Curadores, Programadores e Donos de Casas de Show comentam os principais erros dos produtores e bandas

 Curadores, Programadores e Donos de Casas de Show comentam os principais erros dos produtores e bandas

Após o sucesso dos posts orientando as bandas como lidar com a imprensa (Parte 1 | Parte 2) chegamos a conclusão que seria interessante tentar fazer mais posts com dicas sobre o mercado da música.

O primeiro post desta série foi atrás de donos de estúdio e engenheiros de som para contar “causos” e comentar sobre os principais erros na hora de gravar. Afinal de contas nada como chamar quem lida com isso todos os dias para relatar sobre suas experiências. Por aqui também já fizemos um Guia ensinando “como fazer para ter seu clipe na TV“.

No segundo post da série sobre o mercado entrevistamos Curadores, Donos de Casas de Show, Produtores Culturais, Programadores e até mesmo Donos de Estúdios, locais que por sua vez também tem sido importantes para a celebração, e manutenção, da música independente.

Roberta Youssef (Agência Crua)

Roberta é produtora cultural, programadora e curadora. Ela tem a agência Crua e é ex-programadora do Grupo Vegas, atendeu Cine Joia, Mirante 9 De Julho, Z, Riviera Bar… há anos no mercado de produção, programação e curadoria.

Qual a abordagem mais “bizarra” já teve que passar enquanto programador? 

Roberta: “Acontece de entrar em contato com o produtor/a da banda querendo um show e ele tentar te empurrar outra banda do casting, fechar um “pacotão”. Eu sei que faz parte da venda dos artistas, mas as vezes ele/a força a barra e fica difícil sair dessa situação.

Acontece também do produtor/a demorar pra te responder quando eu estou atrás de uma data, mas quando ele/a quer uma data, te liga todos os dias.”

Qual o erro mais comum que os artistas (ou produtores) cometem na hora de negociar (ou agendar) um show?

Roberta: “Às vezes fechamos um show por telefone e, apesar de falarmos de todos os detalhes, na hora de formalizar aparecem alguns mal entendidos. Principalmente quando a gente fecha direto com o artista que não se atenta muito aos detalhes de produção. É muito importante deixar tudo às claras.”

Para você qual a melhor maneira de fazê-la?

Roberta: “O combinado não sai caro. O melhor é falar de tudo o que estiver relacionado ao evento, desde a negociação, número de convidados, horários, até prazo para pagamento.”

No dia do evento, passar por qual tipo de situação mais te irrita?

Roberta: “O improviso faz parte da vida de um produtor, não tem jeito. É chato quando acontecem situações que fogem do nosso controle imediato, como por exemplo acabar a luz, e o artista/produtor não ter paciência de esperar a gente resolver. A gente vai resolver, só precisa ter calma (risos).”

Qual o perfil de artistas que te agrada na hora de realizar a curadoria?

Roberta: “É legal quando o artista entende a parceria está na alegria e na tristeza. Imprevistos acontecem e não adianta desesperar ou problematizar ainda mais. O melhor perfil é aquele que agrega, soma. Afinal, o sucesso do show é de interesse dos dois lados, sempre.”


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Noite Crua durante a SIM São Paulo 2018 recebeu as argentinas Fémina e Sofia Viola, a Palestina Rasha Hajas e a brasileira Bárbara Eugênia na Casa Clube Rosa Flamingo.

Katia Abreu (Dia da Música)

Qual a abordagem mais “bizarra” já teve que passar enquanto programador?

Katia: “Acho que nunca rolou nada muito bizarro. É natural que as pessoas peçam atenção pro trabalho que estão fazendo. Rola muito gente que vem falar pra mim que nunca tocou no Dia da Música, mas acha o festival foda e tal; eu pergunto sempre: “ué, porque você não propõem um palco então?” e, invariavelmente, descubro que a pessoa nem sabe como o festival funciona…”

Qual o erro mais comum que os artistas (ou produtores) cometem na hora de negociar (ou agendar) um show?

Katia: “Maior erro é não pesquisar qual o conceito do evento ou espaço e sair mandando a mesma coisa pra todo mundo. É importante entender se o que você tá oferecendo faz sentido pro lugar/situação, se a abordagem tá adequada, tipo: tem eventos que tem que se inscrever pra participar; não vai adiantar nada mandar email, porque tá indo no canal errado; ou mandar material de um grupo de samba prum festival focado em hardcore…”

Para você qual a melhor maneira de fazê-la?

Katia: “Tem que ser conciso. Pra mim é meio assim: um parágrafo que me desperte curiosidade de clicar no link e ouvir o som. E escolher muito bem esse link, tem que ser certeiro.”

No dia do evento, passar por qual tipo de situação mais te irrita?

Katia: “Nossa, muitas coisas são irritantes em dia de evento e até, por isso, a mais irritante de todas é quando alguém dá chilique. Além de deselegante e fora de moda, acho essa coisa “rockstar” de dar piti, fazer exigências supérfluas, ficar doidão e encher a paciência da galera, super desrespeitosa com quem tá trabalhando.”

Qual o perfil de artistas que te agrada na hora de realizar a curadoria?

Katia: “Cara, esteticamente gosto de coisas muito variadas e seria difícil definir um escopo, por assim dizer. Mas uma coisa em que piro é banda que é fácil de trabalhar (flui bem na comunicação, cumpre cronograma, é gentil, etc…) e enche show (tem boa conexão com público, se divulga direito…). Acho que isso é o sonho de todo programador.”


