O Acidental nasceu como um projeto solo de Alexandre Machado que desde antes do Parachamas encerrar suas atividades já pensava em montar um projeto paralelo focado em outras influências que não cabiam muito na proposta da banda catarinense.
“Cheguei a lançar no Acidental coisas que havia rascunhando em 2002. Acho que todo mundo que escreve música tem muito material perdido, frases soltas, coisas de 10 anos, sem sentido na época e que agora se encaixam em algum momento da vida. Algo simples e bobo escrito em 2001 e que hoje parece perfeito. Estou vivendo bastante disso! Evoluindo, ouvindo e respeitando meus princípios.”, frisa o músico
Fato é que o Acidental abrange bastantes referências que passeiam por rock alternativo, post-rock, powerpop entre outras coisas. Desde seu início, em 2015, foram lançados 5 EPs (Um em 2015, um em 2016, dois em 2017 e mais um em 2018), cada um dos EPs com 2 faixas.
De certa forma a compilação Grandes Momentos 2015 – 2018, que está sendo lançada hoje, tem a missão de encerrar um ciclo e assim focar no lançamento do primeiro álbum, previsto para 2020. Além disto o disco veio da necessidade da banda em ter um CD para vender nos shows, já que os EPs foram lançados em fitas cassetes, ou no caso do mais recente, apenas no formato digital.
“Cada uma destas 10 faixas é bem diferente, com referências distintas, e utilizei esse momento pra encontrar e definir a direção para um primeiro álbum.”, conta Machado
Além das canções presentes ao longos dos 5 EPs o registro ainda conta com um cover do grupo catarinense Expresso Rural. Uma outra curiosidade fica para o fato das faixas “Bem Vindo” e “Volte Sempre” terem sido gravadas originalmente pelo Parachamas.
“Gosto muito dessa banda, as composições são lindas e têm muito a ver com o que eu sinto, com relação ao fato de ter saído de SC pra vir morar em SP. Sempre toquei várias músicas deles no violão e durante uma sessão de gravação acústica eu resolvi mandar a faixa “Nas Manhãs do Sul do Mundo”, direto no violão e voz, sem guia ou metrônomo!”, relembra o músico sobre a gravação da versão.
O Acidental além de Alexandre também conta com Antônio Augusto (baixo) e recentemente eles participaram de uma verdadeira odisseia. Cruzaram o país, viajando mais de 10.000 KM para realizar uma turnê pelo nordeste.
Quem pôde acompanhar a aventura pelas redes sociais viu os percalços e surpresas que eles encontraram pelo caminho e em entrevista exclusiva para o Hits Perdidos vocês poderão conferir alguns relatos. Uma das razões para a viagem que teve mais de um ano de planejamento foi a participação no cultuado Festival DoSol, em Natal (RS).
“Esquisito é a palavra que resume o clipe, não tem roteiro, não tem ator, não tem muita coisa! Tem um clima vazio, escuro, solitário, uma sensação horrível! O Acidental é isso. Não montei esse projeto pra seguir tendências, mas também não me acho o maior gênio das artes visuais (bemmmm longe disso), só estou tentando dar uma agitada nessa água parada da vida.
Todos os clipes do Acidental são estranhos, essa é a premissa sempre. Sobre as fitas BASF, quem não ama um lance vintage, né?! Não poderia responder esta pergunta sem mencionar o Paulo Chuim, responsável pela edição final deste trabalho. Este sim é um gênio das artes ‘videográficas’!
Ele está presente em vários trabalhos de vídeo do Acidental, acho legal e importante trabalhar com amigos, afinal de contas, a nossa vida é toda sobre amizades.”, conta Alexandre ao Hits Perdidos
Confira a coletânea que conta com 10 faixas, sendo a versão para a canção da Espresso Rural e duas regravações do Parachamas.
Fazem parte do registro “Frio / Prata” (2015), “Eu Venci / Teste” (2016), “Alguém / Texto De Um Blog Qualquer” (2017) e “Surpresa / Nada A Declarar” (2017). A coletânea ainda conta com a participação dos músicos Alex Buchner, Rodrigo Boka, Deny Bonfante e Thomás Giollo Rivelli.
“Este período inicial serviu muito para eu definir a direção da banda. Nestes 3 anos acredito que agora eu sei o que fazer com o primeiro álbum. A maior lição foi manter o entendimento de que jamais devo moldar meu som de acordo com o momento do mercado e sim conforme o que realmente é autêntico e minha pessoa.”, comenta Alexandre sobre o aprendizado.
[Hits Perdidos] Como foi para você essa “passagem” entre o fim do Parachamas que teve uma história interessante dentro do circuito independente e o nascimento da Acidental?
