[Premiere] Future Lives lança clipe para “Vanishers” e revela os bastidores do novo disco
Em julho do ano passado pude conhecer o trabalho da banda Future Lives. O grupo vem da simpática cidade de Athens na Georgia, Estados Unidos, e no dia 27/07 lançou seu álbum de estreia, Mansions. Fizemos uma review + entrevista + playlist com o vocalista – e idealizador do projeto – Brandon Taj Hanick.
Na época quando questionei ele sobre o que inspirava o álbum ele não titubeou e disse: “Minha mulher e nosso futuro juntos. O amor em todas suas várias formas. Comentar sobre o estado de nossa sociedade. Apenas como tudo pode ser bonito, mesmo nas horas mais difíceis.”
Brandon inclusive está perto de retornar para Barcelona onde voltará a viver. Em setembro quando o entrevistamos ele contou para o Hits Perdidos como ter vivido na Espanha o afetou como compositor:
“Morar em Barcelona, Espanha por três anos foi uma das mais incríveis experiências da minha vida. Eu me mudei para lá não sabendo a língua (agora eu falo em espanhol) e com apenas dois amigos morando lá. Quando você está fora de seu eixo, você nota mais detalhes… tudo parece mais intenso. Os altos são mais altos e os baixos são mais baixos. Eu acredito que meu tempo por lá e todos os incríveis amigos que eu conheci por lá mudaram a minha vida e minha maneira de compor para sempre…”, comenta Brandon
PREMIERE
Para encerrar o ciclo de Mansions, o Future Lives gravou o último videoclipe do disco e está fazendo PREMIERE Mundial do vídeo hoje no Hits Perdidos. A faixa escolhida foi logo “Vanishers” – que também dá nome ao disco de estréia dos norte-americanos.
O clipe foi gravado pelos amigos e estudantes da Universidade da Georgia, Emma Walters e Isaac Johnson. Além disso dois membros da banda participam do curta, Peter Alvanos e Mina Kim. O registro conta com imagens das redondezas de Athens.
[Hits Perdidos] Antes de mais nada eu gostaria de dizer que os leitores do Hits Perdidos gostaram bastante do primeiro álbum. Alguns amigos inclusive tocaram algumas canções em seus programas de rádio. O clipe de “Vanishers” encerra este ciclo? Pelas imagens parece até que se divertiram bastante gravando o vídeo.
Brandon: “É incrível ouvir isso! Muito obrigado! Sim, esse vídeo será o último do Mansions. Dois estudantes da universidade da Georgia, Emma e Isaac, dirigiram este vídeo e foi realmente divertido nos reunirmos com nossos amigos de Athens para criar algo juntos.
O personagem principal no clipe é minha grande amiga – e incrível artista de Athens – Mina Kim que esteve presente em todos os videoclipes do Future Lives e é o responsável por várias das artes da banda. Ela é uma das minhas pessoas favoritas para trabalhar. Os robôs violinistas são Cameron e Annie, ambos tocam no Future Lives. O futurista místico e dono do lixão é Peter Alvanos que tem uma banda incrível chamada Fabulous Bird – ele também toca bateria na Elf Power.
Há algumas áreas nas redondezas de Athens que parecem estar abandonadas, então não tivemos muito trabalho para criar “um set”. Parte dele foi filmado na casa do Guitarrista (John Neff) que fica no interior. O vídeo precisou de planejamento mas tudo ocorreu de maneira bastante natural. Eu estava especialmente feliz por nossa cachorrinha Bella aparecer no vídeo…foi sua grande estreia!”
Novo disco a caminho
No fim de 2018 eles prometem lançar o segundo álbum do grupo. O registro inclusive já foi gravado em apenas 12 dias. Eles foram para a Califórnia para gravar com o renomado produtor Noah Georgeson ele que além de já ter trabalhado com artistas do calibre de Joanna Newsom, Devendra Banhart, Little Joy, Cate LeBon, The Strokes e Andy Shauf, já ganhou dois Grammys latinos pelos trabalhos com Natalia Lafourcade e iLe.
O álbum foi gravado no incrível Panoramic Studios que fica em Stinson Beach (CA).
[Hits Perdidos] Vocês já estão planejando seu segundo álbum. Não acham tudo muito rápido (o primeiro disco saiu em agosto do ano passado)? Será a primeira vez que vocês trabalharão com o Georgeson. Vocês já fizeram a pré-produção ou não vem a hora de começar os trabalhos?
Brandon: “Na época que o primeiro álbum foi lançado, eu já tinha escrito o segundo álbum. Por conta que hoje em dia demora muito tempo para agendar e planejar um lançamento de disco. Desta forma decidimos que deveríamos ir em frente e gravá-lo. Provavelmente não será lançado antes do fim do ano.
Minha mulher e eu estamos planejando nos mudar para Barcelona, Espanha, então a banda estava empolgada para finalizá-lo rápido antes da nossa partida. Quando descobrimos que poderíamos gravar com o Noah em seu incrível estúdio na Califórnia, nós realmente não podíamos ver a hora de ir.