BIG DIA DA MÚSICA


Liu (Casa do Mancha / Booker) – @liuu_

Qual a abordagem mais ” bizarra j teve que passar enquanto programador?

Liu: “São tantas abordagens bizarras que algumas até mudam de categoria, voltam pra “coisas normais” ou “mano, que que cê tá fazendo, cara? me respeita”. Tem algumas que eu nem respondo de tão estranho.

Teve uma pessoa que comentou numa foto minha do facebook de 3 anos atrás “avisando” que tinha me mandado inbox. Claramente não respondi, ainda mais porque não conheço.

Rolou uma vez de uma pessoa que eu nunca vi nada vida veio me cobrar no meio de um role que eu não tinha respondido o e-mail dela, como se eu tivesse obrigação de saber quem ela era, banda e data que ela tinha proposto.

Tem um conhecido que até então era um sujeito ok, mas certo dia ele mandou uma mensagem tarde da madrugada perguntando se podíamos conversar. Como ele tem um familiar doente, imaginei que era por isso e fui lá ver se tava tudo bem. Ele ficou 4 HORAS tentando me comprar pra fazer a tour nacional e o mais bizarro foi que ele ofereceu um montante de dinheiro MUITO alto, absurdão, sabe? Obviamente eu neguei.

Existem aqueles homens que só trabalham com homens também. Chegam na casinha, querem falar com alguém que booka e quando sou apresentada a simpatia, e muitas vezes a pessoa, vai embora. Rola aquele famoso: A HOSTESS É QUEM PROGRAMA?”

Qual o erro mais comum que os artistas (ou produtores) cometem na hora de negociar (ou agendar) um show?

Liu: “Acho que nesse quesito a gente sofre meio que dos mesmos problemas que jornalistas e assessores. Falta  profissionalismo, informação e respeito…

Tem gente que manda e-mail de uma frase só, o famoso “fala galera, como eu faço pra tocar ai?”, APENAS. Detalhe para: o e-mail normalmente é tipo nonono_star138@gmail.com… COMO É EU VOU SABER DO QUE SE TRATA?

O super comum erro de mandar proposta de show por e-mail com todas as casa copiadas, incluindo SESC.

Não se atentar que a casa só faz show de som autoral é bem normal também.

Tem aqueles sem noção que arranjam seu número em algum lugar e te ligam de madrugada, de manhã super cedo, mandam áudio quilométrico, e eu só penso: meu bem, se nem o banco, que é o órgão que cuida do seu dinheiro, tá disponível assim, imagina eu que nem ganhando tô!

De gente desorganizada e descompromissada o meio também tá cheio. Bandas que esquecem que marcaram show ou que não confirmam, não respondem e-mails, não divulgam o próprio role, e culpam a casa e o programador quando não sai do jeito que queriam. Eu ia falar previam, mas acho que esse povo nem previsão faz.”

Para você qual a melhor maneira de fazê-la?

Liu: “Não precisa de muito, não. Um e-mail com um bom release, links para ouvir o som, proposta de data, são os que eu tenho dado atenção. Bem como os jornalistas, eu não to ligando muito pra quantos likes a banda tem na página do facebook, seguidores de instagram e tal. Eu quero ouvir a música, fazer a curadoria, entender se é possível e viável fazer o evento proposto.

Se apresente, mande seu material de forma que a gente não precise ficar caçando os links pra ouvir e manda uma ideia de role possível.

Ser atento e entender que as casas fecham as datas com antecedência é um fator importante também. Tem gente que manda e-mail na semana que tá vindo pra cidade pedindo um dia exclusivo. Não funciona assim. Planejamento é tudo.

Existem casos que a gente pega a proposta e adapta pra ser um evento massa, com mais bandas e tudo mais.”

No dia do evento, passar por qual tipo de situação mais te irrita?

Liu: “Banda que atrasa muito e/ou que aparece na hora, literalmente, de subir no palco.

Banda que divide noite e coloca 40 nomes vips, sem respeitar os outros artistas.

Integrante arrogante e mal educado me irrita demais. Eu não sou mãe, babá, nem esposa de ninguém não. Homens que não me levam a sério por eu ser mulher e tentam resolver situações só com os homens que trabalham na casa. Se você que tá lendo é assim: meu bem, existem informações que o bartender não vai saber. Só quem conversou com você por e-mail, enquanto você achava que era um robô ou um homem, vai saber te explicar. 2019 e essas coisas são mais comuns do que vocês imaginam.”

Qual o perfil de artistas que te agrada na hora de realizar a curadoria?

Liu: “Gosto de gente organizada, informada e educada. Gente que já vem botando banca, joga cachê alto e não permite um diálogo são bem difíceis. Prefiro os disposto a construir uma coisa bacana. Acho legal quando o artista tenta dar uma levantada no próprio evento, que entende que não é um papel só da casa e que a carreira é dele.

Receber material que conta sobre construção e não números, que mostra o cuidado do artista com o próprio trabalho, me agrada muito.

Eu costumo fazer pontes de bandas e casas em São Paulo e fora da cidade, as que normalmente eu indico, agendo ou passo contatos de bandas que eu sei que tem esse perfil.”


LIU
A Liu além de realizar a curadoria na Casa do Mancha, ainda é Designer e trabalha com booking para bandas.

