Diego Xavier & Trio revive a magia dos anos 90 em vídeo para “Acaso”
O novo clipe do Diego Xavier & Trio nos leva direto para os anos 90!
Os anos 90 definitivamente marcaram época. Seja pelas roupas largas, seja pela cultura pop, seja pela tecnologia ou até mesmo pelos video-games….30 anos depois é impossível não lembrar desta década de maneira nostálgica.
Das Tartarugas Ninjas ao Capitão Planeta, dos jogos de Mega Drive as surpresas do Mc Donalds, passando pelas tatuagens dos chicletes Ping Pong e os tênis de luzinha. Tantas memórias, referências e histórias para se lembrar de uma geração que pôde ver a internet engatinhar.
Época onde a Blockbuster vivia seus melhores dias, onde era possível alugar desde fitas VHS – e devolver rebobinadas – a jogos de videogame. Onde demorávamos dias para baixar nossas músicas, e filmes favoritos, e o bate-papo da UOL fervia. Que nostalgia!
São tantas memórias! As fitinhas K7 permitiam uma sonoridade lo-fi que com o tempo virou referência na estética de inúmeras bandas. Nascia o Lollapalooza, e da noite para o dia as rádios foram invadidas por bandas como Sonic Youth, Fugazi, Stone Temple Pilots, Pixies, Faith No More e um tal de Nirvana.
Por aqui tivemos os icônicos Hollywood Rock e o Close Up Planet, já no underground foi a vez do Junta Tribo revelar toda uma nova geração de bandas independentes. Dava até para escrever um Almanaque da Turma da Mônica só de lembranças mas hoje vamos trazer logo um videoclipe que faz um belo passeio pelas memórias daqueles tempos.
Diego Xavier & Trio
Não seria nenhum exagero dizer que Diego Xavier é um veterano do rock paulista. Tendo em seu currículo bandas como Sin Ayuda, Bike, ÀBrasa, CHCL e mais recentemente o Diego Xavier & Trio. Natural de São José dos Campos (SP), ele também é responsável pelo Estúdio Wasabi onde além de gravar bandas, ainda organiza eventos com o intuito de fomentar o cenário local.
Cada uma de suas bandas possuí uma história e também passeia por diversos gêneros musicais. O Bike por exemplo, é mais psicodélico, o CHCL é hardcore e o Diego Xavier & Trio nos leva direto para os anos 90. Sobre este projeto que surgiu em 2015, ele deixa claras as motivações para sua existência.
“Cara eu vivi os 90 total né, nasci em 86. Toda a minha infância que eu tenho memória é anos 90, as músicas, as roupas, os produtos, brinquedos, cultura pop. Acaba que qualquer trabalho meu acaba tendo um pouco dessa essência. E agora com esse revival dessa época, não tem como ficar imune. Melhor fase (risos).”, relembra Diego
Premiere: Diego Xavier & Trio “Acaso”
Dando continuidade a divulgação do álbum Recortes (2019 / Transtorninho Records e Bigorna Discos) eles lançam hoje em Premiere no Hits Perdidos o videoclipe para “Acaso”.
A quarta faixa do registro tem acordes cheio de efeitos que nos remetem a grupos como Dinosaur Jr. a Mac Demarco, nostalgia que funde o passado ao presente.
A produção audiovisual por sua vez traz takes registrados durante as gravações do disco, e os bastidores, de um ensaio fotográfico. Uma boa forma também de apresentar para quem não conhece os rolês da cidade interiorana. Entre efeitos em VHS, e dancinhas descontraídas, o vídeo contou com a direção de Lucas Barbosa, da Peculiar.
Entrevista
Conversamos com o Diego Xavier para saber mais sobre o lançamento do videoclipe, cenário musical de São José dos Campos (SP), estética e suas peripécias musicais.
Como surgiu a Diego Xavier & Trio? E de que forma os anos 90 mudaram sua vida?
Diego: “Salve Rafa, então, na verdade eu sempre tive muitas bandas, ÀBrasa que era um hardcore instrumental, o CHCL que era hardcore punk com aquela puxada no grunge, o Sin Ayuda que era mais alternativão (sic).
Em 2015 depois de muito tempo eu fiquei como uma banda só, que foi o BIKE, que tem uma linha bem definida. Com o tempo certas composições e letras que foram nascendo não tinha como colocar no BIKE. Eu fui só acumulando.
Em 2016 eu chamei o Rodrigo e o Ricardo pra gente gravar um disco com esses sons aqui no Estúdio Wasabi. Ficamos mais de 1 ano só ensaiando e gravando, sem aquela nóia de show ou turnê. Sempre foi o lance de juntar os caras que eu curtia tocando e fazer um som na sinceridade e tomar cerveja. Nasceu o “DX3” (2017), com músicas dessa fase e algumas canções bem antigas.
