The Hexx dialoga sobre o vazio existencial em “The Face on the Road”

 The Hexx dialoga sobre o vazio existencial em “The Face on the Road”

No ano passado pude escrever sobre o primeiro lançamento oficial dos paulistanos do The Hexx o EP Drunker Daniel. Este que ainda mostrava a banda em plena formação musical mas já contendo bons sons para os amantes do rock alternativo dos anos 90.


HEXX
The Hexx lançou no dia 21 seu segundo EP, The Face On The Road. – Foto: Débora Klempous

Para refrescar a memória vou relembrá-los um pouco sobre a história do grupo.

Em meados de 2014, Alexandre Franco (vocal e guitarra), Leonardo Scriptore (vocal e guitarra), Pedro Fogaça (bateria) e Roberto Saraiva (baixo) se uniram em um projeto que inicialmente tinha a proposta de “tirar sons do Pavement”.

Esta paixão pela banda californiana fez com que estes músicos que têm seus nomes ligados a outros projetos musicais (alguns ainda em atividade), tais como TwinpinesMottoramaBaby MonstroKilling Ana e Verano iniciasse seus trabalhos.

Bom para quem não é Pavement maníaco, talvez não saiba que The Hexx também é a faixa número 10 do último álbum da bandaTerror Twilight (1999). Ou seja, uma grande homenagem a banda que foi a origem de tudo para o grupo.

No ano passado como já comentado veio uma prévia do que foram os primeiros anos da banda. O EP Drunker Daniel em si reúne apenas quatro canções mas todas com aquele esmero, energia da cidade e rock no melhor estilo lo-fi.

Mas banda que é banda precisa e tem necessidade de estar criando e se reinventando. O amadurecimento era questão de tempo. De shows e de muitas horas de estúdio. De certa forma o novo EP mostra isso: entrosamento e mais maturidade nas composições.

The HexxThe Face on the Road (21/09/2017)


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O novíssimo registro conta com cinco faixas inéditas e foi gravado neste ano no Estúdio 4Track em São Paulo por Anderson Lima e Bruno Duarte. A mixagem e masterização são assinadas por Anderson Lima e The Hexx. A belíssima capa foi feita por Mari Galletti a partir da foto do baterista, Pedro Fogaça. O trabalho saiu mais uma vez pela Howlin’ Records.

The Face on the Road conta com 18 minutos, sim é feito um tiro e mostra que a intenção do projeto claramente é se divertir com arranjos que deixam claras suas influências.

O EP se inicia logo com “HK” com aquela levada fim de inverno de bandas como Manic Steet Preachers, Pavement, Sunny Day Real Estate e Dinosaur Jr. As emoções dessa canção são profundas, em uma faixa que reflete sobre a dureza dos obstáculos que temos que enfrentas todos os dias.

Em seguida vem “The Blank” que nos surpreende por ser uma faixa acústica no melhor estilo Afghan Whigs. Como fã de Sugar e Superchunk acredito que consegui pegar as referências. De certa forma ela sai da zona de conforto. Assim como o nome deixa escancarado a faixa fala sobre aquela sensação de vazio que nos consome – e nos corrói por dentro.

Talvez “Learning How” seja a canção que melhor dialoga com o título do EP. A procura por tentar reunir tudo que ama e controlar as vezes que ocorrem as hesitações. Afinal de contas as curvas da vida – e da estrada – que dão o sentido no fim do dia. Os riffs deixam tudo denso e nublado feito a arte da capa, é uma longa estrada e os caminhos muitas vezes são sinuosos.

Assim chegamos a faixa título que tem um tom The Smiths em sua introdução e de certa forma flerta com Echo & The Bunnymen. Sua melodia é mais rebuscada e os arranjos mostram uma maturidade e a soma de novas influências que o som da banda tem conseguido imprimir. Destaque para o trabalho de guitarras, sinos e percussão.

Flertando com guitar bands a áurea de “High Hopes” tem tudo para ser um dos pontos altos do show do The Hexx. Para quem ouviu o mais recente disco do Lava Divers ou o novo do Cigarettes provavelmente vai se identificar. Claro que captará também facilmente fãs de Twinpine(s), Loyal Gun e dos conterrâneos do Mudhill.

A dureza de amadurecer e conviver com as mudanças que a vida nos crava são ilustradas através da metáfora de rotina de um casal que já está muito velho para hábitos adolescentes mas que ainda é jovem para aproveitar o lado “brilhante” da vida.


EP


O segundo EP do The Hexx dialoga com um tema que nunca sai de pauta, o vazio existencial. Nem por isso é um disco pessimista mas a busca é por tentar observar tempos menos nebulosos e mais brilhantes nesta longa – e sinuosa – estrada que é a vida.

Em relação o primeiro trabalho o ganho é em abrir mais o leque de influências e ousar nos riffs e arranjos delicados que duelem com a proposta sonora. O vocal em algumas músicas é mais soturno como em “The Blank”, já “The Face of the Road” tem arranjos interessantes que poderiam ter saído direto dos anos 90. O fascínio pela década e pelo Pavement estes sim continuam a todo vapor!

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