Quem acompanha o Hits Perdidos provavelmente já ouviu falar sobre o duo paulistano FingerFingerrr que é famoso por suas apresentações inflamáveis. Em 2016, inclusive, o projeto composto por Flavio Juliano e Ricardo Cifas participou da coletânea O Pulso Ainda Pulsa (Hits Perdidos / Crush em Hi-Fi) que homenageou os 30 anos do clássico álbum dos Titãs, Cabeça Dinossauro (1986).
Na ocasião eles gravaram uma versão transgressora e impressionante para “Polícia” que impressionou até mesmo o Lucio Ribeiro que rasgou elogios em sua resenha para o Popload.
Vibrante no disco e reverberante nos palcos. Em seu álbum de estreia, Mar (2016), eles mostram que seu caldeirão que mistura punk, hip-hop, alternativo, eletrônico e o tom caótico das ruas, pode sempre surpreender.
Trabalhar seus lançamentos nas mais diversas frentes já é marca registrada da banda que desde seu primeiro ano também já apostou em shows no exterior. Tônica essa que também foi intensificada no lançamento do disco.
Eles passaram por lugares como EUA, Canadá, Espanha, Portugal e Austrália. Sem frescuras! De festivais do calibre do Primavera Sound, a shows intimistas nos EUA, passando por locais como salas de casa à conferências de música.
Além do Primavera Sound eles tem no currículo passagens por festivais do calibre de SXSW, Perth Festival, Canadian Music Week e Northside Festival. Mas se engana quem pensa que eles deixam o Brasil de lado e já passaram pelos palcos dos festivais DoSol, Porão do Rock, Vento, Bananada e Virada Cultural.
Após excursionar por mais de 2 anos eles estão atualmente se preparando para um novo disco. Este em que eles prometem continuar realizando experimentações… mas sem perder o espírito D.I.Y. e fugir de sua essência wanderlust.
Mas enquanto isso não acontece eles aproveitaram uma passagem pela Califórnia para gravar o videoclipe para “Rollz Royce”. Ao lado do amigo, e diretor, John Threat eles optaram por gravar um videoclipe de tirar o fôlego.
“Rollz Royce foi o primeiro single lançado depois do nosso disco de estréia, MAR, e veio com a proposta de trazer uma nova faceta do FingerFingerrr, mais quente, astral e sexy”, comenta Cifas.
Com intensidade, improviso e roteiro sendo formulado enquanto gravavam, o resultado do clipe, que faz uma road trip pelas ruas e subúrbios de Los Angeles, trouxe além de experiências inesquecíveis uma porção de hematomas para os integrantes.
“Foi coisa do destino: nos sentindo em movimento em direção ao próximo trabalho, recebemos esse presente do John, um clipe para uma música com nome de carro”, revela Flavio
Threat é amigo de longa data do duo e entrou de cabeça na pira automobilística do vídeo. Até mesmo seu carro foi “tunado” especialmente para as gravações.
“Com o qual o diretor ficou tão animado que, para realizar os efeitos da pós produção, pintou o próprio carro de azul com lata de spray de um dia para o outro”, conta Cifas
“Trabalhar com o John é sempre incrível. Conhecemos ele há algum tempo. Ele é muito criativo, doido, gosta muito do nosso trabalho e há um respeito mutuo de se deixar levar pela arte e fazer o melhor possível.
É sempre uma adrenalina fudida (sic), ele cobra muito a nossa performance e a gente se joga de cabeça (por isso inclusive que a gente acaba as gravações exausto e com vários hematomas)., finaliza o músico
A produção audiovisual empolga justamente pela insanidade e pelo fato de a câmera colocar quem assiste ao vídeo dentro dele. O estilo “fora da lei” e flerte com o 4×4 do vídeo vai ganhando cenários…incluindo a linha de trem. Momento que teve adrenalina durante as gravações.
“Ele (Threat) fica o tempo todo gritando: pula! sai do carro! dança! agita! quebra tudo! É frenético mas o resultado é incrível. O clipe da “Rollz Royce” foi muito desafiador nesse sentido.”, relembra Cifas
No domingo (14/04), ás 16h, o duo se apresenta no Deck do Sesc Pompeia em show gratuito. Ou seja, é só chegar! O Sesc fica localizado na Rua Clélia, 93.
Para entender mais sobre esse momento conversamos com o FingerFingerrr para saber mais sobre o saldo das turnês do Mar, a produção do novo disco e os planos para 2019.
[Hits Perdidos] Depois de lançar o Mar vocês não pararam quietos. Foram para Austrália, SXSW, Primavera Sound, Northsidee cada vez mais viram as possibilidades do mercado no exterior. Como foram essas andanças? E os gringos entenderam o espírito livre de vocês?
Flavio: “Desde o começo da banda temos um pé fora do Brasil. Tocamos nos EUA pela primeira vez com nosso EP, em 2013. Então tudo que planejamos sempre envolve pelo menos uma ida para algum lugar fora pra lançar e conhecer. Com MAR, essas turnês explodiram… rolou EUA, Canadá, Espanha, Portugal e Austrália, de festivais gigantes a shows em salas de casa, e ainda fomos pra França para uma conferência.