Rafaela Piccin (Casa Vulva)

Qual a abordagem mais “bizarra” já teve que passar enquanto programador?

Rafaela: “No geral as coisas mais bizarras estão ligadas ao fato de a pessoa sugerir um evento sem nunca ter frequentado o lugar e não saber se tem a ver, se cabe (falando de espaço físico mesmo), e sem ter o entendimento que o lance é pra rolar legal entre os dois lados (casa e artista).

Daí tem desde história de gente querendo realizar evento corporativo para muito mais pessoas do que a casa suporta, gente querendo fazer festival e ficar com a grana da bilheteria e do bar pra ela (tá, e os meus gastos?? risos) e até proposta de adoção de animais.

Também acho bizarro quando a pessoa chega pra conversar tendo a certeza que vai tocar aqui! (risos), Calma, me mostra seu som primeiro, vamos falar né? E é muito louco quando querem inventar um show com 3 dias de antecedência (tipo: hoje é quarta e a pessoa chega perguntando se tem a data pro sábado livre, meio sem noção sobre tempo de produção/divulgação do evento e tal.

A gente já topou esquema sim mas não é o ideal. Outra coisa que não é massa e que acho importante frisar é artista que quer tocar em todo lugar a todo custo e acaba marcando shows em datas muito próximas em casas que são praticamente do mesmo circuito alternativo, e acaba que não dá bilheteria legal em nenhum dos shows (ou apenas um deles). Aí prejudica tanto o artista, que “gasta” o show, e a casa, que tem o custo de abrir e não recebe público, não vende. Menos afobação é mais!”

Qual o erro mais comum que os artistas (ou produtores) cometem na hora de negociar (ou agendar) um show?

Rafaela: “Isso de nunca ter frequentado o espaço e sugerir algo que não tem nada a ver com a proposta. Infelizmente (no meu caso, felizmente, pois gosto de conhecer lugares), ao trabalhar com música é imprescindível circular e saber onde você (ou seu artista) cabe melhor, e em quais formatos. Tem que ser criativo, gente!”

Para você qual a melhor maneira de fazê-la?

Rafaela: “Pô, chegar na moralzinha (sic), conversar, trocar ideia, dizer que tá procurando um espaço pra fazer tal coisa, ser bem claro na proposta e entender qual é a do espaço também. Se houver um match inicial, o ideal é resolver tudo pelos meios mais profissionais, tipo e-mail, mas se a pessoa é parceira e chegada eu não ligo de alinhar as questões mais práticas por whatsapp.”

No dia do evento, passar por qual tipo de situação mais te irrita?

Rafaela: “Aquele atraso fenomenal do artista ou mudar o combinado sem avisar (exemplo: diz que vai fazer um show no formato X e na hora chega com mais integrantes/instrumentos sem a gente ter se planejado). Ou, pior, chegar na hora do show e não querer tocar (já passei por isso).’

Qual o perfil de artistas que te agrada na hora de realizar a curadoria?

Rafaela: “Nossa curadoria é basicamente: música de gente doida que nem a gente! (risos) brincadeira, mas real. Aqui as mulheres vêm em primeiro lugar (fiz o levantamento esses dias e, de 47 eventos que fizemos ao longo do ano, 43 tiveram a mulher como protagonista ou dividindo a noite com alguém).

Nem preciso dizer que precisa ser autoral, né? E, dentro disso, que tenha um ineditismo, uma força, uma mensagem, um jeito de tocar únicos, uma abertura ao experimentalismo, um CHARME que nos dê o estalo de “as pessoas precisam conhecer fulana/o”.

Difícil explicar um modus operandi de nossa seleção quando é algo tão subjetivo e que mexe com a gente de diferentes maneiras, como é característica da arte – mas acho que é algo assim.”


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Casa Vulva durante lançamento da Coletânea Sêla. – Foto Por: Marcela Guimarães

Cris Rangel (Lôca do Play Curadoria e Negócios Criativos)

Qual a abordagem mais ” bizarra j teve que passar enquanto programador?

Cris: “Acho que obviamente as redes sociais nos colocam em situações bizarras, pois qualquer pessoa se acha no direito de mandar material pro seu inbox. Mas acho que a abordagem mais constrangedora foi pelo whatsapp, onde uma artista começou e me mandar links de youtube para falar do trabalho dela e eu pedi na primeira frase que me enviasse por e-mail… e ela continuou mandando links de redes sociais e fotos de instagram, sem parar… e eu acabei me irritando… e peguei antipatia com a artista e não consegui ouvir absolutamente nada que ela me enviou…”

Qual o erro mais comum que os artistas (ou produtores) cometem na hora de negociar (ou agendar) um show?

Cris: “O erro mais comum é não se colocar no lugar das casas de show e tentar chegar ao meio termo nas negociações. Fora o amadorismo das bandas/artistas mandarem materiais mal escritos, fotos ruins e não se engajarem na divulgação e cobrarem da casa o público.”

Para você qual a melhor maneira de fazê-la?

Cris: “Abordar o programador/curador e pedir e-mail, nunca tentar vender o trabalho por rede social. NUNCA.