Nós tínhamos apenas gravado guias antes de ir para os estúdios da Panoramic…então Noah e eu pudemos compartilhar ideias para os arranjos e instrumentação via e-mail. Nós gravamos tudo do começo ao fim em 12 diárias. Pela quantidade de camadas que adicionamos em todas as canções, foi basicamente uma parceria.”
[Hits Perdidos] Que álbum que Georgesen produziu que você disse: “Eu preciso gravar com esse cara álbum dia”. E porque?
Brandon: “Se eu pudesse escolher um, seria o Smokey Rolls Down Thunder Canyon do Devendra Banhart. Esse álbum é incrivelmente bonito do começo ao fim e é um dos discos que serve de trilha sonora para a minha história de amor com a minha mulher.
Mas realmente, após os últimos anos, parece que praticamente toda vez que eu termino um novo álbum que eu realmente gostei, eu vejo nos créditos o nome do Noah. Todos esses discos que eu descubro independente de qual seja – Mug Museam da Cate LeBon, The Magician do Andy Shauf e todos os recentes do Devendra e da Joanna – todos tem o selo de qualidade dourado do Noah.
O que eu amo sobre suas produções é o estilo delas. Para mim, os discos soam hi-fi sem serem excessivamente produzidos. Eles são quase que um doce para os ouvidos e os ornamentos adicionam muita cor, mas mesmo assim ainda há espaço para as canções respirarem. Tudo soa tão natural e sem muito sem esforço.
E foi dessa maneira que tudo foi acontecendo junto do Noah – tudo sem esforço. Da primeira ligação, passando pela troca de e-mails até a gravação em si, tudo parecia certo…tudo que eu parecia saber que iria funcionar bem apenas de ouvir os álbuns em que Noah trabalhou.
O que ajudou também foi o fato de que tanto Noah como os engenheiros – Samur Khouja e Scott McDowell – eram tão experientes e fáceis de lidar. Durante a gravação, nós todos trabalhamos duro para finalizá-lo, mas também tivemos uma boa experiência…muitas risadas, boas energias e uma vista ridiculamente bonita daquele mágico estúdio, então estávamos muito felizes durante todo o tempo.
Gravar pode ser bastante estressante, especialmente quando você está tentando fazer algo cheio de overdubs e um curto espaço de tempo. Mas desta fez foi tudo tão como velejar em mar calmo….estilo rock de iate.”
[Hits Perdidos] Sobre as novas canções, o que podemos esperar? Quais coisas quis tentar desta vez?
Brandon: “Eu acredito que o novo álbum é mais rockeiro e mais engajado que o primeiro – com muitas harmonias ricas, sons altos de cordas, muito mais piano, sintetizadores, orgãos e guitarras.
Em questão de estilo, nós nos distanciamos da levada folk/country do primeiro disco. Ainda tem algumas canções com essa veia, mas dessa vez está mais cru, garageiro, algumas são realmente exuberantes beirando um som épico e outras são bastante lentas e arrastadas. Eu espero que todas essas diferenças criem um bom contraste entre as canções…eu acredito e espero que todas soem bem juntas. Nós tentamos fazer algo bonito e significativo.
Enquanto o primeiro álbum foi sobre encontrar o verdadeiro amor e estabelecer uma vida junto da minha mulher, os temas do segundo disco tendem a ser mais sociopol
íticos. Quase todos álbuns que eu escreve tem algum comentário ou mensagem política escondido nas letras, mas esse talvez seja o álbum mais politizado que eu já escrevi.
Tem um certo senso de inquietação e raiva que parece permear a sociedade americana neste momento – tentando imaginar de que maneira nós chegamos no ponto em que estamos e nos sentindo confusos ou sem esperança sobre como vamos consertar isso ou se é corrigível.
Eu não me propus a capturar este estado de espírito, mas parece ser impossível no atual momento evitar comentar o estado das coisas no país (EUA). Como disse é longe de ser um álbum raivoso…nem sequer por um momento. É sobre achar alegria na escuridão. Ele é – e sempre será – todo sobre amor.”
[Hits Perdidos] Como foi a última perna da turnê no último ano? Em quais lugares e festivais vocês planejam tocar após o lançamento?
Brandon: “Excursionar no último ano foi incrível. Depois da banda completa fazer a tour pela costa leste até Nova Iorque e voltar, eu toquei alguns shows no formato solo em New Orleans, Austin e São Francisco – três cidades que eu realmente amo. Esses shows foram incríveis, cada um de sua diferente maneira. Enquanto eu sentia falta de meus companheiros durante os shows solo, tem aquele fator cool e intimista de estar só você na frente do público. Eu curti o frio na barriga da pressão e tentei interagir ainda mais com o público, como se eu estivesse pedindo para que eles fizessem parte da banda durante aquela noite.
