[Premiere] Coletânea “No Ritmo do Bubblegum” homenageia os 20 anos do Carbona

 [Premiere] Coletânea “No Ritmo do Bubblegum” homenageia os 20 anos do Carbona

Coletâneas por si só tem um papel social importantíssimo para introduzir um artista ou referências de um determinado estilo musical, festival, selo, tema, localidade entre outros. É através delas que muitas bandas acabam ganhando sua primeira chance de alcançar ouvintes que dificilmente conheceriam o trabalho sem um certo garimpo.

Uma das maneiras mais efetivas de não apenas fazer uma coletânea mas como prestar uma homenagem por si só são os tributos. Homenagens a determinado artista / banda que de alguma forma ou de outra impactou multidões e deixou um legado para as próximas gerações. Felizes por si só são as bandas que ganham um tributo enquanto ainda estão em plena atividade.

Este é o caso do quarteto carioca Carbona. Fundado em 1998, o grupo formado por Henrique Badke (Guitarra / Vocal), Pedro Roberto (Bateria), Melvin Ribeiro (Baixo) e Bjørn Hovland (Guitarra) completa 20 anos em 2018 – e acaba de ganhar um presente daqueles.

O legado está sendo reconhecidos de maneira justa. São 10 discos, quase quatrocentos shows, hinos, hits perdidos, diversas histórias inesquecíveis e a consagração como um dos nomes mais relevantes – e queridos – do Bubblegum nacional.

No Ritmo do Bubblegum

O projeto realizado pelo selo independente Shitface Records, No Ritmo do Bubblegum – Um tributo ao Carbona, conta com 20 bandas e artistas de 11 estados brasileiros. O que só reforça a relevância e comprometimento da banda com o cenário independente.

Henrique Badke, vocalista do Carbona, inclusive ainda acompanha de perto o trabalho de bandas da nova safra e tem lançado diversos EPs e discos através de seu selo, a Morcego Records.


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O tributo foi organizado por Gilson (Distrito Federal), Fagner (São Paulo) e o Gary (Ceará). Amigos virtuais que ainda não tiveram o prazer de se conhecer pessoalmente como eles mesmo frisam em entrevista exclusiva para o Hits Perdidos.

“Isso, somos três na organização. Gilson (Distrito Federal), Fagner (São Paulo) e o Gary (Ceará). Nos conhecemos a um bom tempo, há uns cinco anos. Amizade virtual (risos). Ainda não nos vimos pessoalmente, mas parece que somos amigos desde pequenos por muita coisa que temos em comum.

Eu (Gilson) sou o responsável pela comunicação com parceiros (Sites, Zines, jornais e páginas) e contato com as bandas, essa função eu fiz também na Chicletada e é algo que eu particularmente gosto de fazer. O Fagner me ajudou nessa parte, ficando responsável por algumas bandas. O Gary é o responsável pela tracklist e artes.”, conta Gilson Joe 

O registro também surgiu de uma oportunidade de juntar o útil ao agradável. Durante o planejamento de uma nova coletânea de Bubblegum nacional – eles já lançaram duas – eles notaram conversando com as bandas o quanto o grupo carioca era nomeado como influência e querido por todos. Não deu outra, virou tributo!

“A ideia do tributo surgiu enquanto estávamos produzindo a coletânea Chicletada – Brazilian Bubblegum no final de 2017. Reunimos 30 bandas na coletânea e durante a divulgação das bandas participantes, vimos que a maioria delas tinham o Carbona como influência. Então falei com os caras que seria uma boa fazer esse tributo em homenagem ao Carbona, e desde então, estamos aí na correria.”, comenta Gilson      

A ideia inicial não era contar para a banda sobre a coletânea porém com tantos amigos envolvidos eles decidiram que o melhor a se fazer era contar logo e claro temeram por uma negativa.

“Com certeza estávamos morrendo de medo dele dizer um NÃO (risos). A ideia era de fazer uma surpresa pra eles. Mas como o projeto estava demorando um pouco mais do que o esperado e vendo a proximidade que alguns integrantes de bandas têm com eles, daí falei com o Fagner que era melhor falar logo com o Henrique e foi a melhor coisa que fizemos (risos). O Henrique ficou muito feliz e animado com a noticia e desde então está sempre nos dando boas dicas.”, relembra Gilson

A resposta emocionada dos integrantes só prova que foi o melhor a se fazer, eles que até o momento em que este texto está sendo postado não tiveram a oportunidade de ouvir.