Enviar e-mail com fotos em alta, de preferência fotos onde possa-se ver o rosto das pessoas ou arte coerente com o projeto, release escrito por jornalistas ou pessoas especializadas onde o texto não seja apenas elogios ao trabalho, mas que tenha análise crítica e descrição de referências e gêneros que o artista se enquadra, links de vídeo ao vivo com som com qualidade suficiente para entender a performance da banda ajuda 100% das contratações serem realizadas.”

No dia do evento, passar por qual tipo de situação mais te irrita?

Cris: “Atrasos e desrespeito à equipe técnica é o que mais me constrange em grupos que se dizem profissionais.

Gentileza e respeito são fundamentais para que outras contratações ocorram.”

Qual o perfil de artistas que te agrada na hora de realizar a curadoria?

Cris: “Não existe perfil de artista ideal em curadoria. Vai aê minha crítica ao termo curadoria no mercado da música. O artista ideal está diretamente ligado ao recorte que o projeto pede. Se for um festival de novos talentos, o artista ideal será jovens em que o trabalho está iniciando e que possua propriedade e originalidade suficiente para estar num palco de festival e, assim por diante.

Curadoria é um termo que veio das artes visuais para determinar o trabalho dos galeristas que colocavam projetos similares ou pesquisas semelhantes artisticamente num mesmo espaço. O mercado da música se apropriou desse termo sem critério e vejo muitas pessoas sendo chamadas para ser curador, mas sem critério real de curadoria.

Ou seja, chamam os amigos para tocar, as bandas hypadas da imprensa ou bandas que aceitam tocar por cachês baixos para integrar um line up de festival ou casa de show. É uma discussão antiga.

Meu sonho é que um desses ditos “curadores” se dessem ao trabalho de fazer cursos de métodos curatoriais e também fossem mais pesquisadores ao invés de selecionar grupos e artistas amigos ou agenciados de amigos. Polemizei.”


APPLEGATE
Lucas Não Tem Amigos durante noite do Cansei do Mainstream, realizada na Fauhaus, que também reuniu a banda Applegate. – Foto Por: Fernanda Carrilho Gamarano

Joyce Guillarducci (Cansei do Mainstream)

Qual a abordagem mais “bizarra” já teve que passar enquanto programador? 

Joyce: “Banda que eu não conhecia e veio me cobrar uma resposta IMEDIATA sobre tocar numa festa do Cansei. A resposta foi… não! rs. Depois conversamos e tudo ficou bem, mas gente não cobrem, ninguém aqui trabalha pra ninguém, estamos todos juntos nessa e é isso.”

Qual o erro mais comum que os artistas (ou produtores) cometem na hora de negociar (ou agendar) um show?

Joyce: “Acho que não esclarecer todas as condições envolvidas previamente. Já tive situações assim com todos os lados: das casas, das bandas, e eu mesma já acabei me descuidando e deixando algo passar… aprendi na prática que ser clara, aberta e honesta é a única opção.”

No dia do evento, passar por qual tipo de situação mais te irrita?

Joyce: “Tem 2 coisas:

1) Banda irresponsável. Imprevistos acontecem, mas já tive banda me ligando na hora do show e dizendo que o transporte atrasou, quando tinham acabado de vê-los bebendo num boteco (Rafa estava lá dessa vez inclusive haha).

2) Casa que quer mudar sua programação. Seja a ordem das bandas, seja colocar um DJ que não estava previsto… fica aquele sentimento de desrespeito por todo o trabalho e cuidado que você teve pra montar o evento sabe.”

Qual o perfil de artistas que te agrada na hora de realizar a curadoria?

Joyce: “Galera que está nessa pela música. É claro que todo mundo deseja (e merece!) reconhecimento e alcance monetário pelo seu trabalho, mas o mais importante é se divertir, fazer um som e aproveitar o caminho. O resto acaba sendo consequência.”


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O Espaço Cultural Cita, no Campo Limpo, zona sul de São Paulo, fortalece a cultura popular e é um espaço de resistência.

Junin (Espaço Cultural CITA)

Qual a abordagem mais “bizarra” já teve que passar enquanto programador? 

Junin: “Tenho pouco mais de 8 anos a frente de Espaços culturais ou de eventos corporativos e infelizmente nunca recebi uma abordagem muito bizarra. Gostaria muito (risos).

O Mais bizarro que já aconteceu (e ainda acontece) são artistas ou coletivos (o que trabalho muito hoje em dia aqui na Ocupação), falarem comigo ou com alguém do espaço sobre uma data em uma festa, na rua, padoca, bar… e de repente me aparecem na suposta data la no espaço dizendo que “Pô man, eu tinha reservado contigo…”.

Isso é bem foda. A galera achar que estamos o tempo todo a disposição ou que temos a agenda do espaço na nossa cabeça.

Outra coisa que rola BASTANTE (Não sei se cabe na pergunta mas lá vai), é estarmos de folga, mas por receber diversos artistas e coletivos que gostamos no espaço, as vezes acabamos frequentando o local onde trabalhamos como PÚBLICO. Apenas para assistir mesmo, com nossos filhos e amigos. Aí por ser um rostinho conhecido a galera acha que você está ali (mais uma vez) a disposição o tempo todo. E por mais que você fale “fio, tô de folga hoje”, a galera acha que você tem a obrigação de atendê-los. Isso já gerou algum stress também.”

Qual o erro mais comum que os artistas (ou produtores) cometem na hora de negociar (ou agendar) um show?

