Harmônicos do Universo disponibiliza live session intensa, intimista e experimental hoje em Premiere no Hits Perdidos. No formato, One Girl Band, o projeto é capitaneado por Desirée Marantes.
A gaúcha radicada em São Paulo também é uma das responsáveis por um selo.
A Hérnia de Discos. Selo que tem como proposta auxiliar mulheres dentro do underground nacional.
Hérnia de Discos é uma gangue em construção e em movimento que busca fomentar música e experimentos feitos por e com mulheres.
A live session foi gravada no Sesc Sorocaba, no interior de São Paulo. “Sem Gravidade” é o primeiro single da apresentação Experimentasom. Esta que será liberada aos poucos nos próximos meses.
Criadas ao vivo em cada apresentação, as composições são feitas assim, na frente da platéia. Desde montar sua formação de acordo com o espaço em que vai tocar até pedir para que a platéia escolha a tonalidade da próxima improvisação, todo o processo em Harmônicos do Universo é artesanal e único, funcionando como uma instalação musical.
“Tem gente que, quando ouve a música, pela quantidade de camadas e o nome do projeto ser no plural, acha que Harmônicos é uma daquelas bandas gigantescas com 10 pessoas e se surpreende quando vê que é só eu mesmo”, comenta Desirée.
Entre as influências ela cita Nils Frahm, Sigur Rós, Radiohead e Agnes Obel, sendo a maior particularidade do projeto é o uso de pedais de loop como ferramenta criativa, que fundem e ampliam os sons feitos por Marantes.
“Essa gravação representa bem o estágio de desenvolvimento do projeto, anteriormente eu usava apenas violino e guitarra nas apresentações e hoje consigo combinar linhas de violino, guitarra, piano, sintetizador e voz (sem letra, como um instrumento mesmo)”, relembra a artista
São quase 9 minutos e meio de pura experimentação – e desconstrução artística. Além de conexão com o público, o que certamente traz ainda mais plasticidade para a apresentação. Com o auxílio da dançarina, a obra converge em algo ainda mais poético.
A artista tem planos de em breve lançar seu primeiro álbum. Ainda sem nome, ela pretende realizar o lançamento no mês de novembro. A apresentação de certa forma ajudou a ressignificar sua forma de produzir.
“Me sinto bem mais evoluída em relação os lançamentos anteriores. Praticamente um protótipo para meu primeiro álbum, que deve sair em novembro de 2019, porém também fui influenciada pelas belíssimas improvisações da Mimi Naoi, que participou dançando durante a apresentação.”, ela comenta
Conversamos com a artista a respeito de todo este momento e ela nos trouxe ainda mais informações relevantes.
Desirée: “Foi uma apresentação interessante, o pessoal do Rasgada Coletiva me convidou para participar da edição de março e como a proposta do Experimentasom (projeto deles em parceria com o Sesc Sorocaba) é sempre desbravar novas fronteiras entre música e arte.
Imediatamente lembrei da Mimi Naoi, uma dançarina incrível que também trabalha com improvisação e a convidei para criar essa experiência comigo.
Em novembro do ano passado, ao participar da temporada da Larissa Conforto no teatro Centro da Terra, conheci a Luiza Ventura, uma baita iluminadora que convidei para fazer a luz nesse dia, eu nunca tinha me apresentado com alguém me iluminando e foi muito interessante como a participação tanto da Mimi quanto da Luiza trouxeram novas inspirações para a composição das músicas.
Na parte musical, o plano era aproveitar a estrutura do local para fazer uma apresentação mais coerente com o estágio atual do Harmônicos, com a utilização de mais instrumentos musicais e já que todos os planetas se alinharam para esse encontro entre artistas, imaginei que seria um desperdício não registrar essa noite e chamei o Thiago Roma para dirigir o vídeo e a Flávia Oliveira para captação do audio.
É um trabalho sincero feito por artistas independentes e acho que o material ficou à altura da experiência que criamos para a platéia naquela noite.”
Desirée: “Essa parte é doida (risos).
Eu tava morando em São Paulo a algum tempo (sou de Porto Alegre/RS) e comprei um pedal de loop e comecei a tocar casa, pra desopilar mesmo e mas não pensava nisso como uma ideia com potencial para ser desenvolvida, muito menos para ser apresentada ao vivo, com pessoas assistindo.
Mas como a vida é essa folia e o universo sempre muda os planos que a gente faz, em algum momento eu mostrei algumas dessas improvisações para um amigo músico.
Ele me convidou para fazer uma apresentação no espaço que ele tinha, eu achei uma ideia doida. Morri de medo de ser taxada como a “loca dos loop de 15 minutos” mas aceitei.
Para minha surpresa, o pessoal que assistiu gostou muito, e eu me dei conta de que criar música ao vivo poderia ser uma experiência muito rica.
Porque, ao mesmo tempo que me deixa absolutamente vulnerável em frente a platéia, acho que me colocar nessa posição, de não saber exatamente o que vai acontecer, qual instrumento tocar, etc, acaba criando uma certa interatividade que une artista e público naquele momento.
E a parte bônus é que cada vez que eu toco coisas diferentes acontecem e eu não me entedio nunca.”
This post was published on 14 de agosto de 2019 1:30 pm
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Lindíssimo, Desi!