia de gente incrível. Uma cena cultural espetacular, em todas as áreas, apesar do constante boicote institucional.”
Compositores: Rafael Ops, Leonel Antunes e Rafael Mnstr
“Essa é a única música do disco que a letra não é minha. O Rafa Mnstr me mandou uma base eletrônica com um sample do Zé Ramalho – um tanto diferente do resultado final – e pediu pra eu meter uma letra.
Eu tinha acabado de ler uma série de poemas do Leonel Antunes – um grande amigo escritor e filósofo – e lembrei desse texto. Pra minha surpresa, a letra encaixou na música com perfeição e eu gravei logo as duas vozes. Quando da gravação do disco, refizemos o arranjo e convidei o Guilherme Cobelo, vocalista da Joe Silhueta pra cantar a voz mais alta. Ele aceitou e gravou com muito amor. Adoro o resultado.”
Compositores: Rafael Ops e Rafael Mnstr
“Essa música é um chamado internacional, por isso eu escrevi em inglês. Quis falar como quem, num cenário apocalíptico, acha um rádio pirata e chama na frequência por quem puder ouvir, na língua mais falada.
Ela clama por uma reunião de tropas e, literalmente, uma rebelião contra a injustiça social e a destruição da natureza. Tem alguém aí? Eu acho que é hora de unir forças.
Quando gravamos, senti que faltava um solo espetacular e logo pensei no meu amigo e grande guitarrista Dillo. Mandei uma mensagem com a proposta e ele me respondeu com o solo gravado em minutos. Acho que ficou perfeito.”
Compositor: Rafael Ops
“Essa é uma carta para os nossos irmãos latino-americanos, com um pedido de desculpas. No entanto, o pedido é pelo brasileiro médio, imerso em sua ignorância, com o cérebro lavado pela propaganda imperialista, mal educado, mal informado e, principalmente, mau. Também por um estado que sequer considera ensinar espanhol na escola e, pior, se ajoelha pra tudo que oprime.”
Compositores: Rafael Ops e Gustavo Dreher
“Essa letra narra uma viagem de carro pra praia com a família. Por viver na altitude, de tempos em tempos, qualquer brasiliense sente um desejo incontrolável de estar perto do mar.
No litoral é onde acaba o mundo feio e começa o lindo mundo. O caminho é longo, a estrada é péssima, a paisagem é soja, eucalipto e boi, mas a recompensa é inenarrável.”
This post was published on 14 de novembro de 2019 1:10 pm
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