Alexandre: “Ainda com o Parachamas em atividade eu já pensava em montar um projeto paralelo focado em outras influências que não cabiam muito na proposta do Parachamas. Isso ficou na minha cabeça por um muito tempo e o término do Parachamas serviu como estopim para isso.
Sempre tive influências e gostos musicais bem mais amplos do que os que transpareciam nas composições. Começar uma banda nova é sempre muito legal, você tem mais liberdade, uma direção livre e ânimo lá em cima! Mas o Acidental nasceu como uma banda desconhecida, é claro, até o Parachamas era pequeno, mas ainda assim com uma boa relevância dentro do underground.
O Acidental não herdou nem 1% desta pouca relevância e esse foi e é a parte mais complicada nesta passagem, afinal de contas, a idade vai passando, a disposição para “furadas” já não é mais a mesma e é preciso aprender a gerenciar isso da melhor forma possível. Cada ano que passa, fica mais complicado conciliar.”
[Hits Perdidos] As referências do projeto até são mais abrangentes, passando por rock alternativo, post-rock, powerpop entre outras coisas. Como foi se moldando este projeto solo? A partir de que momento resolveu chamar o Antônio?
Alexandre: “Justamente por causa dessa abrangência enorme de referências que eu preferi focar em EPs para os primeiros lançamentos. Foram 5 EPs em 4 anos, (Um em 2015, um em 2016, dois em 2017 e mais um em 2018), cada um dos EPs com 2 faixas. Cada uma destas 10 faixas é bem diferente, com referências distintas, e utilizei esse momento pra encontrar e definir a direção para um primeiro álbum. Acho importante falar que shows também não eram prioridade, tanto que a banda só foi tocar em 2017, mais de dois anos após o primeiro EP.
A história com o Antônio tem a ver com o fato de eu não ter uma banda fixa, a ideia do Acidental é não depender de outras pessoas. Quando comecei a planejar a tour nordeste (que rolou em novembro e dezembro de 2018) eu ainda nem tinha uma banda, achei melhor criar o motivo, a ideia, pra depois ir atrás das pessoas e o Antônio aceitou, ainda bem!!! (As viagens viram reuniões de trabalho hehe). Fizemos 22 shows em 2018, entre estes shows do nordeste e outros shows pelo sul e sudeste.
[Hits Perdidos] Você sente que neste projeto tem mais liberdade de ser você mesmo? Tiveram músicas que já estavam prontas a tempos que não se encaixavam no Parachamas?
Alexandre: “Me sinto totalmente livre pra fazer qualquer coisa, mas nesta ideia de produzir o primeiro disco do acidental vou querer manter uma identidade e criar algo com uma certa identidade. Desde sempre aproveitei músicas perdidas, tanto do Parachamas como de bandas anteriores.
Cheguei a lançar no Acidental coisas que havia rascunhando em 2002. Acho que todo mundo que escreve música tem muito material perdido, frases soltas, coisas de 10 anos, sem sentido na época e que agora se encaixam em algum momento da vida. Algo simples e bobo escrito em 2001 e que hoje parece perfeito. Estou vivendo bastante disso! Evoluindo, ouvindo e respeitando meus princípios.”
[Hits Perdidos] No campo das influências, como você vê o Acidental? Ao longo dos 4 anos como enxerga que o som foi se transformando?
Alexandre: “Ouço muita coisa e ainda compro muita coisa, CD, LP e K7, não sou fechado, mas também não ouço tudo. Estou sempre buscando conhecer coisas novas, mas eu nunca deixo de ouvir as maiores bandas da minha vida. As vezes falta tempo pra absorver tudo, mas acho que isso também não pode se tornar um compromisso, tem que ser algo sempre prazeroso. Tudo que eu ouço me influencia e isso é bem transparente no Acidental, pelo menos pra mim.
Neste curto tempo de banda, foi realmente bem difícil entender “qual era o estilo do Acidental“, o que eu queria fazer realmente… levei 4 anos pra entender e criar o conceito do primeiro álbum e isso tudo está bem claro nesta compilação. Eu percebi que nestes 4 anos eu fui caminhado cada vez mais para um lance brasileiro, cheio de características internacionais, mas muito brasileiro. Isso me agrada muito!
Agora estou começando a trabalhar nele (o tal primeiro álbum do Acidental) e a intenção real é lançar em 2020. Não é uma promessa, mas sim o planejamento e farei de tudo para mantê-lo!”
