Feito um cometa My Magical Glowing Lens leva você para um universo paralelo em “Cosmos”

 Feito um cometa My Magical Glowing Lens leva você para um universo paralelo em “Cosmos”

Foto Por: Rafael Chioccarello (Hits Perdidos)

Conexão astral. Seria impossível – ao menos para mim – começar esse texto sem repensar a maneira com que lidamos com o cosmos, a natureza, os sonhos, nossos amigos e pessoas queridas, viagens e nossa maneira de enxergar o mundo. De uma forma ou outra é disso que somos feitos e não de qualquer outra matéria ou pose que tenhamos, conquistamos, ou iremos alcançar.

São desses voos, ritos e trocas de energia que nos desenvolvemos num plano mais espiritual e metafísico. São dessas passagens que evoluímos e desta paz que deveríamos dar mais importância no dia-a-dia.

Nossa rotina muitas vezes insana faz com que não valorizemos aquele momento que estarmos com quem a gente mais ama da maneira certa, que não nos soltemos de nossos compromissos quando vamos a um passeio na fazenda, no campo, na praia ou numa cachoeira.

As vezes até nos tocamos disso mas depois de quanto tempo? Nosso tempo é hoje. Apesar de todas as dificuldades e problemas da vida mundana, as vezes deveríamos desligar um pouco mais e abrir aquele sorrisso – e falar aquelas coisas que nos contemos. Seja por máscaras sociais ou por medo. Nunca é tarde para amar e para ser feliz. Algo que Cosmos, álbum de estreia do My Magical Glowing Lens, nos ensina é plantar o amor em todos os canteiros por onde passa.


MY MAGICAL GLOWING LENS - por Bárbara Carnielli e Felipe Amarelo
My Magical Glowing Lens lançou seu álbum de estreia, Cosmos, no fim de Maio e agora está colhendo os frutos. – Foto Por: Bárbara Carnielli e Felipe Amarelo.

Tive a sorte de conhecer o primeiro EP, My Magical Glowing Lens (Ouça no Spotify), ainda no ano passado e com apenas quatro faixas conseguiu me passar uma “good vibes” muito intensa, deste pequeno disco gostei muito do single “Summer Nowhere”. O que fez com que eu fosse ao Festival Viagem Eterna a convite do Alexandre Giglio do Minuto Indie.

Na época até fizemos uma resenha conjunta do que rolou por lá. Foi um evento imersivo com direito a show do Bike, Terno Rei, Um Quarto além do My Magical que neste show teve participação do músico pernambucano Tagore Suassuna (Tagore).

Até cito na resenha: “A grande atração foi a banda capixaba My Magical Glowing Lens que conseguiu dominar o palco durante a apresentação com a carismática vocalista Gabriela Deptulski que por certos momentos pareceu encarnar a magia de Janis Joplin. O som da banda viaja de Pink Floyd a Flaming Lips, o que permite uma conexão instantânea com os anos 60 e 70.”

Na época do show já se falava em disco de estreia e isso me deixou ainda mais atiçado para ouvir logo. Tanto é que quando soube que o show de lançamento do Cosmos aconteceria no Centro Cultural São Paulo, já reservei a data e desmarquei outros shows que iria cobrir naquele dia.



O show ainda contou com a participação da Larissa Conforto, baterista da Ventre (RJ), que tinha se mudado para São Paulo a poucos dias. Na ausência do baterista, ela cumpriu a missão com excelência. O mágico daquele dia não foi só a apresentação por sí só mas por ver vários integrantes de bandas, jornalistas, selos e coletivos reunidos para apreciar aquele momento tão especial para a banda.

Se eu já tinha curtido o show no Stage Bar lá em Março, dessa vez foi impossível não ficar ainda mais extasiado. Foi uma explosão de sentimentos, luzes, magia, interação, entrega, força, carisma e tantos outros elementos que fizeram com que saíssemos do subsolo de uma metrópole barulhenta, hostil e acelerada como São Paulo. Ao menos por alguns minutos. Ver Cosmos ao vivo pela primeira vez foi de arrepiar.