Tocamos poucas vezes, mais aqui na região e já começamos a compor novas músicas. A gente ia ensaiando quando dava, entre as turnês do BIKE e os trabalhos dos meninos. Em março saiu o “Recortes” e convidei o Lucas pra somar na banda porque experimentei muita coisa de tecla nesse disco. E estamos aí, compondo mais músicas novas, e fazendo mais shows por aí.
Cara eu vivi os 90 total né, nasci em 86. Toda a minha infância que eu tenho memória é anos 90, as músicas, as roupas, os produtos, brinquedos, cultura pop. Acaba que qualquer trabalho meu acaba tendo um pouco dessa essência. E agora com esse revival dessa época, não tem como ficar imune. Melhor fase (risos).”
Como tem sido criar toda estética, partindo para o VHS, visual, camadas sonoras…quais artistas, filmes e referências inspiram o projeto?
Diego: “A ideia era sempre foi abusar da estética dos anos 90 mesmo, o DX sempre teve como referência o Dinosaur Jr (mesmo eu não sendo o guitarra fritador), as bandas emo ali dos 90, Fugazi, Nirvana, Sonic Youth, Built to Spill… por aqui a nossa referência é o Hurtmold, o finado Gigante Animal, o Lê Almeida.
O Lucas tem um coletivo de arte gráfica e vídeo, o Peculiar, e os meninos inovaram aqui na cidade ao aparecer nos rolês com uma câmera VHS. Eu tenho uma VHS mas não funciona.
O primeiro clipe, “Automático”, é o show do lançamento do disco gravado em VHS. E é um clipe comentado até hoje. Então decidimos fazer mais um clipe nessa pegada, mas usando recortes de vários momentos mesmo do ano.
O Lucas só selecionou as fitas todas e usamos como base a nossa sessão de fotos promo na casa do Limiro, o nosso stylish e fotógrafo. Eu acho que todo o processo é muito natural. A gente tem a sorte dos meninos todos pirarem nessa essência e terem vivido isso aqui em São José também.
Quem não lembra das camisetas da Big Johnson e os boné da Charlotte Hornets que eram febre. BMX. As delícias de quem tinha um SNES e um amigo com um Mega Drive. Molecada brincando na rua de taco e batendo figurinha na calçada. Bermudão xadrez e as roupas largas. TV Manchete e suas pérolas. Quem viveu tá ligado.”
O novo clipe reúne cenas descontraídas dos sets e ainda mostra um pouco dos “rolês” de São José dos Campos.
Quais bandas, casas de show, coletivos e movimentação interessante observa na região?
Diego: “Cara a região anda bem efervescida. Apesar de não ser a proposta, tenho feito mais festas aqui no Estúdio Wasabi, possibilitando a vinda de mais artistas independentes sendo apresentados aqui na cidade. A Hocus Pocus já está a mais de 20 anos na ativa também mantendo o legado. Tivemos uma participação mais ativa e aberta da Fundação Cultural nos últimos anos.
Duas vezes ao mês rola o Bar de Quinta, um projeto muito massa que traz banda independente de graça pra galera, a gente conseguiu fazer algumas edições do BIKE Convida em alguns teatros também, tudo e graça com banda foda. Teve a Casa Plural que fez muita coisa em sua curta existência, hoje temos a Casa Cultural Comuna Deusa também. O Bangue Estúdio em Taubaté (SP) e o coletivo Geléia.
A galera está se movimentando mais e criando seu público. É uma nova geração se adaptando a nova realidade de como fazer as coisas e se fortalecendo. Eu acredito que muita banda da região tem que sair da região também (risos) movimentar, muitas já vem sacando essa necessidade, e as bandas de SP, das capitais também deviam dar mais valor ao interior.
Movimentação Cultural
Aqui o povo é fiel se você conquista. Cansei de trazer “banda grande” pra cá, pra depois a pessoa nem se lembrar de mim quando era pra ser o contrário.
Aqui as coisas são menos aceleradas e mais por coração. Das bandas recomendo ficar ligado no projeto Sollo (da Ligia Kamada e Luise Martins) que tá com material pra sair.
Aqui as coisas são menos aceleradas e mais por coração. Das bandas recomendo ficar ligado no projeto Sollo (da Ligia Kamada e Luise Martins) que tá com material pra sair, Coletivo Estoril e Dom Pescoço pra quem curte aquela pegada brasilidade alto astral, Personas e Bucareste novas apostas mais indies, Yago Oproprio trapper revelação. Tem as entidades Alarde e Infraaudio. Bemvirá, Zero to Hero e O Campo de Taubaté. Vale a pena conhecer e conferir. Tem muitas outras aí que esqueci, cena tá se fortalecendo cada vez mais.”