Junin: “Vários. Mas hoje tento entender um pouco melhor também. Acredito que para alguns faltam experiência. “Da ponte pra cá” encontramos muitos artistas bons, mas que falta conhecimento de mercado, negociação, trato, e até mesmo estrutura social e financeira.

É bem comum por exemplo por aqui, lhe dar com artistas e grupos que não tem acesso constante a internet ou celular, algo básico para manter o contato durante a negociação. Aqui no espaço, hoje em dia tentamos orientar e dar uma atenção a esses artistas e coletivos mais novos.

Porém, a porém, tem os macacos veio que vou listar coisas que fazem e fico de cara:

– Não ter um material de apresentação, e aí nos mandam um e-mail enorme falando sobre seu trabalho;

– Tem também o famoso, “Pode procurar a gente no youtube, Spotify e todos os canais. Estamos lá”. Não mandar os links é o fim;

– Não passar rider / Ficha técnica;

– Não preencher os formulários que o espaço pede para montar ordem de serviço e equipe para o dia (Aqui eles dizem “Mas eu já te falei na nossa conversa. Preciso preencher mesmo?”)

– Querer receber fora do combinado;

– Ficar trocando de data “N” vezes durante a negociação;

– Ligar fora do horário de trabalho (Sábado a noite, domingo de manhã, férias…)

– Não ter um contato fixo dentro do grupo. Cada hora um responde o e-mail ou te liga. Aí temos que explicar 2, 3, 4  10 vezes a mesma coisa

– Não ter os Documentos em dia.”

Para você qual a melhor maneira de fazê-la?

Junin: “O Primeiro passo é o artista / Grupo estar preparado internamente com seus documentos, trabalhos, apresentação, release, clipping.

Ter ciência do que quer como artista na hora de cobrar. Muitos jogam para o Espaço decidir quanto quer pagar.

Atentar-se aos pedidos e costumes de cada espaço. É chato e trabalhoso atender aos pedidos, mas é isso, cada casa tem sua forma de trabalhar. Reclamar não te ajuda muito.

Sermos honestos um com o outro. Não ter joguinhos. No geral estamos negociando (pelo menos aqui no espaço) entre 10 a 30 eventos/ensaios/palestras/oficinas/cursos, e não temos tempo e nem saúde para joguinhos. Quanto mais objetivo for, melhor.”

No dia do evento, passar por qual tipo de situação mais te irrita?

Junin: “Estrelismo e não cumprir o combinado.”

Qual o perfil de artistas que te agrada na hora de realizar a curadoria?

Junin: “Os organizados. Aquele que de bate pronto tem tudo em mãos para te entregar. Artistas que sabem quem são, o que fazem e por que fazem aquela arte específica.

Artistas que antes do “Cachê” no e-mail, nos dizem “a importância do que faço para a sociedade é…”

Hoje nossa curadoria é voltada para artistas / Coletivos que entendem a história de lutas da periferia. Lutas pelo direito a cultura, pelo direito a ocupação dos espaços públicos, pela difusão de todo tipo de arte, culturas populares e manifestações afro-brasileiras.

Estamos em busca de artistas que através da sua arte combatam o Racismo, machismo, homofobia, intolerância religiosa e que façam o público questionar a luta de classes.”


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Far From Alaska (RN) n’A Obra em Belo Horizonte (MG). – Foto Por: @thalleshfotografias

Luiz Ramos (A Obra)
Belo Horizonte (MG)

Qual a abordagem mais “bizarra” já teve que passar enquanto programador? 

Luiz: “Bom, sempre tem gente que chega falando que a casa (A Obra, em BH) é “a cara da banda” ou vice versa, e quando vou ouvir o material, é banda cover, ou de estilos de música que não trabalhamos. Mas a mais bizarra mesmo foi uma banda que, já no email de apresentação, enviou lista de exigências com pérolas tipo 2 toalhas pra cada integrante (pq eles “suam muito” no show), camarim com bebida à vontade e frutas diversas (porque precisam ter um espaço calmo pra concentrarem e trocarem de figurino) + passagem aérea, translado, hotel e jantar.

Assim, nada contra as bandas exigirem isso, mas, se querem tocar em vários lugares pelo Brasil, têm de entender que cada local tem uma realidade. Que eu saiba, nunca tocaram em BH desde esse email.

Uma outra que me lembro agora e que vale citar foi um artista que marcou o show e depois sumiu. Não respondia mais emails. Um belo dia resolvi chamar pelo meu messenger e a resposta foi que não saberia se faria mais o show pois apareceu um outro evento mais interessante pra ele, muito próximo da data marcada comigo.”

Qual o erro mais comum que os artistas (ou produtores) cometem na hora de negociar (ou agendar) um show?

Luiz: “O principal, pra mim, é não alinhar com o produtor da casa o que a casa oferece seja em equipamento, seja em condições de pagamento, seja no que a banda tem direito no dia. Coisas básicas que, pra uma banda em turnê, por exemplo, são obrigatórias de estarem bem especificadas na planilha de gastos.”

Para você qual a melhor maneira de fazê-la?

Luiz: “Diálogo aberto, franco mas sem estrelismo.”

No dia do evento, passar por qual tipo de situação mais te irrita?

Luiz: “Rapaz, atraso. Seja na passagem de, som estourando o tempo ou não chegando no horário, ou no show, não começando no horário combinado. Tem muita banda achando que tá fazendo um favor pras casas de show, quando, na verdade, todo mundo se fode quando um dos lados não cumpre o combinado.”