Foi um momento de alegria compartilhada. Era fácil ver como cada um sorria a resposta do público ou internamente na banda. Talvez foi toda essa “good vibes” que tenha feito aquele dia ser tão incrível. O final catártico então, o que dizer? Os berros de Gabriela e sua conexão com suas composições fizeram com que ela fosse para Saturno e voltasse. Antes que pensem que sou louco, registrei estes momentos de epifania em algumas fotos. Muitas outras vocês poderão encontrar no instagram do Hits Perdidos (@hitsperdidos).



Então involuntariamente, esta resenha é a soma de dois momentos completamente distintos. O primeiro: quando ouvi ele em casa com os olhos fechados. O segundo: quando presenciei aquela catarse coletiva cheio de sentimentalismo, entrega e amor a música no palco do CCSP. Quando escrevo uma resenha ao menos é assim.

Que sorte tenho quando posso fazer esse paralelo entre esses dois momentos tão distintos e tão importantes. Mais sorte ainda quando a banda supera e mostra sua real capacidade no palco. Inclusive fiquei feliz em ver o trabalho sendo reconhecido e estando em listas aclamadas como a da APCA já no primeiro semestre.

My Magical Glowing LensCosmos (2017)

Em sua atual formação o My Magical Glowing Lens conta com Gabriela Deptulski (Guitarra), Henrique Paoli (Bateria), Gil Mello (baixo) e Pedro Moscardi (Sinth/backing vocal).

O álbum foi lançado através dos selos independentes: Honey Bomb Records (RS), Subtrópico (ES) e PWR Records (PE). Este que foi gravado na Casa Verde (ES) e teve a mixagem feita pela Gabriela e pelo Gil em quatro diferentes estúdios:  Casa Verde (Vitória-ES), Complexo Estúdio & Pub (Goiânia-GO), estúdio do Rafael Vaz – Casa Verde (Uberlândia-MG), Estúdio do Gustavo (Brasília-DF) e na sala da Larissa (Ventre) (Rio de Janeiro-RJ).



A conexão astral já começa nos primeiros segundos de “Sideral”. Com seus ruídos cósmicos que já nos guiam em direção da nave espacial que estamos próximos de embarcar.

A faixa foi o primeiro single a ser divulgado do disco e conta com camadas dignas de “bruxaria”, desérticas, que fazem com que tudo se derreta feito os relógios de Salvador Dalí. Uma canção para abstrair e se deixar levar pelas ondas eletromagnéticas de outras galáxias. É interessante observar os detalhes como a percussão e os timbres da voz de Gabriela.

“Corram para as colinas” poderia ser o nome de “Space Woods”. Uma canção com um tom de escapismo, ao mesmo tempo que mostra a fragilidade do nosso ego em lidar com o sentimento de solidão. A progressão de acordes flerta com o tom do rock progressivo e psicodélico do fim dos anos 60 – e início dos 70 com seus recortes lunares. Acredito que Roger Waters sorriria ouvindo esta bela canção e suas epifanias, outro cara que ia se apaixonar definitivamente seria outro mestre, Wayne Coyne (Flaming Lips).

“Lost in the space’s woods
Isn’t good
It’s so cold there
it’s so lonely”

Sinta o poder do cosmos que o “Raio de Sol” abre no horizonte. É colorido, é vibrante, feito uma luneta mágica – aliás ótima banda – conseguimos enxergar os espectros dos raios batendo na margem dos riachos. É mágico, é sublime, é transcendental.

A vontade ao ouvir essa música é simplesmente a de fugir da euforia e agitação das grandes metrópoles e ir para alguma cidade montanhosa – e com menos poluição – prestigiar o pôr do sol. Se desligando de todo estresse e de toda negatividade que a rotina nos traz.

Não é a toa que o clipe que foi dirigido por Leonardo Lucena ganhou contornos tão delicados, reluzentes, espirituais e “good vibes”. Sim, é um álbum extremamente sensorial e ao meu ver qualquer análise demasiado técnica perderia o charme da naturalidade e da capacidade de expressar os sentimentos desta obra.



