[Premiere] Muito além do Yin-Yang, The900 abraça a música eletrônica em “Antinatural”

 [Premiere] Muito além do Yin-Yang, The900 abraça a música eletrônica em “Antinatural”

Fazer a PREMIERE do novo EP da The900 por aqui é algo um tanto quanto especial particularmente para mim. Muito disso porque foi um dos primeiros textos publicados no Hits Perdidos.

Mais precisamente postado no primeiro dia de Hits Perdidos, 13/05/2014. Eu não sei se eles sabem disso mas para mim voltar para onde tudo começou além de nostálgico, é emocionante. Muita coisa mudou de lá para cá, tanto no site como na caminhada da banda de Americana (SP).

Com dois pés fincados no rock alternativo, o primeiro disco, Automático (2014), que estava saindo naquela época fazia uma ponte com o pop mas olhava para a frente.

É inclusive bacana ver que naquele momento bandas como Alaska, Little Drop Joe e Scalene tinham essa cara. Bom como a vida é feita de acertos e erros, é legal saber que ali sim existia um potencial pop. Não é para menos que a Scalene alcançou as massas e a Alaska cresceu muito.

Tanto a Alaska como o The900 musicalmente vivem momentos bastante parecidos. Após lançarem Onda (2015) e Automático (2014), respectivamente, ambas estão caminhando para uma fase mais eletrônica.

Claro que o rock ainda é o motor de engrenagem de ambas, mas elementos como sintetizadores tem sido incorporado nas novas composições, como podemos ver no clipe de “NVMO” dos paulistanos.


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4 anos após Automático: The900 lança novo EP em PREMIERE no Hits Perdidos. – Foto: Divulgação

Formado em 2006 o The900 pode sim se orgulhar por ter mais de 12 anos de estada. Hoje em dia para uma banda nas trincheiras do independente é realmente um fato a se comemorar. Tudo isso também é um desafio diário tanto de relacionamentos como de procura por novas referências, um processo bastante natural.

Ainda mais em um mundo globalizado, onde dias antes de sair algum material oficialmente: já temos acesso as prévias. Onde marcas de guitarra declaram a falência e programações, drivers e sintetizadores se multiplicam e fazem sucesso entre os novos artistas. Tudo converge e quando percebemos: já não somos os mesmos.

Alguns tem certo pavor de mudanças. Mas se até Doreen Shaffer, vocalista do Skatalities desde 1963, diz que “Mudança é algo bom e que devíamos deixar o saudosismo para trás.”, quem somos nós para ir contra a corrente?

Se olharmos para o lado do ouvinte conseguimos traçar um outro paralelo. Tempos atrás poderíamos dividir os fãs de músicas por tribos urbanas ou fãs de nichos, hoje em dia na mesma playlist do Spotify podemos ter uma imensidão de artistas que na teoria não conversam entre si mas na prática para você fazem todo o sentido.

É essa forma que eu explico a evolução das bandas para outros lados e se pararmos para ver realmente coincide com a popularização dos serviços de streaming. Aliás você se lembra da última vez que baixou alguma MP3 ou até mesmo um disco completo?

Indagações a parte hoje vamos falar sobre o novo EP do The900. A banda em sua formação atual conta com Laio Carvalho (guitarra/vocal), Alan Coelho (sintetizadores), Kleber Bovo (baixo / backing vocal), Jesse Cleber (guitarra) e Gabriel Barcello (bateria) e após 4 anos sem lançar material inédito traz novas composições em seu novo EP, Antinatural que está sendo lançado hoje no Hits Perdidos.

The900 – Antinatural (24/05/2018)

O novo registro possui 6 faixas. Sendo que três delas foram gravadas em estúdio e outras três disponibilizadas através de uma live session. “Sim, errei” e o single “Sob a pele”, já conhecido do público foram gravados no estúdio RG Produções com Guilherme Malosso. Já “Antinatural”, faixa que da título ao EP, foi gravado no Estúdio Costella em São Paulo.

