Minor Alps

[Premiere] Acruz Sesper Trio funde colagens, crítica social e distorção em videoclipe D.I.Y.

Após se dedicar por 30 anos única e exclusivamente ao Garage Fuzz o músico santista Alexandre Sesper, mais conhecido como “Farofa”, decidiu se dedicar a um projeto que pudesse despertar a sensação de algo novo.

A ideia segundo o músico de 46 anos foi a de retornar ao ponto de compor em um projeto solo ou em formato trio. De certa forma também foi um meio de voltar as estruturas, composições, melodias e bases dos primeiros dias de sua carreira. Até por isso a estética de ACruz Sesper Trio é mais suja, áspera e crua.

Além disso o fato de poder construir algo do zero, sem carregar a alcunha e peso do Garage Fuzz o motivou a partir para esta carreira. E desde 2014 tem sido assim, seja em trio ou solo. Vale lembrar que em 1989 ele fazia seus primeiros shows ainda com a banda de hardcore O.V.E.C., foi apenas em 1991 que o embrião do que viria se tornar nacionalmente conhecido como Garage Fuzz, surgiu.


Alexandre Cruz “Sesper” “Amizades não fiz, lugares não visitei.” (2019)

O som do ACruz Sesper Trio também alia outra paixão de Sesper, as artes plásticas. Até por isso na hora de definir sua sonoridade, a arte não fica de fora. Intitulando por sua vez seu som como algo entre o “Indie Punk Lo-Fi e as artes plásticas”.

O primeiro compacto, Modern Affair/It’s Bargain Time (2014) saiu via Rolo Seco Discos, na sequência veio o primeiro álbum Not Count For Spit (2015) através dos selos Rolo Seco e Submarine, uma curiosidade é que para cada cópia do disco foi feita uma arte original única exclusiva. Após o EP No Song As A Trio, em 2019 veio The Days Go By Like Broken Stairs e hoje faremos a Premiere de um videoclipe de uma de suas faixas.

“O Álbum The Days Go By Like Broken Stairs, conta com 10 faixas, gravadas no formato Power trio comigo nas guitarra e vocais, Fernando Denti (Baixo) e Giuliano Belloni (Bateria), parte das faixas que fazem parte desse disco foram compostas e gravadas de forma lo-fi em meu primeiro disco solo de 2016, o “Not Count For Spit”.

Agora em 2019 ganham versões mais potentes regravadas no formato trio. “Volta” é uma delas, é a faixa que fecha o disco de 2016 e agora em 2019 ganha uma releitura menos introspectiva e lo-fi do que a primeira versão, soando uma releitura que mistura texturas de post-punk com rock alternativo do final dos anos 80.

O disco foi gravado e mixado por Sandro Garcia no Estúdio Quadrophenia responsável por gravações de bandas como Continental Combo, Rakta, Futuro, Modulares, Cadáver em Transe entre outras. E foi masterizado no Reino Unido por Daniel Husayn da banda Red Dons no North London Bomb Factory Mastering.”, conta Farofa

ACruz Sesper Trio “Volta”

“Volta” é uma das faixas que integra The Days Go By Like Broken Stairs, lançado nos formatos Digital e Vinil 12” LP no formato split. O outro lado do LP vem com mais um disco do projeto o ACruz Sesper intitulado The Cell. O registro saiu em parceria com os selos Submarine Records, Rolo Seco Discos e Assustado Discos.

Com estética D.I.Y. o vídeo foi filmado e editado pelo próprio músico e traz este aspecto de fazer uma ponte entre o áudio e o visual.

A ideia que já era o conceito inicial do projeto solo, unir a arte gráfica e visual do artista plástico com a produção e criação musical e pessoal do músico.

As imagens utilizadas são colagens inéditas usando negativos de fotos antigas encontradas em sebos e finalizadas por Alexandre Cruz, durante o período em que compôs o material para o disco entre 2017-2018.

Já as imagens da banda tocando ao vivo foram captadas por Shinji Shiozaki e Francisco Mitre (Lado Negro Doc) e re-editadas por Sesper utilizando filtros que lembram as artes produzidas para o projeto durante o período.



As colagens

Alexandre Cruz “Sesper”
“Amizades não fiz, lugares não visitei.” – 2019

“Um dos conceitos por traz de “Amizades não fiz, lugares não visitei.” é reutilizar através da colagem, fotos de arquivos pessoais de viagens feitas e registradas por pessoas e lugares que realmente não conheci, reorganizando o conteúdo em um pantone arqueológico, onde os tons pasteis de fotografias analógicas produzidas durante as décadas de 70 e 80, se unem a intervenções com rasuras e texturas, utilizando poeira, fuligem, cinzas e resíduos capturados no dia a dia da cidade através de fitas adesivas.

A partir de centenas de negativos de filmes fotográficos encontrados ou doados durante o ano de 2016, desenvolvi uma nova produção de colagens fotográficas feitas manualmente com negativos coloridos ou PB, adaptando novas técnicas a uma escala onde os originais tem no máximo 8 cm, reformulando a sua produção com medidas completamente contrarias a tudo que produzi na ultima década, onde as obras chegavam a ter 220 cm.

Outro conceito por traz da produção da série “Amizades não fiz, lugares não visitei” é criar um contraponto com os tempos atuais nas redes sociais, onde aleatoriamente visualizamos centenas de pessoas e lugares, que nunca conheceremos na vida real, e também ideias que inconscientemente passam a ditar a nossa forma de sentir, pensar e interagir com a sociedade, seguindo apenas um algoritmo de programação ou algum tipo de inteligência artificial que escolhe por nós o que ver, sentir, pensar e consumir.

Levando em consideração que inúmeras vezes temos a chance de estar em um ambiente fora da nossa rotina, onde poderíamos estar apreciando novos lugares com amigos, interagindo, conversando ou discutindo novas ideias, sentimentos e acontecimentos, fazendo novas amizades em um passeio ou reunião, em meio cidade ou na natureza, mas os tempos atuais nos aprisionam em uma rotina digital de escravidão mental, onde não faz a menor diferença o local, o que sentimos ou pensamos ou até mesmo com quem estamos.

E é através dessa relação com os dias atuais que a colagem faz sentido, memórias, lugares e pessoas que não interagi, conheci ou mesmo visitei. Processados uma reorganização abstrata de fatos e narrativas da vida cotidiana, como fazemos diariamente ou absorvemos atualmente.

Existe um vazio melancólico, aliado a um caos visual organizado, sentimento que durante toda a produção entre 2017 e 2019, o artista pontua como parte importante de uma re-habilitação inconsciente em que livrou sua rotina diária de vícios digitais e também orgânicos.”, conta Sesper sobre o conceito visual de sua arte que ganha ainda mais vida no videoclipe

Ouça ACruz Sesper


This post was published on 2 de agosto de 2019 4:06 pm

Rafael Chioccarello

Editor-Chefe e Fundador do Hits Perdidos.

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