Uma das melodias mais “gostosas” de ouvir do álbum é a de “Tente Entender”, esta composição que é fruto de uma parceria entre Gabriela e Rayman Aluy Virmond Juk. Inclusive se você gostou do último álbum do The Outs (Percipere / 2016), do Tagore (Pineal / 2016), Catavento (Cha / 2016) e Bike (Em Busca da Viagem Eterna / 2017) essa canção vai bater na hora.

Um álbum que tem como um dos temas suas experiências em relação o amor e o auto-conhecimento não poderia deixar de ter uma canção tão vibrante. Mas ao mesmo tempo que traduzisse isso de maneira tão leve, solta e compreensiva como nos versos:

“Tente entender o amor

Do infinito concreto vai descendo do espaço
Da distância do perto viajando no aberto”

O desprendimento da alma – e do ser – é o tema da curta “Não Há Um Você No Seu Interior”. Essa que flerta com o pop e abraça a genialidade que artistas como St. Vincent tem na hora de transitar entre estilos vocálicos.  Esse lado mais pop de artistas como a Chvrches e a própria St. Vincent também refletem em “Noite Estrelada”. 

Mas vamos na sequência para não confundir o leitor. “Azul Cósmico” é uma faixa instrumental e imersiva que poderia facilmente entrar na trilha de Twin Peaks, Arquivo X ou até mesmo Stranger Things. O ar de mistério, de desbravamento e introspecção faz com que flutuemos. Uma canção para fechar os olhos e se deixar levar além do horizonte.

De certa forma “Azul Cósmico” serve como introdução para “Noite Estrelada” e tem um peso muito forte em cima dos sintetizadores que marcam a levada da faixa. Neste momento a viagem interestelar já está na órbita – dos pensamentos – e viajamos à bordo de um tapete mágico. Os cantigos mostram o desprendimento do corpo e da alma e a conexão se dá através da sensibilidade de seu instrumental.

O tom mais tribal e de conexão com nossos antepassados está na mais obscura “Da Selva Pro Mar” que nos carrega para as profundezas do mar. Com uma linha interessantíssima de sinth + bateria.

Que abre as portas do “Portal”, nona faixa do disco. Canção que é regida pela lua e seu tom mais sombrio, o cair da noite mostra o lado mais soturno das composições de Cosmos. É na ousadia e energia viajante, sem ficar preso a fórmulas, que o disco cresce a cada audição.

“All the stars of our thoughts
Makes the wind take off our clothes
And the moon shines over all…
While I’m listen up the cry of every wolf
Inside of my heart and my heart”

A epifania mais Dark Side Of The Moon acontece em “Supernova”. Com a força do renascimento, a lua vem com sua luz brilhante engolir o sol. Inclusive com percussão folclórica, notas mais fantasmagóricas e levada que me remeteu ao projeto paralelo da Natasha Khan do Bat For Lashes, Sexwitch (Ouça no Spotify). Aliás caso não conheçam vale a pena dar o play no disco lançado lá em 2015.

Mas quem vem para fechar o eclipse que é Cosmos, é “Madrugada”. Uma canção que chega de mansinho e feito o desenrolar da madrugada adentro… nos leva para o começo de mais um novo dia. A chance de um recomeço, de seguir seus sonhos e viver com intensidade as novas experiências que estão por vir.

O sereno da manhã vem nos alertar que estamos voltando desta viagem ao mundo dos sonhos e feito um piscar de olhos: despertamos.


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Cosmos, álbum de estreia do My Magical Glowing Lens, é como um sonho. Feito um cometa, num piscar de olhos aqueles 39 minutos se passam e nos mostram um mar de sentimentos, incompreensões, amores…entre uma estrofe mais contemplativa e uma linha de sintetizador mais flutuante. A obra te pega pelo braço e te leva para um mundo mágico paralelo onde temos que nos desprender das complicações da vida mundana para abraçá-lo.

Do amanhecer de um novo dia passando pelo frio da noite, o universo dos sonhos e nosso desprendimento do EGO. Cosmos tenta nos mostrar através das lentes mágicas: outra maneira de enxergar a vida. Onde o amor sim, é que rege todo o resto.

O fim do álbum nos leva de volta para a nossa órbita e nos dá a chance de lidarmos melhor com as dificuldades do dia-a-dia. O disco viaja para galáxias distantes para tentar entender o que é o amor.