“Alguém contou pro Henrique em um dado momento, e ele contou pra gente meio sem acreditar, quase alertando. “Cara, parece que vai ter um tributo ao Carbona, mas duvido, né?”.

Depois veio um post no instagram do Hill Valley Studio, com uma banda gravando alguma coisa e a #carbona, com a legenda tipo “lá vem surpresa”. Aí comecei a achar que era real.

Eu acho sensacional. Vai me emocionar quando eu ouvir tudo, vir a ordem das bandas… a capa foi meu primeiro momento forte de emoção, foi quando pareceu real.

Como o ávido colecionador de CDs que sou/fui, sempre me liguei muito em tributos, e talvez fosse a única coisa que nunca imaginei que pudesse acontecer a minha banda. É uma grande honra, um grande barato. A gente já gravou 10 discos mas eu sempre acho que tem tanto mais por vir que não esperava um tributo ainda (risos). Eu tô maravilhado, é um grande barato.”, conta Melvin Ribeiro, baixista do Carbona


Carbona Chamada


A seleção de bandas

A ideia inicial era contemplar as duas fases da banda, tanto a em inglês dos primeiros anos, como a em português. A princípio seria um projeto de 14 bandas mas que acabou evoluindo para 20.

“Inicialmente a ideia era colocar 14 bandas que participaram da Chicletada. Mas no decorrer do tempo algumas bandas não conseguiram gravar e a gente teve que reformular o projeto e decidimos então aumentar o número de participantes e abrir espaço para algumas bandas que não entraram na coletânea Chicletada.”, contam os organizadores

No fim entre idas e vindas acabaram entrando no disco: Beer and Mess (DF), Capones (CE), Cerveza (CE), Christian Satã & Seus Demônios (RS), Cine Sinistro (RJ) , Desconjuntados (ES/PB), Flanders 72 (RS), Galhofa (CE), Hey! (ES), Julio Igrejas (RS), Minerva (CE), Os Ildefonsos (PR), Os Thompsons (RS), Os Torto (RS), Rodrigo Porco (PR), Roger Capone e os Planárias (CE), Rooster (RS), Stukas Lazy (PR), Sukinho di 10 (SP) e Wildrock (BA).

Quando perguntado sobre quais as favoritas Gilson acabou se esquivando um pouco mas natural visto que é um dos idealizadores da coletânea.

“Todas as músicas estão sensacionais, mas as bandas que usaram instrumentos de sopro nas gravações fizeram versões surpreendentes.”, conta Gilson

O Tributo

Você pode conferir a coletânea que acaba de ser disponibilizada no Bandcamp oficial do selo Shitface Records. Por aqui já lançamos dois tributos, como os leitores do Hits Perdidos já sabem, O Pulso Ainda Pulsa (2016) e O Mundo Ainda Não Está Pronto (2017), respectivamente homenageando Titãs e Pato Fu. E por esta razão sei que este tipo de projeto sempre conta com histórias interessantíssimas. Por isto decidi averiguar quais as por trás deste tributo.

“Sim, muita coisa interessante. Das bandas participantes três delas têm integrantes que moram em outros estados e até em outro país e o legal disso é que as bandas estavam tão empolgadas com o tributo que isso não foi motivo para não gravar, como foi o caso das bandas: Wildrock, Desconjuntados e Roger Capone e as Planárias.

Outra coisa interessante é que o Davi Pacote do Hill Valley Studio lá de Porto Alegre produziu seis músicas das bandas do Tributo, o estúdio virou praticamente o local oficial de gravação das bandas lá do sul (risos). Ah… o Rodrigo Porco da banda Magaivers estava em Porto Alegre neste período que o Davi Pacote estava produzindo essas músicas e daí ele entrou em contato dizendo que se eu autorizasse o Rodrigo poderia gravar no mesmo dia e é claro, ele gravou (risos).

Algumas bandas entraram em contato querendo participar sim. Quando anunciamos em nossa página que estávamos produzindo o Tributo, naturalmente algumas bandas que têm influência do Carbona falaram com a gente e parte delas entraram no lugar de outras que não conseguiram gravar suas versões.”, comenta Gilson

Os desdobramentos do tributo ao Carbona não pararão tão cedo e eles já tem colhido resultados de toda essa mobilização.

“Temos o projeto dos shows da Chicletada em alguns estados. Como boa parte das bandas também participaram do Tributo ao Carbona, daí quando rolar a reunião dessas bandas vamos aproveitar para elas tocarem suas versões.