Após o lançamento do nosso futuro álbum que será mais para o fim do ano, nós iremos fazer mais uma turnê pelos EUA. Mas nós adoraríamos tocar na Europa e quem sabe também na América Latina. Esperamos vê-los todos no Brasil!”
Interview in English
[Hits Perdidos] First of all I would like to say that people over here in Brazil really liked the first album. Some friends actually broadcasted some songs @ their radio shows. The video for “Vanishers” will end this cycle? Talk about the plot and production, it looks like you guys had a really good time recording the video.
Brandon: “That’s awesome to hear! Thank you! Yes, this music video will be the last video from Mansions.
Two University of Georgia students Emma and Isaac directed the video and we had an awesome time just getting together with Athens friends and creating something together. The main character in the video is my great friend and amazing Athens artist Mina Kim, who has been in all of the Future Lives music videos and has designed a bunch of artwork for the band. She’s one of my favorite people to collaborate with. The robot violinists are Cameron and Annie, who both play in Future Lives. And the mystical futuristic junkyard owner is Peter Alvanos, who has a killer band called Fabulous Bird and plays drums in Elf Power.
There are a few areas in and around Athens that already look abandoned, so we didn’t have to do much to create a “set.” Part of it was filmed at our guitarist John Neff’s house out in the country. The video took some planning, but all came together pretty naturally. I was especially happy that our sweet dog Bella got to star in it…her big debut!
[Hits Perdidos] Actually you guys are already planning the sophomore album. Isn’t it too fast? It would be the first time ever you work with Georgeson. Did you guys have already done some pre production work or you can’t wait for it?
Brandon: “By the time our first album was released, I pretty much had the second album written. Because it takes so long these days to schedule and plan for an album release, we figured we should go ahead and record. It probably won’t come out until late 2018.
My wife and I are also planning to move to Barcelona, Spain, so the band was excited to finish it quickly before our departure. Once we figured out that we were going to be able to record with Noah at this incredible studio in California, we really couldn’t wait.
We had only recorded really rough demos before going to Panoramic Studios….just so Noah and I could share arrangement and instrumentation ideas through email. We recorded everything from start to finish in 12 full days. For the amount of layers we added to every song, that was kind of a feat!”
[Hits Perdidos] Which album that Georgesen produced that you said: “Hell Yeah I need to work with this guy someday?” and why?
Brandon: “If I had to choose one, it would be Devendra Banhart’s Smokey Rolls Down Thunder Canyon. That album is so incredibly beautiful from start to finish and is one of the albums that serves as a soundtrack to the love story between my wife and me. But really, over the past few years, it seems like almost every time I’d find a new album that I really loved, I’d look at the liner notes and there was Noah’s name. All of these records that I discovered independently of one another — Cate LeBon’s Mug Museum, Andy Shauf’s The Magician and all of the Devendra and Joanna Newsom stuff — all had Noah’s golden stamp on it.
What I love about his production style is that, to me, the records sound hi-fi without sounding overproduced. There’s plenty of ear candy and ornaments that add so much color, but there’s still room for the songs to breathe. Everything sounds so natural and effortless.
And that’s the way it all came together with Noah — everything was effortless. From our first phone call to the planning emails to the recording session itself, it all just seemed right…and I kind of knew that it would work well just from listening to the albums Noah’s worked on.
It helps that Noah and the engineers Samur Khouja and Scott McDowell were so knowledgable and so easy to get along with. During the session, we all worked really hard to get it all finished, but we also had a really great time hanging out…tons of laughter and good vibes and ridiculously beautiful views from the magical studio, so we were all really at-ease the whole time.
Recording can be stressful, especially when you’re trying to do something with a lot of overdubs on a pretty short timeline. But this time around was all smooooth sailing…yacht rock style.”
[Hits Perdidos] About the new songs, what can we expect? Which things do you want to try this time?
Brandon: “I think this new album is a lot more rockin’ and more fleshed out than our first one — lots of rich vocal harmonies, big string sounds, much more piano, synth, organs and electric guitars.
Stylistically, we’ve branched out from the folk/country vibe of the first record. There are still some songs in that vein, but this time there are some more ragged, garagey songs, some that are really lush, bordering on epic-sounding and other songs that are really slow and sparse. I hope those differences create a nice contrast between songs…I think/hope it all works well together. We tried to make something beautiful and meaningful.
While the first album was really about finding true love and creating a life together with my wife, the themes on this second album tend to be more sociopolitical. Almost every album I’ve written has had some social commentary or political message hidden in the lyrics, but this one might be the most political album I’ve written.
There’s a certain sense of unease and anger that seems to pervade American society right now — wondering how the hell we’ve gotten to where we are and feeling confused or even hopeless about how to fix it or whether it’s fixable at all. I didn’t set out to capture any of those moods, but commenting on the state of things seems pretty unavoidable with where the U.S. is a country right now. That said, this is far from an “angry” album…not by a longshot. It’s about finding joy in darkness. It is — and always will be — all about love.”
[Hits Perdidos] How was the last leg of the last year tour? And which places or festivals you’re looking for to play after the new release?