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A viagem cósmica do My Magical Glowing Lens. – Foto Por: Bárbara Carnielli e Felipe Amarelo

[Hits Perdidos] Pude conhecer o trabalho no EP de estreia e pude ver uma apresentação incrível no festival organizado pelo Bike, Viagem Eterna, aqui em São Paulo. Comentem sobre a evolução deste primeiro registro para Cosmos.

Gabriela Deptulski: “No EP do My Magical era eu sozinha tocando tudo, gravei tudo sozinha em casa, produzi e mixei sozinha também. O “Cosmos”, a gente gravou todo mundo junto, eu, Pedrim, Gil e Paoli! Não gosto da palavra evolução, porque isso soa meio darwinista, gosto mais de mutação (risos) O Cosmos é uma mutação do que era o My Magical, é uma reestruturação da ideia inicial como algo mais coletivo.”

[Hits Perdidos] O “Om” primordial segundo a Gabriela veio de um sonho. Conte mais sobre?

Gabriela Deptulski: “Então, o ‘om primordial’ é um termo que li num livro do Herman Hesse que se chama Sidarta. Esse livro conta a história de um rapaz que entra numa jornada em busca de uma elevação espiritual, um novo modo de vida e de enxergar tudo!

Eu lia esse livro antes de dormir, um pedacinho cada dia. Numa noite, eu li uma parte muito tensa, que falava sobre ele ter ouvido o som do cosmos, o “om primordial”. Li essa parte e fui dormir meio assustada. Foi então que tive um sonho, um sonho muito estranho que durou muuuuuito tempo, talvez a noite inteira! Nesse sonho eu “compunha” uma música e ela, dentro de seus arranjos e acordes, me faziam ouvir a vibração primeira do cosmos, a vibração do todo completo, esse ‘om’”

[Hits Perdidos]  Gabriela é responsável pelas 11 composições do álbum. Como funciona o processo criativo e de onde vem as inspirações, temáticas e referências musicais?

Gabriela Deptulski: ““Tente Entender” veio de um sonho de um grande amigo meu, o Rayman, baixista e vocalista da Trem Fantasma! Então essa composição eu divido com ele. As outras são minhas mesmo, mas a letra de “Noite Estrelada” é de outro grande amigo, o Caramurú Baumgartner (Tagore).

As inspirações são amores secretos, sexualidade mística, drogas, viagens astrais, viagens pra algum lugar, trilhas no meio do mato, lua, sol, céu, plantas, animais, elementos da natureza, máquinas, o futuro, o vazio do céu, o colorido do pôr-do-sol, as ondas do mar, as luzinhas misteriosas que vejo por aí no ar, o amor, os astros, flores astrais, leveza, luz, força, cura, os planetas, o universo, a totalidade do todo, as cores das fotos da Nasa, os barulhos dos planetas que a Nasa registrou, o vento no rosto, abraço amigo, meus amigos…”

[Hits Perdidos]  A banda inclusive começou como um projeto solo. Á partir de qual momento viu a necessidade de ir atrás de outros membros?

Gabriela Deptulski: “Na real nunca foi um projeto solo, eu sempre tive integrantes no MMGL, mas antes eles eram imaginários. As pessoas que me procuraram pra gente fazer uma banda com essas gravações que eu fiz sozinha, eu mesma pensei que isso não seria possível, mas, desde a primeira vez que toquei as músicas do MMGL com banda, percebi que tinha que ser isso, descobri que eu sou loucamente apaixonada por tocar com outras pessoas. Desde a primeira vez que tocamos como banda, no Bar do Mãozinha em Vitória, quando ainda éramos eu, Pedrito, Raími e Eskerda, eu soube que era assim que tinha de ser.”


My Magical Glowing Lens - Foto por Hannah Carvalho.jpg
O álbum Cosmos saiu em parceria com os selos independentes Honey Bomb Records (RS), Subtrópico (ES) e PWR Records (PE). – Foto Por: Hannah Carvalho

[Hits Perdidos] “Cosmos” foi gravado na Casa Verde, sede da gravadora Subtrópico em Vitória. Como foi o processo de gravação?