Além destas o EP conta com 3 versões ao vivo que acompanham vídeo, são elas: “Sim, errei”, “Cena Final” e “Antinatural”, estas que foram gravadas, mixadas e masterizadas por Jean Delafiori.

Sobre as composições como o vocalista nos conta são antigas mas que se relacionam com o momento atual. Além destas até o fim do ano eles tem planos de lançar mais algumas inéditas para contemplar a nova fase vivida pelos paulistas.


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O EP começa com “Sim, Errei”, uma faixa cheia de arrependimento por si só. Que discorre sobre os erros cometidos e soa como uma reflexão sobre um fim de relacionamento. Eu consigo ver um lado mais matemático de post-rock do toe indo de encontro com o NIN, Quicksand e até mesmo Placebo em seus discos mais recentes.

As linhas de baixo inclusive lembram bastante bandas de metal dos anos 90, pela pressão, e o lado “eletro” vem para dar o corpo mais introspectivo da canção. Fica neste território entre o rock industrial, o alternativo, o post-rock e o metal.

“Sob a Pele” é uma faixa lançada já no ano passado e de certa forma serviu como aquecimento para entendermos a nova proposta sonora dos paulistas. E experimentação não falta, cheia de camadas o lado eletrorock ganha terreno mais uma vez. Se você gosta do disco Pretty Hate Machine e de OK Computer, com certeza vai captar todo o sentimento à flor da pele que o som carrega.

Mas o hit perdido definitivamente é “Antinatural” que também dá nome ao EP. Ela é rasgada, forte, densa e faz um passeio por sonoridades como as de Tool, Deftones, Jane’s Addiction, Faith No More e KMFDM.

Os ruídos e os elementos que deixam tudo ainda mais caótico. Até a letra, um pouco descompensada, mostra um pouco da sensação de estar tudo indo em direção da autodestruição. Sobre até para o conceito do Yin Yang.

Já “Cena Final”, que no registro conta com uma live session, é a mais calma do EP. Ao mesmo tempo que traz uma fusão de Incubus com Deftones que dão um potencial de balada. Recomendaria até mesmo ouvir na sequência o disco da BTRX.


CAPA


Após 4 anos, e com uma nova formação, o The900 lança seu novo EP, Antinatural, através de um processo de renovação sonora. Com novas referências eles abraçam influências da música eletrônica assim como grupos como Nine Inch Nails, Incubus, Placebo e Radiohead já fizeram no passado.

Assim como outras bandas contemporâneas, eles se propõe a experimentar e este registro serve como um grande teste para saber como será a resposta do público perante esta nova fase criativa.

Confira as Live Sessions:





Entrevista

[Hits Perdidos] Primeiro queria que contassem sobre o momento atual que vocês tem vivido, 12 anos de banda e já se passaram 4 desde o lançamento de Automático. O que sentem que mudou neste meio tempo? Que oportunidades tiveram após o lançamento do primeiro disco?

Laio Carvalho: “Sinto que tudo tem sido muito novo, desde o lançamento do Automático tivemos muitas mudanças na formação, e junto com isso uma mudança também na parte sonora da banda.

Com o lançamento de Automático, conseguimos tocar em novas cidades, participar do (Estúdio) Showlivre tocando o CD completo na íntegra, mas tudo ocorrendo de uma forma um pouco atabalhoada e acabou não evoluindo mais…”



[Hits Perdidos] Vocês estão lançando o EP Antinatural, com versões de uma live session e os registros de estúdio. Queria que contassem sobre o processo de imersão e que referências trouxeram para este novo registro?

Laio Carvalho: “Foi um processo que ao mesmo tempo que foi libertador e inspirador, também foi um processo de descoberta individual de cada integrante. Decidimos romper com alguns rótulos que carregávamos e dar inicio a uma ideia mais ampla no sentido de abrir mais espaço para sonoridades novas.

Passamos a ouvir muito Nine Inch Nails, Radiohead, Tv on the Radio e particularmente comecei a ouvir muita musica brasileira, ler escritores brasileiros, e sinto que isso nos aproximou mais da cultura de onde nascemos.”