Recentemente, o Henrique Badke estava no show da banda Os Torto em Porto Alegre e ele participou cantando a música “Nebulosa” já na versão que eles gravaram para o tributo. Enquanto não rola um festival, esse tipo de participação já era algo que a tínhamos como objetivo e é muito gratificante quando a gente vê que a ideia deu certo.”, argumenta Gilson

Premiere HEY! “Rock’n’Roll Colegial”

Nesta quinta-feira também temos a honra de realizar a Premiere do videoclipe da banda HEY! de Guaçuí (ES). Eles que nos enviaram em primeira mão sua versão para o clássico “Rock’n’Roll Colegial”. A faixa que originalmente está presente no disco Taito Não Engole Fichas (2002) ganhou uma versão empoeirada com uma estética digna dos anos 50.

Já o clipe conta com imagens extraídas de diversos lugares:

  • Cenas do filme Rock’n’Roll High School (1979).
  • Cenas do clipe de “Desgosto” da própria HEY!.
  • Cenas do clipe do Carbona “O mundo era bem mais legal”.

A edição das imagens ficou por conta de Carlos Antônio.



Shitface Records e o Futuro

Apesar do pouco tempo de atividade o selo tem conseguido seu maior objetivo que é o de conectar fãs e bandas de todo o país que admirem punk rock e bubblegum através dos lançamentos colaborativos.

[Hits Perdidos] Quais os próximos lançamentos do selo?

Gilson: “Até então o que tem programado é o próximo álbum da banda Galhofa de Fortaleza que será lançado pela Shitface Records, e no início de 2019 nós vamos produzir o volume 3 da Chicletada – Brazilian Bubblegum.

O pessoal que tem banda de punk rock, bubblegum, pop punk e ska punk, curtam a página da Brazilian Bubblegum e da Shitface Records no facebook e no instagram e fiquem ligados que vem muita coisa boa por aí.”

[Hits Perdidos] Vocês já conheciam o trabalho dos organizadores? Das bandas escolhidas para a homenagem já acompanhavam o trabalho de alguma?

Melvin: “Eu já tinha ouvido o Chicletada, curti muito. Não posso falar das bandas porque não sei quem entrou. Eu ouvi “Esqueletos” com o Cine Sinistro e ficou ótima. E o making of da Hey! fazendo “Rock n’Roll Colegial” bem diferente, calminha, achei o máximo. Sei que vai ter muita gente de Porto Alegre mas não sei nomes, e tem que ter nossos amigos de Curitiba.”

Os Homenageados

Pude também conversar com o baixista Melvin Ribeiro sobre o saldo dos 20 anos de banda, música favorita e a participação no Oxigênio Festival que acontece no feriado de 7 de Setembro, em São Paulo, e tem diversas bandas relevantes do segmento punk e hardcore nacional em seu line up.


Carbona 3
Gravação do Clipe de “O Mundo era bem mais legal” no Melhor do Mundo estúdio – Rio de Janeiro (2012)

[Hits Perdidos]  Qual faixa mais ficaram (ou ficariam) feliz de ser lembrada?

Melvin: “Cosmicômica”, por ser a única música que compus sozinho pra banda – de resto ajudei o Henrique em uma ou outra coisa.

Outro dia a gente fez uma dobradinha de shows solo, eu e ele, e inventei uma versão de “Justine” que curti. Acho que qualquer uma que não seja uma constante do nosso set list vai me surpreender. Mas amo todas as versões como filhas, desde já (risos).”

[Hits Perdidos] Qual o saldo dos mais de 20 anos de banda e como veem o atual cenário de bubblegum brasileiro?

Melvin: “Dez discos, quase quatrocentos shows, muitas amizades da estrada, 1/3 dos meus tais “1000 shows”,  e por consequência 1/3 do meu livro sobre eles. Todas as boas histórias que reunimos são uma grande alegria. Ensaiar e encontrar a banda já é o máximo. Um saldo totalmente positivo. Não sei mesmo como seria minha vida sem o Carbona.

Sobre o cenário, eu sempre me surpreendo. A gente troca ideia direto sobre bandas quando surgem. Eu avisei do Korja, o Henrique me mostrou Cine Sinistro, uma época ele e o Pedro só queriam saber de Rotentix o tempo todo.

O Pedro então é o mais envolvido, ele meio que só ouviu bubblegum por umas duas décadas. E é um estilo que é uma vertente que nunca chegou no topo da onda, então é muito legal ver gente curtindo isso e fazendo uma banda do gênero.”

