Há alguns anos atrás creio que era 2013, eu já tinha tido a experiência de ir a algumas edições do Lollapalooza em sua edição brasileira. Já que em 2011 através da produtora Geo Eventos o Lolla chegou ao Brasil em um processo de extensão do festival de Chicago.
A tendência vem se extendendo ao redor do mundo com edições em Berlim e em outras grandes cidades. Mas o que muitos esquecem é de como ele surgiu. Muito menos sabem quem é o idealizador de tudo isso. Mas calma vamos contar.
Em 1991 Perry Farrell o líder da icônica banda de rock Jane’s Addiction tinha a intenção de fazer o show de despedida da banda e assim surgia o festival com um line-up incrível. É sério é tão bom que eu queria voltar 26 anos no tempo para ter tido a oportunidade de ir!

Cartaz da primeira edição da história do Lollapalooza.

O festival acabou rolando também nos anos seguintes e a ideia de parar o Jane’s, diga-mos assim: foi arquivada. Até 1997 tivemos festivais anuais, depois por percalços da vida de empresário ele teve que parar por alguns anos, nesse meio tempo ele conseguiu trazer nomes de encher os olhos para as edições.

Como podem ver nos posters, o festival desde seu início teve esse caráter de turnê conjunta de bandas, muita amizade e rock’n’roll. Com o passar do tempo isso foi se transformando para melhor com a entrada de artistas e bandas de outros estilos que vieram para somar ao Lolla. À partir de 2003 o festival se estabeleceu e desde então tem só aumentado em visibilidade, com um trabalho de visão de marca e melhorias para a experiência.
Em 2013 eu ainda era repórter para o revista digital MadMag e caiu a pauta na minha mão de ir presenciar a coletiva de imprensa oficial da terceira edição brasileira do Lollapalooza que ia a princípio anunciar o line-up do evento e muitas novidades.
Lembro muito bem, era um ano de mudanças para a edição brasileira, com o fim da parceria da produtora que os trouxe e a mudança do local do evento. Saindo do Jockey Clube localizado no Morumbi e indo para o distante Autódromo de Interlagos.
Um desafio que foi contornado com o argumento de que o público poderia ir ao evento numa boa utilizando o trem após deixar seu carro em shopping e estacionamentos conveniados com o evento.
Um desafio que rendeu certa dor de cabeça na época e na própria edição daquele ano onde após o evento muitos ficaram horas esperando para poder voltar para casa devido ao acúmulo de gente querendo sair ao mesmo tempo do festival. Vale salientar que isto foi resolvido logo na edição de 2014 onde a volta para casa deixou de ser um dos problemas.
Porém estou aqui para contar sobre a minha experiência no dia que pude conhecer o Perry. Saí de casa por volta das 7 horas da manhã, o ponto de encontro era o estacionamento do shopping morumbi onde tinha toda uma equipe preparada para receber jornalistas dos mais variados canais. Lembro de ver de pequenos blogs a grandes jornais. Ainda não estava acostumado com este tipo de experiência: acho que foi a minha primeira desse porte.
Foi nos instruído que iríamos em blocos de pessoas para que víssemos o caminho que iríamos “fazer nos dias dos eventos” para instruir como rolaria essa mudança de local. Tive a sorte de cair no vagão do lado do que estava Perry, que foi acompanhado de sua namorada. Ele na coletiva até elogiou o transporte público de São Paulo. Tímido que estava eu apenas tirei uma foto deste momento e enviei para amigos ainda desacreditado que isso era real.
Eu cresci ouvindo Jane’s e sempre curti post-punk e suas vertentes soturnas. Então era um momento especial e único. Na coletiva tive que aturar aquelas perguntas chatas e um duelo de jornalistas se estapeando para comer os salgados e lanches que tinha no saguão do autódromo. Até pensei: esse povo nunca viu uma “boca livre”.
Brincadeiras a parte eu como novato, anotava tudo, mas fiquei com vergonha de perguntar. Em determinado momento Perry abriu a boca e veio falar sobre o porque tinha gostado tanto do Autódromo de Interlagos, e o motivo foi o mais inocente e admirável possível:
“Quando eu tinha uns 17/18 tive a oportunidade em ir no meu primeiro festival, jamais vou esquecer. Eu só queria ver as bandas de rock que eu amava e tomar um doce. E eu me vi na Califórnia em um festival cheio de aclives, em um terreno que proporcionava eu viajar na “brisa” da música. Aquelas curvas ajudaram para que eu tivesse uma das melhores good trips da minha vida. Quando decidi fazer a primeira edição do Lolla eu queria justamente isso: poder proporcionar a experiência que eu pude ter.”
Eu com 22 anos me identifiquei na hora com o que ele disse, e pensei: isso é amar a música e querer sentir ela. Isso é real, isso não foi o homem de negócios de mais de 50 anos querendo me vender um festival por apenas vender. Isso é paixão. Se eu já gostava de Jane’s e achava o Lolla incrível eu apenas peguei mais admiração.
Essa frase ficou ecoando na minha cabeça até o fim da coletiva de imprensa eu confesso que até anotei mais algumas coisas “chatas” após isso mas nada que tivesse “batido” tão forte como aquela frase.
Deixei toda a timidez de lado e fui abordar o Perry que estava lá disponível para trocar ideia em off com quem quisesse se aproximar. Após pedir uma foto que ele gentilmente tirou comigo eu quis compartilhar como eu tinha começado a ouvir música. Ele pirou ao saber que com 12 anos eu ouvia em casa Stray Cats, Bauhaus, The Cure, Ramones e que dois anos mais tarde já tava procurando saber sobre The Dickies, Jane’s Addiction, Rancid, Sonic Youth e tantos outros.
O que abriu dele contar algumas histórias sobre os tempos góticos dele e nós rimos bastante e por mais que tenha sido um momento breve e que passou como uma navalha, deixou essa marca incrível de ter conhecido não só um ídolo, como um cara gente boa que fala com você de igual para igual.