[Hits Perdidos] Consigo notar que trouxeram bases eletrônicas e sintetizadores. Algo que tem acontecido cada vez mais dentro do rock alternativo nacional. Como surgiu esse interesse? A evolução da indústria? A busca por novas referências? Porque acreditam que isso tem sido a cada dia que passa mais corriqueiro?

Laio Carvalho: “Sempre achamos interessante e infinito esse mundo eletrônico, o Jesse nosso guitarrista ja tinha discotecado, e trabalhado com produções eletrônicas, daí surgiu o interesse do Alan em sair das guitarras em definitivo e caminhar para esse lado.

Creio que o fato de ser cada dia mais corriqueiro provem de um avanço da tecnologia, e uma certa facilidade a um acesso maior que a internet acabou trazendo para a música em vários estilos.”


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[Hits Perdidos] Queria que comentassem um pouco mais sobre as composições do registro e quais as inspirações na hora de escrever?

Laio Carvalho: “As composições nos deram mais trabalho dessa vez, ate encontrarmos para onde queríamos caminhar para o futuro da banda. Coloca guitarra, tira guitarra, coloca beat eletrônico, ou usa a bateria?… em algumas musicas toco guitarra, em outras somente canto e por ai fomos caminhando ate entender o que seria que queríamos.

As letras já tinha elas a algum tempo, vinham de uma fase de termino de relacionamento, leituras de filosofia, caminhadas, teatro, misturados com um mergulho interno e uma autocrítica enorme.

Hoje vejo que desse completo caos retirei uma ordem, e soam um pouco autobiográficas. Havia muita preocupação em como iria soar o que escrevia, como seria interpretado, se estava bem escrito e fiel ao que realmente estava sentindo no momento. Dai trazia para o ensaio e ficávamos debatendo, nos questionando, pensando em algumas palavras.

Dessa fase nos sobraram ainda 3 músicas que tocamos elas ao vivo, mas serão gravadas em um outro momento.”

[Hits Perdidos] De 2006, quando vocês começaram, para 2018, como veem as transformações no cenário independente de Americana e região? Quais bandas destacariam para os leitores do Hits Perdidos?

Laio Carvalho: “Creio que o cenário seja cíclico, vimos muitas mudanças, desde muitas bandas surgirem até muitas bandas acabarem e outras permanecerem fortes e ativas. Bares abrindo com espaço para bandas autorais, e logo depois fechando.

Americana sempre teve muitas bandas, e agora temos o Coletivo Garapa, feito somente por bandas da cidade com intuito de movimentar mais o cenário, abrir espaço para as bandas tocarem e trazerem bandas de fora.

Tem o Maguerbes que já esta muito tempo na estrada, Sexo, Derrota, Retalho, Vicio, About a Soul, Hurry Up, Earlier, Anne Revenge, Organa, Pop Javali, Belize e Bermudas, Rusty Machine, e mais um monte!

Confesso que da medo de esquecer alguém, ou não conhecer todas as bandas que estão ativas.”

[Hits Perdidos] Após o lançamento do EP, quais os planos para este ano? Já tem turnê a vista?

Laio Carvalho: “Temos planos de fazer uma tour, já temos 4 shows na agenda, e com o lançamento do EP espero conseguir mais datas. Temos 3 músicas em um processo de composição, creio que podemos gravar mais musicas ainda nesse ano, fazer mais um clipe. Quem sabe lançar um novo EP no começo de 2019…

Ficaria muito feliz se conseguíssemos tudo isso nesse ano!”

[Hits Perdidos] Na visão de vocês, qual o segredo para a longevidade de uma banda? Além do The900 vocês também tem outros projetos?

Laio Carvalho: “Muito café, paciência, saber desculpar e pedir desculpas, a convivência as vezes é bom, as vezes ruim. Mas quando paro e penso, fico feliz de olhar pra trás e ver que temos mais de 12 anos de estrada, cheios de altos e baixos porém muito sincero e intenso. O Gabriel toca bateria no Sexo e o Jesse toca guitarra no Derrota e no Retalho.”

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