[Hits Perdidos] Qual banda estrangeira adorariam ver fazendo uma versão de alguma canção do Carbona? E para fechar: quais as expectativas para o Oxigênio Festival.

Melvin: “Algum clássica. O Chixdiggit e o Kepi pela proximidade, ou um Queers ou Screeching Weasel pelo choque que seria.

O Oxigênio Festival é um momento muito esperado. A gente não vai contar com o Pedro para os próximos shows e pela primeira vez estamos ensaiando um substituto, que é meu grande amigo Fred Castro. Pela primeira vez estamos remontando o repertório, ficando mais e mais à vontade com o Fred, percebendo todos os detalhes que mudam com ele e os que ficam, e com o ânimo renovado, doidos pra reencontrar nosso público de SP.

O festival tem proporções gigantes, muita gente não ouvia falar da gente há tempos e pergunta se é show de reunião, convites para mais shows estão pintando, gente conhecendo agora e escrevendo. E saber que vamos chegar lá e tem a mão da equipe do Hangar 110 em tudo isso, que vai ser um clima familiar mesmo num lugar que nunca tocamos. Há muito tempo eu não pensava tanto num show. E em Outubro teremos o Bjorn com a gente em algum show. E no fim do ano ou no ano que vem tem Pedro também, e até lá os shows não vão mais parar. Estamos num momento muito legal.”

Oxigênio Festival 2018


Oxigênio


O Oxigênio acontece nos dias 7, 8 e 9 de setembro – lembrando que dia 7 é feriado -, no Via Matarazzo, zona oeste da capital, próximo ao metrô Barra Funda. O serviço completo vocês conferem abaixo. Além das bandas, o festival também terá atrações para quem gosta de skate, tatuagem, artes e até games.

LINE UP:

Sexta Feira, 7 de Setembro:
Fresno – Far From Alaska – The Movielife – Hateen – Gloria – Esteban – Dance of Days – Bullet Bane – Dinamite Club – 2 Step Flow – Black Days – Camarones Orquestra – Ravel – Rocca + banda escolhida por votação

Sábado, 8 de Setembro:
Dead Fish – Zander – Gameface – Menores Atos – Garotos Podres – Carbona – Os Thompsons – Statues on Fire – Excluidos – Water Rats – Agrotoxico – Blackjaw – Mar Morto – Manger Cadavre + banda escolhida por votação

Domingo, 9 de Setembro:
CPM22 – Garage Fuzz – Pense – All the Hats (ARG) – Chuva Negra – Supla – Inocentes – Skamoondongos – Flicts – Deb and the Mentals – Bayside Kings – Corona Kings – Brvnks – Rebotte + banda escolhida por votação

SERVIÇO:
Data: 07, 08 e 09 de Setembro de 2018
Local: Via Matarazzo
Endereço: Av. Francisco Matarazzo, 746 – São Paulo
(Estação Barra Funda do metrô linha Vermelha)
Horário: 13h00 abertura / 14h00 início dos shows
Censura: 14 anos

Ingressos:
R$70 1º Lote Meia / Promo
(levar carteirinha estudante ou 1kg de alimento)
R$80 2º Lote Meia / Promo
(levar carteirinha estudante ou 1kg de alimento)

R$180 Passaporte 3 dias – 1º Lote Promocional/Meia
(levar carteirinha estudante ou 1kg de alimento)
R$200 Passaporte 3 dias – 2º Lote Promocional/Meia
(levar carteirinha estudante ou 1kg de alimento)

PONTOS DE VENDA
Loja 255Galeria do Rock (em dinheiro, sem taxa)
Venda Online (com taxa)

PATROCÍNIO
Vans
Brutal Kill
Budweiser
Goose Island

APOIO:
Monster
Jaggermeister

PLAYER OFICIAL
Spotify

PARCERIA
Cabify (40% de desconto usando #oxigeniofest)

REALIZAÇÃO:
Gig Music e Hangar 110

3 Comments

  • Não conhecia o site e me deparei com essa matéria completíssima falando da coletânea, da gravadora e da banda, parabéns pelo trampo de primeira. Passarei a acompanhar!

    • Obrigado pelo feedback! Sinta-se sempre bem vindo, Pedro.

  • […] estrada e não tem o que faça o Carbona parar. No ano passado inclusive os punk rockers da escola bubblegum lançaram seu décimo primeiro álbum, Vingue no […]

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