Qual o perfil de artistas que te agrada na hora de realizar a curadoria?

Luiz: “Eu não me prendo esteticamente mais, hoje em dia. Na Obra, atualmente, estamos iniciando uma nova fase, de trazer mais experimentalismo (tanto estético quanto revolucionário dentro do que a casa sempre trabalhou).

Então eu gosto muito de bandas de rock visceral, mas também de música brasileira, experimental, eletrônica, e por aí vai. A verve da casa é ser instigante, surpreendente, ousada e provocativa. E se deu match aí, com você que lendo, chega mais :)”



Carlos Vilela (HakckTown)
Santa Rita do Sapucaí (MG)

Qual a abordagem mais “bizarra” já teve que passar enquanto programador?

Carlos: “A parte musical do HackTown é um pouco diferente dos festivais tradicionais. Somos uma conferência que une várias áreas com um festival de showcases rolando em simultâneo.

Nossas parcerias são mais com selos, distribuidores e outras empresas da indústria da música que ficam responsáveis pelos showcases e pelos diversos espaços de música ao vivo. E por isso mesmo, recebemos muitas abordagens tanto de artistas, produtores, como de selos – muitos selos, dos mais diversos tipos.

As abordagens mais bizarras costumam ser aquelas que ao invés de buscar um diálogo, de apresentar uma posição e também entender o que temos a oferecer como evento, acabam vindo de forma bem arrogante, com imposição. Isso acaba sendo bem frequente talvez por sermos um festival fora de uma grande cidade, mas em uma cidadezinha no interior de Minas desconhecida da maioria.

Rola muito. Desde o “você sabe com quem está falando” até aqueles que começam com um papo de “somos de São Paulo e é disso que um festival fora de precisa para ser notado”. Coisas do tipo.

As abordagens mais desajeitadas, mais carregadas de ansiedade ou timidez, e por isso mais espontâneas, já não vejo como problema. Até por serem mais humanas, muitas delas acabam virando conversas bem interessantes.”

Qual o erro mais comum que os artistas (ou produtores) cometem na hora de negociar (ou agendar) um show?

Carlos: “Acredito que além da abordagem arrogante e insistente, seja a questão da desorganização. Seja desorganização na forma de apresentar um material, na hora de conversar e expressar ideias, assim como a questão do descompromisso, como não aparecer para uma reunião, demorar para responder um e-mail.

É essencial um mínimo de estrutura. Tudo isso mostra o quanto o artista, no caso do HackTown, pode utilizar o evento para dar o próximo passo da sua carreira. E isso é o mais importante pra nós.”

Para você qual a melhor maneira de fazê-la?

Carlos: “Empatia aqui é tudo. Não existe uma fórmula, mas ao se colocar no lugar do programador, você vai estar sendo verdadeiro na forma como gostaria, se estivesse no lugar dele, de receber uma abordagem e estabelecer uma relação.

Isso significa até a entender o porquê a contratação pode ser feita ou não, o que vai muito além da qualidade musical. Mesmo assim, não existe garantia de que dará certo, até por depender de inúmeros fatores.”

No dia do evento, passar por qual tipo de situação mais te irrita?

Carlos: “Atos como atraso, embriaguez de algum integrante, crises de estrelismo. Esse tipo de coisa não é legal e acaba minando uma participação do artista em edições futuras e outros eventos que produzimos.”

Qual o perfil de artistas que te agrada na hora de realizar a curadoria?

Carlos: “Aqueles que, além de um som legal, seja qual for o estilo, tenham claramente uma ideia de onde querem chegar, de porquê fazem o que fazem, e de quais ações podem ajuda-los a melhor utilizar o HackTown como propulsor para sua carreira, pensando inclusive de uma forma que vai muito além do fechar novos shows, mas de parcerias, patrocínios, aproveitar conteúdo, etc.”


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Felappi e Marcelo Callado na Audio Rebel em 2016. – Foto Por: Pedro Serra

Pedro Azevedo (Audio Rebel)
Rio de Janeiro (RJ)

Qual a abordagem mais “bizarra” já teve que passar enquanto programador? 

Pedro: “Vixi e… são várias….tem gente que não sabe nem escrever e fica chateado de você não elogiar o release dele. Tem muita gente que tá começando e acha que ser arrogante é uma qualidade, como se pela confiança deles o programador vai ter certeza que é bom o som. Com o volume de material que recebemos acho que daria pra fazer um livro só com esse tipo de “história bizarra”.”

Qual o erro mais comum que os artistas (ou produtores) cometem na hora de negociar (ou agendar) um show?

Pedro: “Não perceber que é uma via de mão dupla, que para o evento “dar certo” todos temos que trabalhar em equipe e com dedicação. Outra questão comum é produtor que gosta de dificultar as coisas, tipo você oferece a cerveja, o cara pergunta a marca, você fala a marca ele pergunta se vai ser gelada, aí ele pede duas unidades a mais, aí essas duas unidades teriam que ser cerveja sem álcool e umas das com álcool não pode estar muito gelada… tudo pode virar uma novela….

Outra questão comum é o rider vir simples e na hora ser complicado. Exemplo: Vem na exigência um amplificador de guitarra de 100w, aí dois dias antes do show o amplificador não pode ser Marshall nem Fender, aí você ofere o Laney, mas o cara pergunta se o Laney não é “muito grave” e que preferia um “British“…”

Para você qual a melhor maneira de fazê-la?