Acho quando você viaja e é uma banda com uma bandeirinha estrangeira na arte do line up, automaticamente o público tem um certo interesse diferente. Gosto muito dessa sensação meio ‘ok, vieram até aqui, show me what you got’. Mas qualquer lugar que vamos, no Brasil ou fora, sempre tem uma recepção foda, seja de quem contrata, hospeda, leva ou assiste ao show.”
[Hits Perdidos] Qual lugar mais abraçou? Qual mais surpreendeu? E quais histórias mais ficaram na memória dessa invasão global da FingerFingerrr?
Cifas: “Como era a primeira vez na maioria dos lugares foi sempre surpreendente porque a gente não sabia o que esperar. Era nosso primeiro disco e a resposta foi muito além das nossas expectativas. Chegamos a lugares e fizemos coisas que só sonhávamos através da música.
Não conseguiria falar que um lugar abraçou mais, em todos os lugares que passamos e tocamos foi foda. A resposta do publico e sinergia dos shows foram incríveis e a gente só tem a agradecer a todo mundo que colou e se divertiu com a gente.
Temos muitas histórias mas uma me marcou muito. Quando tocamos no Primavera Sound em Barcelona já estávamos super felizes e quando vimos o line up percebemos que o festival tinha colocado a gente como headliner nos dois dias que tocamos. No primeiro dia a gente tocou no mesmo horário que o Flying Lotus e pensamos: concorrência difícil né…(risos). Isso tencionou um pouco a gente, primeiro por estar la entre as maiores bandas e artistas do mundo e segundo porque achamos que ninguém ia dar bola para uma banda nova do Brasil. Minutos antes do show sacamos uma movimentação de gente para esperar o nosso show, que ficou ali esperando e o lugar começou a ficar cheio.
Quando começamos o show com “Quem te Convidou” além das pessoas que estavam ali começou uma espécie de invasão e o show ficou lotado mesmo com o Flying Lotus e outros artistas headliners tocando ao mesmo tempo. Tinha uma arquibancada que dava acesso ao nosso palco e ligava ele ao resto do festival.
Quando começamos a tocar eu olhei pra arquibancada e tinha uma galera acessando o nosso palco correndo pra ver o show pulando e gritando em bandos numa catarse absurda. Resultado: a sinergia com o publico foi assustadora, a galera estava ali pra curtir muito com a gente e foi incrível a sensação.”
[Hits Perdidos] Histórias eu sei que não faltam mas como por exemplo foi conhecer o John Threat, e a insanidade que se tornou o roteiro mutável e de puro improviso deste clipe tão “fora da lei”? Aliás como foi a adrenalina desta experiência tão “faça você mesmo”. Foi como voltar as origens do projeto de certa forma?
Cifas: “Trabalhar com o John é sempre incrível. Conhecemos ele há algum tempo. Ele é muito criativo, doido, gosta muito do nosso trabalho e há um respeito mutuo de se deixar levar pela arte e fazer o melhor possível.
É sempre uma adrenalina fudida (sic), ele cobra muito a nossa performance e a gente se joga de cabeça (por isso inclusive que a gente acaba as gravações exausto e com vários hematomas). Ele fica o tempo todo gritando: pula! sai do carro! dança! agita! quebra tudo! É frenético mas o resultado é incrível. O clipe da “Rollz Royce” foi muito desafiador nesse sentido.
O Finger sempre foi e é “faça você mesmo”. A gente sempre tenta deixar as origens por perto para continuarmos curtindo e com o pé no chão. É muito fácil você voar dentro do meio artístico e se tornar algo que você não é.
Conquistamos muitas coisas e queremos mais mas nos preocupamos muito em nos manter conectados com o que somos sem ficar pirando em transparecer uma imagem fakeou distorcida.
E o John saca muito essa essência do Finger de ser divertido, pesado, doido e sincero. É explosão pura.”
[Hits Perdidos] Vocês falam que essa atmosfera que flerta com a garagem, hip hop e dance music, presente em Mar, causou um impacto e entrou de vez para mudar a identidade da banda. O que podemos esperar do próximo álbum e como tem fluido as gravações? O que vocês têm ouvido que servirá de combustível?
Flavio: “MAR é muito variado, tenho orgulho dele. Tem picos e descidas e estilos. Falamos entre nós que, depois dele, podemos ir pra qualquer lugar. Só garanto que o próximo disco vai ser mais em tudo. Entramos no estúdio 1 dia pra fazer um single, que sai esse mês também.
Aí temos show dia 14 no SESC Pompeia e aí continuamos ensaiando e escrevendo as novas músicas. Eu só tô ouvindo a música “The Ringer” do Eminem, há 3 meses. E um pouco de Logic, Googie e IDLES.
Perguntei pro Cifas agora e ele tá ouvindo Machine Head, Billie Eilish, Roots do Sepultura, Boogarins, RAKTA, DEAF KIDS, IDLES, Death From Above, The Mars Volta e NAS.”
[Hits Perdidos] Quando vi que o show de vocês seria no Sesc Pompeia pensei “no Deck seria perfeito”. Depois reli e vi que era justamente lá, aliás é a cara de vocês estar mais perto do público e interagindo. Para quem ainda não teve a oportunidade de assistí-los, como descreveriam ou venderiam o peixe? Valendo!
Flavio: “Dia 14 vamos morrer, é nosso último show.”
This post was published on 8 de abril de 2019 10:10 am
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