Gabriela Deptulski: “Foi lindo, era início de outono, céu azul, vento por toda parte, muito amor entre a gente, todo mundo dando muito sangue e suor pra fazer tudo funcionar. Paoli emprestou o Mac dele pra gente e os monitore também, ficou sem como trabalhar só pra emprestar pra gente fazer tudo funcionar. Gil a mesma coisa, me recebeu na casa dele, que é a Casa Verde, parou quase tudo o que estava fazendo pra gente dar início a essa jornada cósmica. Além disso mixou o álbum inteiro comigo, numa paciência incrível!

Depois saímos em turnê, Pedrito doa sempre o carro dele pra gente viajar, ou seja, todo mundo se doa muito pra isso, sabe? Rola um altruísmo muito grande de todas as partes. Todo mundo faz o que pode e o que não pode pra fazer funcionar. Terminamos de mixar na estrada, usamos uns 4 estúdios diferentes: o da Casa Verde de Vitória-ES, o Complexo Estúdio & Pub em Goiânia-GO,  O estúdio do Rafael Vaz que fica na Casa Verde de Uberlândia-MG, O Estúdio do Gustavo em Brasília e depois terminamos de mixar na sala da Laris (Ventre) no Rio de Janeiro, enquanto ela empacotava as coisas pra mudar pra SP. Muito doido! Foi a experiência mais incrível da minha vida esse álbum!”

[Hits Perdidos] Além da Subtrópico o trabalho também saiu pela PWR Records. Como vêem a importância dos selos independentes?

Gabriela Deptulski: “Na real a nossa principal gravadora é a Honey Bomb Records, de Caxias do Sul-RS, que me acompanha desde 2014. Desde lá, eles conseguem shows, parcerias, lançaram o primeiro EP físico em fita cassete, distribuem digitalmente as músicas, fazem vídeos, cartazes, sessions, entrevistas, nos dão amor, carinho, esperança…!

Além de serem amigos, conselheiros, magos, bruxos, místicos, extraterrestres e amantes do natural. São uma gravadora incrível, muito nova e já fizeram um milhão de coisas, estão levando a Liniker em agosto para Caxias.

A Subtrópico e a PWR são parcerias muito novas, mas já temos uma relação muito intensa. A importância da Subtrópico foi ter um lugar em nossa cidade onde podemos ensaiar e gravar, foram eles que emprestaram grana pra gente conseguir fazer camisas e bancar a turnê, produzimos shows incríveis com eles na Casa Verde, inclusive um deles foi um show quadrifônico histórico onde nós ficávamos cada um em um canto da sala e o público no meio! Inacreditável! São muito inteligentes e grandes amigos! Uma gravadora irreverente, com ideias muito novas e criativas! Eles vão longe.

A PWR, a mesma coisa, ela é o nosso braço recifense, onde nós nos engajamos com feminismo e com causas ligadas a luta pelos direitos femininos dentro da música. As meninas são muito novas, é inacreditável o tanto de contato que elas têm, talento, força, amizade, elas se doam mesmo ao rolê musical, existe muito amor ali, junto de muito trabalho e dedicação. Elas fazem vídeos, fotos, marcam datas de show, abrem os eventos pra gente no facebook quando estamos apertados de tempo e não conseguimos por causa da turnê e ainda vão fazer merchants (camisas e bonés)!”

[Hits Perdidos] O single “Raio de Sol” ganhou um clipe DIY muito bonito e colorido. Seria ele uma tradução dos sonhos? Como foi a experiência de fazer?

Gabriela Deptulski: “Foi um artista incrível que fez esse vídeo, ele se chama Leonardo Lucena, é de Caxias do Sul. A gente já estava planejando fazer algo juntos desde que nos encontramos na turnê pro Nordeste. Ele tem um rolê com meditação e coisas ligadas às tentativas de elevação espiritual que faz a gente se identificar muito e se comunicar muito fácil.

Ele já tinha feito um vídeo pro My Magical junto do Eduardo Panozzo, também de Caxias, que foi um vídeo para o segundo single do primeiro EP, o vídeo de “Summer Nowhere”.