Pedro: “Resumindo, reúna as coisas essências para o seu show e tenha certeza que vai ter elas, se precisar algo mais peça de uma vez e não parcelado…

Saiba que uma besteira desnecessária pode custar o cancelamento do show ou uma grana a menos pra alguém importante da equipe. Além de perder a energia que deveria estar canalizada para a outra coisa.”

No dia do evento, passar por qual tipo de situação mais te irrita?

Pedro: “Atraso, equipe mal educada, gente mais interessada em ficar doidão que passar o som….”

Qual o perfil de artistas que te agrada na hora de realizar a curadoria?

Pedro: “No nosso caso específico, pela origem da casa, gostamos de estar conectado com a molecada, os músicos bem jovens mesmo. Além disso gostamos de trabalhar com as músicas menos convencionais e comerciais o possível. No sentido de ter algumas novidades ou surpresas musicais.”


Porto Produções Musicais
Além de Estúdio o Porto Produções Musicais, assim como outros estúdios, recebe shows. – Foto: Divulgação

Matheus Krempel (Porto Produções Musicais)

Qual a abordagem mais “bizarra” já teve que passar enquanto programador? 

Matheus: “Uma vez recebemos umas bandas que organizaram um festival. Todas as bandas eram de de São Paulo, no entanto a banda que no sorteio ficou para ser a última, tinha um vocalista que morava em São José dos Campos e eles pediram para trocar a ordem de tocar com a penúltima banda, para que o vocalista não perdesse o ônibus.

Eu sei que o combinado não sai caro, mas a banda não quis trocar de horário e o vocalista da outra banda, foi embora para São José dos Campos e a banda fez o show sem ele.

Eu tentei intervir, mas me falaram que quando foi proposto o sorteio, ninguém se opôs.

Isso mostra bem como funciona esse lance da união e o bom senso na cena.”

Qual o erro mais comum que os artistas (ou produtores) cometem na hora de negociar (ou agendar) um show?

Matheus: “No caso dos produtores é não levar em consideração os outros eventos que acontecem na cidade.

Você não marca dois shows, com duas bandas de expressão e que conversam com o mesmo público em espaços diferentes no mesmo dia.

Isso é meio burro e acaba dividindo o público. Gera um conflito que muitas vezes pode ser negociado. Principalmente se as agendas são preparadas com antecedência.

Outra coisa que eu acho estúpida, são os shows com mais de 3 bandas. Salvo raríssimas exceções, como grandes festivais, são eventos cansativos e que afastam o público de música.”

Para você qual a melhor maneira de fazê-la?

Matheus: “Line Up enxuto, horários que respeitem o funcionamento dos transportes públicos e boas condições de palco.”

No dia do evento, passar por qual tipo de situação mais te irrita?

Matheus: “Bandas que não respeitam os horários estabelecidos.

Por exemplo: Você marca as bandas, organiza os horários de uma forma que tudo funcione e o os caras atrasam com pequenas atitudes como afinar o instrumento na hora que entra no palco ou emendar grandes discursos entre uma música e outra.”

Qual o perfil de artistas que te agrada na hora de realizar a curadoria?

Matheus: “Bandas autorais, independentes, com espírito colaborativo e que entendem que elas fazem parte de um todo.”


IN Venus
In Venus lançando o álbum Ruína no Estúdio Aurora (Local onde também foi gravado). – Foto Por: Ciça Levenstein

Carlos Eduardo Freitas (Estúdio Aurora)

Qual a abordagem mais “bizarra” já teve que passar enquanto programador?

Carlos: “Nesses pouco mais de dois anos fazendo isso, acho que nenhuma abordagem supera a da banda veterana do rock alternativo dos anos 90 que pediu, além de um cachê sem noção, não sei quantas pizzas, não sei quantas garrafas de vinho, toalhas, frutas e não lembro mais o quê no ‘camarim’ (CAMARIM!!!) do Aurora.

A tentativa é livre, claro, mas fala sério, né? Teve também uma artista que uma vez tocou aqui e, depois de tomar umas cinco doses de uísque, reclamou de “ter de pagar pra tocar” – sendo que a parcela dela da bilheteria já estava na mão do produtor.

Mas, tirando esses dois casos mais emblemáticos, nunca tivemos grandes problemas. Acho que o fato de sermos chatos na seleção de quem convidamos pra tocar ajuda a nos aproximar de quem faz as coisas direito e, felizmente, temos notado que isso tem melhorado.”

Qual o erro mais comum que os artistas (ou produtores) cometem na hora de negociar (ou agendar) um show?

Carlos: “Em geral, o que acho mais bizarro é as bandas nos procurarem em cima da hora achando que em duas semanas temos como receber um show deles. Isso, de uma banda que nunca ouvimos falar, que nunca vimos ao vivo, que nunca veio ao Aurora e que nem sabemos qual é e nem se tem público.

Em geral, fechamos a programação com pelo menos três meses de antecedência e fazemos questão de ouvir cada uma das bandas pra conhecer o trabalho e ver se tem a ver com a nossa proposta.

Fiz duas turnês na Europa e, em ambos os casos, só conseguimos shows porque nos organizamos com mais de seis meses de antecedência. E lá, não tem choro. Se chegar com papo “Ah, vou estar aí na sua cidade dia tal. Rola tocar aí na sua casa?”, a resposta, se vier, vai ser sempre um ‘não’.