[Hits Perdidos] Vocês recentemente foram para o nordeste e fizeram uma verdadeira maratona de carro que quem pôde acompanhar nas redes sociais viu o diário de bordo. Queria que contasse para os leitores mais detalhes sobre a turnê, suas presepadas e algumas passagens que marcaram.
Alexandre: “Dá sempre um orgulho falar desta tour no nordeste, pois o Acidental é uma banda bem pequena, com pouco tempo de vida, mas que meteu a cara nesse projeto e conseguiu executar. Planejamos quase um ano e realmente é algo bem trabalhoso, lidar com tanta gente, esperar dias ou meses por respostas, enfim, administrar a coisa toda foi uma aula!
A ideia de fazer tudo isso de carro, no início, pareceu assustadora, mas depois de uns dias eu me acostumei e já achava “animal” o fato de eu ter a oportunidade de conhecer cada um dos 10 mil km que iríamos percorrer, saindo de São Paulo. As estradas são verdadeiras armadilhas, dirigir a noite era perigoso, mas as paisagens sempre compensavam qualquer medo.
Passamos por cidades menores que o bairro que cresci lá em Blumenau (Salve Salto do Norte), diferenças sociais extremas, belezas naturais indescritíveis e pessoas maravilhosas. Aprendi muito mais com a turnê do que com 4 anos em uma faculdade.
Um momento marcante foi o show no DoSol, festival gigante, cada vez melhor. Já era a terceira vez que eu ia ao evento, a primeira foi em 2015, onde toquei com o Mundo Alto. Outro momento marcante foi a visita que fizemos a estátua de Padre Cícero, em Juazeiro do Norte-CE, realmente um lugar especial do sertão.
Todos os shows foram especiais, porque é muito bom viajar pra tão longe e encontrar pessoas dispostas a ouvir sua banda, muitas vezes pela primeira vez. Mal vejo a hora de voltar!
As presepadas envolveram sempre coisas com o carro, tipo, entortar o aro ou a lataria/fundo devido algum buraco na estrada (Buracos no Brasil???). Nos hotéis baratos pelos quais passamos também rolaram coisas engraçadas, cada construção estranha! Melhor nem comentar! (risos). Viaje pelo Brasil.”
[Hits Perdidos] É até interessante o nascimento da coletânea/CD agrupar singles e EPs lançados ao longo dos últimos anos visto que o consumo de música foi mudando. Como enxergam a importância de lançar um full length em 2019, além do fator venda de shows, em tempos de streaming e singles “bombados”?
Alexandre: “Eu acredito que singles e EPs sejam bem importantes, principalmente pelos fatores “tempo e dinheiro”, já que na visão do underground a gente sempre lida com poucos recursos. Então, é mais prudente gravar uma música e lançar, ao invés de gastar tempo e grana em um álbum cheio.
Por outro lado, no mainstream eu acredito que essa tendência dos singles tenha se fortalecido devido ao fato dos artistas terem a obrigação de seguir o que está rolando no momento, geralmente cada artista pop lança a sua “música da moda”, de acordo com o que está “pegando” no momento. Quantas vezes já tivemos a impressão de que as músicas são todas iguais, só mudam a letra e o artista, né?
No meu conceito de obra, eu acredito muito no lance da discografia, em lançar um produto que apresente o momento da banda, que tenha uma unidade ou tema, por isso eu acho importante manter uma linha de lançamentos baseada em “full lenght”. Mas este é o meu ponto de vista e não julgo ninguém que queria entrar no seu perfil do Spotify e ver 300 capinhas na sessão “Singles and EPs” e nada na sessão “Albums” (ou somente os DVDs Ao Vivo). Isso no universo digital, no universo do colecionador, nem sei o que dizer.
Resumindo, eu acho legal poder olhar pra trás e ver toda história marcada pelos discos.”
[Hits Perdidos] Além das composições autorais, o disco ainda conta com uma versão do grupo catarinense Expresso Rural, algum motivo especial?
Alexandre: “Gosto muito dessa banda, as composições são lindas e têm muito a ver com o que eu sinto, com relação ao fato de ter saído de SC pra vir morar em SP. Sempre toquei várias músicas deles no violão e durante uma sessão de gravação acústica eu resolvi mandar a faixa “Nas Manhãs do Sul do Mundo”, direto no violão e voz, sem guia ou metrônomo!
O resultado me agradou, a gravação ficou bem crua e transmite a sensação de parecer tocada na sua varanda. Daniel Lucena é um gênio, tem uma infinidade de músicas lindas, inclusive recomendo que ouçam a “Certos Amigos”, um verdadeiro hit do folk/rural brasileiro.”
This post was published on 14 de março de 2019 10:00 am
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