[Premiere] Ainda na ressaca do Carnaval, Drápula faz ode a esbórnia em novo single
Irreverência, descontração e não se levar a sério são marcas dos fluminenses do Drápula e isso os leitores do Hits Perdidos já sabem. Mas para quem está chegando agora vale a pena lembrar um pouco sobre sua essência.
Em seu som eles abraçam diversas influências, do pop passando pela psicodelia, MPB, anos 80, rock alternativo e até mesmo das “ondas das AMS/FMS dos elevadô”. Com a internet, claro, tudo ficou mais fácil e a transição de estilos vai fazendo com que acumulemos sim uma bagagem musical que não teríamos a oportunidade de acumular em uma só vida.
É divertido pois nos três volumes (lançados até o momento) as influências que eles citam acabam de fato se complementando e chegando ao ouvinte com certa naturalidade. São bastante diversas como Ariel Pink, Lulu Santos, The Growlers, Jorge Ben, Mac Demarco, Mutantes e movimentos como o Clube da Esquina, Jovem Guarda e o Tropicalismo.
Mas o universo deles não se restringe a isso, eles passeiam por assuntos do dia-a-dia como filmes, redes sociais, ficção científica, séries, literatura e passagens leves da vida. Sabe por mais que eles dialoguem com os millennials, não é muito diferente de como os adolescentes dos anos 90 viam a cultura pop, os quadrinhos, os programas de TV e videogames.
O Novo Single
Prestes a embarcar para sua primeira viagem fora dos limites do estado do Rio de Janeiro, a banda de Niterói lança de surpresa seu “novo” single. Novo para quem ainda não teve a oportunidade de vê-los ao vivo pois eles costumam tocar ele em seus shows já tem algum tempo.
O Drápula tem show marcado no dia 30/03 na Casa do Mancha e para “chegar chegando” eles apresentam a carnavalesca, e descompromissada, “Boba”. Que de boba não tem nada!
“Apesar de estar no repertório da banda já faz algum tempo, foi retrabalhada em estúdio e lapidada para se tornar um single pop, energético, dançante e direto ao ponto.”, contam os fluminenses
Segundo eles a letra é um retrato jovem do mundo de festinhas e sedução. Regados a álcool, cigarrinhos do capeta, azaração e curtição. Com o adendo de metais a canção mostra novas possibilidades para serem exploradas pelo grupo.
“Novamente gravada em casa, contamos pela primeira vez com a presença de um naipe de metais com saxofone alto, flauta transversal e trompete, mirando em referências como Stevie Wonder e Earth Wind and Fire. Tecladinhos gangsta rap e Djavan nos anos 80 são outras referências que perpassam pelo arranjo, por vezes em detalhes.”
Realmente a canção acaba de fato misturando diversos elementos que conseguem fazer um cruzamento entre a new wave, a segunda leva do ska, o funk e o brega. Entre o clima de azaração, canalhice, bebedeiras e um carnaval de emoções, a canção desfila em meio a serpentinas e garrafas de catuaba que se acumulam pelo chão.
Se olharmos de maneira sóbria para a letra ela faz uma crítica a quem só quer saber de “chapar”, sair e pouco querer algo da vida…mas particularmente prefiro olhar pelo olhar dandy da história.
Entrevista
Para entender mais sobre o momento da banda e a proposta do novo single conversamos com João Rosas.
[Hits Perdidos] Podemos considerar o single novo um hit do carnaval atrasado? Contem sobre as inspirações e acasos do som?
João Rosas: “Talvez seja pretensioso de minha parte chamar de hit, mas acho que sim. Pode ser um canto de ressaca do Carnaval, que aparece na letra não como tema principal mas complementando esse cenário da juventude focada em “beber e sair”. Talvez pretensioso tenha sido eu citando a mim mesmo agora.
Essa música nasceu de uma loucura instrumental que fiz como exercício, recortando o pedaço de melodia mais interessante e transformando no refrão dessa. A partir daí que vão surgindo os detalhes que lapidam o arranjo, como uma linha de baixo meio Silly Love Songs, que acabou se transformando num tecladinho gangsta rap ao fundo.
Queríamos que fosse uma música dançante, então acabou surgindo ali no meio uma referência pontual ao funk carioca. As sonoridades dos discos oitentistas de Caetano e Djavan entram na música como norte para timbres e dinâmicas.”
[Hits Perdidos] Como foi a experiência de adicionar os metais, e será algo que será visto no palco? Ou usarão samples?
João Rosas: “Para “BOBA”, buscamos trabalhar a música em sua individualidade, em contraponto à lógica da nossa trilogia de EPs. A ideia de incorporar metais veio de Los Hermanos (é, adoramos) no intuito de dar mais corpo sonoro ao tema principal.
O resultado dos sopros agradou e agregou essa cara de “carnaval”, que foi justamente a época que a gente gravou. Assim como os outros EPs, gravamos e mixamos tudo em casa, incluindo os metais.
Como estamos tocando agora com pad eletrônico, a ideia ao vivo é fazer por meio de disparo de samples. Mas a vontade mesmo é fazer com o naipe ao vivo eventualmente e explodir tudo!”
[Hits Perdidos] Aliás quais as expectativas para o primeiro show de vocês em SP e o que podem adiantar para quem for comparecer?
João Rosas: “Estamos tremendamente animados com esse show dia 30, nosso primeiro fora do estado do Rio. Além disso vai rolar na Casa do Mancha, um lugar que admiro à beça.
Um ótimo ponto é que o público paulista nunca viu nossa performance ao vivo, então todas as nossas piadinhas serão novas. Podem esperar um show divertido cheio de refrões chiclete, com algumas surpresinhas aqui e ali. O que posso adiantar é que seremos a primeira banda a tocar, então CHEGUEM CEDO!”
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