Bandas e produtores precisam também entender que fazer dois, três shows na mesma semana, no mesmo final de semana, na mesma cidade, é péssimo pra todo mundo. Se a banda é fora de São Paulo, por exemplo, não é legal marcar um show no Breve na quinta, um no Aurora na sexta e um no Mancha no sábado.

Poxa, toca em cidades próximas. Já que vieram de tão longe, tenta aproveitar ao máximo a região. Entendo que voltar pra casa e dizer que tocou num monte de lugar bacana é legal, mas ajuda tocar nesses lugares pra ninguém?

Acho também importante é o produtor e a banda conhecerem onde vão tocar. Entenderem que se sua banda está acostumada a tocar em bares onde as pessoas gostam de se sentar, serem atendidas por garçons na mesa, não faz o menor sentido querer tocar num lugar alternativo que serve vinho em copo americano.”

Para você qual a melhor maneira de fazê-la?

Carlos: “Simples: se programar com antecedência. Sei que isso às vezes é difícil pra nós, brasileiros, acostumados a deixar tudo pra última hora. Também sugiro sempre, principalmente às bandas de fora de São Paulo, que tentem conversar com bandas daqui que tenham a ver com seu som e tentem marcar os shows aqui na região com elas. Se possível, com bandas diferentes.

Não vejo vantagem, por exemplo, em uma banda de hardcore de Fortaleza vir a São Paulo pra dividir uma noite com uma banda de metal em São Paulo. Será uma viagem quase perdida, porque o público da banda de metal provavelmente não vai ver a banda de hardcore e vice-versa (o que é triste, diga-se, mas é o que acontece).

Antes de virem, dêem uma sacada nas bandas que têm a mesma pegada. É importante haver uma troca e que a viagem seja positiva pra todas as bandas envolvidas.”

No dia do evento, passar por qual tipo de situação mais te irrita?

Carlos: “Atraso. Ok, vivemos em São Paulo. O trânsito é caótico, todo mundo trabalha até tarde, tudo é mais difícil, mas temos limite de horário pra música ao vivo aqui no Aurora. Sem falar que atrasar a passagem de som complica todo o funcionamento da noite. Em tempos de Waze, não dá pra entender atraso. E se for atrasar, avisa a gente!”

Qual o perfil de artistas que te agrada na hora de realizar a curadoria?

Carlos: “O que se comporta como profissional, mesmo que não seja. O que entende nossa proposta, o que entende que também estamos nos sacrificando pra fazer as coisas acontecerem, e que estamos oferecendo a melhor estrutura possível pra isso rolar.

Amplificadores bons funcionando, peles da bateria são boas, você consegue ouvir o vocalista, não precisa trazer ferragem, a cerveja está gelada e você ainda sai com uma gravação do seu show.”


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Show no Almanaque Urbano (Largo da Batata / São Paulo) – Foto Por: FlashBang

Rubens Adati (Almanaque Urbano)

Qual a abordagem mais “bizarra” já teve que passar enquanto programador?

Rubens: “O artista chegou no bar e perguntou como fazia pra tocar lá. Até aí tudo certo, expliquei que ele precisava mandar algum material do projeto para analisarmos e encontrar uma data. Ele insistiu (bastante) que traria um violão no dia seguinte e iria me mostrar as músicas.”

Qual o erro mais comum que os artistas (ou produtores) cometem na hora de negociar (ou agendar) um show?

Rubens: “Achar que o show está garantido só de vir pedir pra tocar. E para os artistas que não fazem parte do circuito mais ‘mainstream” de casas de show pequenas, achar que precisa pagar para fazer o show ou evento.”

Para você qual a melhor maneira de fazê-la?

Rubens: “Entender que nem sempre o projeto que você faz parte ou produz é condizente com a casa de show na qual você quer tocar ou colocar uma banda.

Entender também que música é trabalho e deve sim cobrar por isso. Equipamentos e ensaios custam caro.”

No dia do evento, passar por qual tipo de situação mais te irrita?

Rubens: “Atrasos. Artistas que pedem coisas inviáveis de acordo com a estrutura de som que o local possui na HORA do show. Um rider técnico é SEMPRE muito bem-vindo, mesmo que megalomaníaco (risos).”

Qual o perfil de artistas que te agrada na hora de realizar a curadoria?

Rubens: “Independente, com som autoral, que faça parte de algum circuito (isso ajuda muito na hora de trazer público, afinal, na hora de marcar um show, tenho que garantir que o evento não será um “prejuízo” para a casa.).”

7 Comments

  • […] matéria especial sobre produtores e casas de show o depoimento da Liu se destacou justamente pela denúncia de algo que infelizmente ainda é […]

  • Sensacional as dicas Rafa.
    Grato por compartilhar!!!

  • […] bastante utilizado pelas bandas e em maio não foi diferente. Muito por conta da necessidade de mostrar seu trabalho ao vivo para contratantes. Mas também é uma oportunidade de engajar seu público a comparecer em eventos futuros. Por isso […]

  • […] pela internet diversas denúncias envolvendo artistas, integrantes de bandas, produtores musicais e casas de shows. Motivadas por essa onda e reconhecendo a importância da reflexão, debate e questionamento sobre […]

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