[Premiere] Pappon (Fellini, The Gilbertos) lança série de vídeos gravada na Sunray Garage

 [Premiere] Pappon (Fellini, The Gilbertos) lança série de vídeos gravada na Sunray Garage

Desde 1992 o músico paulistano Thomas Pappon, conhecido artisticamente por integrar – e fundar – os grupos Fellini e The Gilbertos, vive na nublada Londres. Ao lado das bandas gravou quatro discos e tem muito orgulho de seu repertório.

Morando em Sunray Avenue, próximo de Brixton, no extremo Sul, no fim do verão de 2018 ele decidiu abrir seu estúdio-garagem para o mundo. Tendo hábito de tocar as 50 canções que integram a discografia de suas bandas, em entrevista ele nos conta que hoje em dia se vê cantando melhor.


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Thomas Pappon vive a quase 30 anos na capital inglesa. – Foto: Divulgação

Pappon optou por gravar cerca de 3 horas de material inédito dele tocando boa parte do repertório de sua carreira. Com o incentivo, filmagem e edição de Rodrigo Lariú (Midsummer Madness) e Tati – que já a algum tempo também vivem na capital britânica – eles resolveram que ao longo de 2019 disponibilizarão vídeos do registro.

O Set incluirá canções como Nada”, “Novo Rei da Canção”, “Rock Europeu”, “Teu Inglês”, “Amor Louco”, “Baby Is Not at Home”, “Tudo Isso Deu Em Nada”, “Zum Zum Zum Zazoeira” além de outras. Totalizando 20 faixas.

Para as gravações o registro lo-fi teve o auxílio de três câmeras e teve o audio gravado ao vivo pelo próprio Thomas, que também ficou responsável pela mixagem e masterização do conteúdo.

Para inaugurar o projeto intimista ele escolheu “Socorro”, uma composição de Pappon com Cadão Volpato, lançada originalmente no álbum Fellini Só Vive Duas Vezes (Baratos Afins, 1986).



Em maio do ano passado foi disponibilizado um bootleg de um dos últimos shows da reunião do Fellini que aconteceu em dezembro de 1998. Material desconhecido até por eles mesmos. Assina a produção do vídeo Zefel Coff.



No fim do ano passado também foi lançado o livro À Sombra dos Viadutos em Flor, do jornalista e compositor do Fellini, Cadão Volpato, em que dentre outras histórias de sua vida pessoal ainda narra sobre o surgimento da banda.

SINOPSE:

“Parece que os anos 80 do século XX não morrem nunca. Para um punhado de jovens daquele tempo, viver foi só um outro tipo de aventura. À sombra dos viadutos em flor, de autoria de Cadão Volpato, é uma lembrança pessoal e intransferível de um tempo de música em que tudo estava começando, o rock, ele mesmo, com suas legiões urbanas, seus voluntários da pátria, suas mercenárias, suas plebes rudes.

Cadão Volpato era revisor da revista Veja nos primeiros anos da década. E em uma carreira paralela também foi garoto-propaganda. Mas isso eram só ocupações no ofício de viver. Na vida irreal, Volpato era letrista e vocalista de uma banda de rock, cujo nome fora tomado casualmente de um gênio do cinema: Fellini. A banda nasceu em São Paulo no ano de 1984, na região dos viadutos que cortam a Avenida 9 de Julho. Teve uma vida curta, mas deixou alguns discos que com o passar dos anos foram sendo cada vez mais cultuados. ”

Você pode adquirir o livro que foi lançado pela editora SESI-SP aqui.

Entrevista

[Hits Perdidos] No ano passado foi disponibilizado um vídeo em VHS de um show de reunião registrado em dezembro de 1998. Recentemente também foi lançado o livro “À Sombra dos Viadutos em Flor”, escrito pelo próprio Cadão.

Como é para você depois de tanto tempo ver a memória do Fellini sendo resgatada? Chegou a ler o resultado final do livro? Se sim, o que achou? Tem alguma história que gostaria que estivesse lá que acabou não entrando?

Thomas Pappon: “Gostei muito do livro, li numa noite. Mas não é sobre o Fellini. São as memórias do Cadão numa época especial para ele. O início da banda e a gravação do primeiro LP fizeram parte disso, assim como fizeram o tempo em que morou com o Alex Antunes e o Celso Pucci (a.k.a. Minhoca) no apartamento ladeando a Nove de Julho, o emprego como revisor, as casas noturnas e a relação com uma namorada em particular – aqui ele desembucha mesmo, fiquei surpreso. E, sim, foi uma época especial para todos nós. Mas sempre acho temoroso quando falam em ‘resgate’ do Fellini – me parece exagerado.”

[Hits Perdidos] Li em uma entrevista que citam As Mercenárias, da Sandra Coutinho, e diversos locais onde eram realizados shows como “o Napalm, Carbono 14, Madame Satã e Ácido Plástico (na zona norte), em que houve uma aproximação entre punks e pós-punks.”

No mesmo texto citam a conexão com as cidades vizinhas e a mistura de classes, além de outras bandas, experiências com drogas. Como é voltar no tempo e olhar para aquela geração do post-punk e os caminhos que foram trilhados?

Thomas Pappon: “Tenho grande orgulho de tudo o que fiz – e sinto respeito e devoção de gerações mais novas. Mas gostaria de ter sido menos porra louca. Muitas memórias doem.”

[Hits Perdidos] Na mesma entrevista para a Revista Bravo você ainda diz que não se levar a sério é fundamental no business da musica pop. Acredita que seja um dos problemas dos artistas hoje em dia “se levarem tão a sério” ou acha que é uma combinação de fatores que levam a evidência?

Thomas Pappon: “Foi o Cadão que disse isso. Não concordo muito, pois tem gente que quer viver de música e tem que se levar a sério. Ainda bem que não foi nosso caso.”

[Hits Perdidos] O que enxerga de novo como relevante para a música pop?

Thomas Pappon: “Aí pegou. Acho tudo fraco e manjado. A última coisa que ouvi foi o primeiro álbum do Django Django, e isso foi há seis anos. Gosto muito dos Bitchin Bajas e do soul retrô ultrapsicodélico estranho de gente como Connan Mockasin, Unknown Mortal Orchestra e Khruangbin – mas eles não vão mudar o mundo. Prefiro pesquisar no passado.



[Hits Perdidos] Agora com o estúdio como está sendo a viagem pela discografia do The Gilbertos e Fellini? Você ainda gravou, mixou e tem masterizado as gravações. Como tem sido o processo?

Thomas Pappon: “Há muito tempo que passo parte dos meus fins de semana tocando violão e cantando – sempre músicas do Fellini e Gilbertos, umas 50 ao todo. Acho elas lindas, que meu canto melhorou e que esse repertório poderia funcionar num esquema voz e violão. Por que não filmar isso?, pensei.  O Lariú gostou da ideia e cuidou da filmagem e edição, com a mulher dele, a Tati. Eu cuidei do som. Voilá!”

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