Para esse vídeo de “Raio de Sol” eu mostrei algumas referências pro Leo, e ele pra mim, tivemos alguns minutos de conversa ele ficou livre pra fazer o que quisesse. Mal dá pra acreditar no que ele fez, colagens malucas, ultra coloridas, capturando ondas de cores que jamais tinha visto na vida.

O vídeo conta uma história, uma jornada, é um vídeo muito intenso e significativo. Leo é um gênio! Sei lá, essa galera de Caxias é muito bruxa, eles sabem fazer umas coisas muito místicas e intensas. Foi a mesma coisa com o Demytrius de Pieri que fez a capa, que também é de Caxias, Os dois são ligados à Honey Bomb.”

[Hits Perdidos] Inclusive a canção “Raio de Sol” nasceu de uma trilha que fez com amigos para uma cachoeira, conte mais sobre essa experiência e conexão com a mãe natureza tão presente no álbum.

Gabriela Deptulski: “A música remete a lembranças de uma trilha que fiz com a Sara, Gab, Dimi, Leo Rech, Aline, Leo Luci e Ferrolho, pra chegarmos numa “cachu” escondida lá em Caxias. Eu tenho uma coisa com mato, com meio do mato, eu fui muito pro mato quando criança, todo final de semana eu ia pra roça, ficava lá o finde inteiro, completamente solta no mato, subindo em árvore, indo em cachu, nascente, fazendo trilha…

Então essas coisas me lembram das sensações que eu tinha quando criança. Pra mim o contato com a natureza é revigorante, essencial! Faz a gente se reconectar com nosso interior, é absurdamente incrível. Gosto muito!”

[Hits Perdidos] O desprendimento do Ego, o sentimento de libertação e o infinito são o mote para o single “Sideral”. O que te desperta esses pensamentos? A sociedade? A rotina?

Gabriela Deptulski: “A imensidão da alma! Acho o nosso interior muito parecido com a imensidão do universo, então quando me sinto por dentro, me sinto solta, infinita, com um ego livre e perdido, como um astro perdido no espaço. Eu gosto da rotina, é porque ela existe que a gente pode ir contra ela e criar coisas novas :)”

[Hits Perdidos] Como é a experiência de tocar em festivais como Bananada, DoSol, Picnik?

Gabriela Deptulski: “Olha, é tipo entrar em comunhão com o cosmos só que com um monte de gente junto ao mesmo tempo, tudo desordenado e doido e lindo e maravilhoso e mágico! Tocar em festivais assim é uma experiência mística, de união com cada ser humano que tá ali, desde a pessoa que monta o palco, que faz a mesa do seu som, que te vende uma breja, que vai ali só pra assistir você, que limpa tudo, que organiza, os amigos que tocam junto… É mágico demais. Num dá nem pra explicar direito, só vivendo mesmo pra entender. Esses festivais são rituais de união, festas que celebram a vida e o amor entre as pessoas!”

[Hits Perdidos] Quem foi o responsável pela arte da capa e qual o conceito central por traz de Cosmos?

Gabriela Deptulski: “Foi o Demytrius de Pieri! Bruxão de Caxias do Sul, conseguiu psicografar uma experiência de união com a Terra que tive na em uma cachu em São Thomé das Letras-MG. É um mago, sabe profundamente das coisas da alma e tem uma energia calma, controlada e estável. É uma das pessoas mais incríveis que já conheci até hoje!

O conceito por detrás do álbum Cosmos? Difícil dizer, porque não é uma coisa só, é muita coisa junta, é tudo junto! Mas agora eu sinto que talvez eu deva dizer que é o amor incondicional por tudo e tentativa de entender esse amor sem se afligir com ele, de aceitá-lo sem medo ou pudor.


Playlist Exclusiva no Spotify do Hits Perdidos


Playlist My Magical Glowing Lens


Para fechar pedi para a Gabi montar uma playlist com influências, descobertas e sons que embalam a extensa tour pelo país que eles andam fazendo. A playlist com certeza vai te guiar numa good vibes com canções de artistas como Catavento, Bike, Alceu Valença, The Soundcarriers, Papisa, Hierofante Púrpura, Trem Fantasma a Milley Cyrus!


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