Rafael (Hits Perdidos) e Perry na coletiva de imprensa – Autódromo de Interlagos 2013.

Foi isso que pude reparar nos anos seguintes com a proposta de tentar entender melhor o jovem. Ele sabe que o rock é apenas mais um dos interesses da molecada e que a música eletrônica, o reggae e o rap mereciam mais espaço dentro do line-up. E tem até gráficos disso na internet mostrando as mudanças de comportamento tanto dos jovens como do line-up do Lolla.
Spotify + Wave
É essa troca de experiências que permite que o ato  de ouvir música ou se preparar para um festival desse porte seja algo único. Nada se compara a ver seu artista favorito ao vivo, é no palco que você vê se aquelas noites mal dormidas com seu fone de ouvido plugado na cama valeram a pena. Aquelas músicas que nos mantém equilibrados aonde quer que estejamos. Que nos despertam, nos relaxam, nos divertem ou nos pilham.
E dentro dessa rotina maluca – e muitas vezes insuportável – que vivemos, as indas e vindas para todos lugares tem que ter música. E as vezes somos meio perdidos né? Relaxa ninguém mais é obrigado a andar com aquele livrão das famosas páginas amarelas para saber onde ir, ufa.
E se te disser que agora você pode ouvir música ao mesmo tempo que se prepara para curtir o Lollapalooza? Foi mais ou menos isso que a parceria do Spotify com o Waze permitirá em breve aos usuários da plataforma. Uma integração dos serviços para deixar aquele trânsito insuportável um pouco mais na sua vibe :).
Agora navegar pela Bandeirantes, pegar a rodovia para voltar para casa ou até mesmo ir para o Autódromo de Interlagos nos dias 25 e 26 de março ficará mais fácil. Afinal de contas você vai poder ir ouvindo Rancid, Duran Duran, Iggy Pop ou o que bem entender. Com a integração dos apps, os usuários de Android poderão ouvir suas playlists favoritas ao mesmo tempo que dirigem, não é demais?
Imagine montar aquela playlist para ir para a praia, fazer aquele warm-up para a balada sem ter que parar quando chega no carro, pedir para o uber sintonizar sua playlist enquanto fala bobagem com os amigos entre outras coisas.

O que os usuários do Spotify conseguirão com isso?
· Começar a navegar com o Waze dentro do Spotify.
· Acessar suas playlists do Spotify dentro do Waze.
· Alternar facilmente entre aplicativos com um toque, para uma experiência integrada de condução e audição.
Para sua segurança claro! Afinal dirigir mexendo no celular de JEITO NENHUM. A música será reproduzida automaticamente ao iniciar uma viagem ou você poderá navegar nas suas playlists quando o carro estiver completamente parado. Então sem bugs de Pokémon Go, hein?
Já adentrando a ideia de ter as playlists do Hits Perdidos no seu Waze e em ritmo de Lollapalooza claro que íamos juntar o melhor dos dois mundos em uma coisa só. O Lollapalooza movimenta pessoas que vem de todos os cantos do país e muitos desses vem de carro.
Agora imagine você estiver programado para vir para o Lolla de Ribeirão Preto (SP). Ribeirão fica cerca de 321,5 KM da capital paulista, o que dá mais ou menos – sem desrespeitar limites de velocidade 3 horas e 49 minutos de viagem.
Pensando nestes amigos da região preparamos com não só este tempo mas com 4 horas e 20 de muita música que falam entre outras coisas de temas como Viagem, Estrada, Dirigir, até tem canção sobre dirigir alcoolizado (POR FAVOR não façam isso, crianças).
Playlist: Hits Perdidos nas curvas do Lollapalooza
Como pude contar ao longo do post o Lollapalooza sempre foi um sonho poder ir, e já tive a oportunidade de ver quase todas edições, tendo falho apenas em 2015 em que o line-up não me agradou muito, confesso.
Porém o momento de ter tido a oportunidade de conhecer o Perry e aquele papo me mostraram que temos que fazer que nem o Perry: através das músicas que nos cativam incentivar a esta grande paixão pela música a não se perder no tempo e espaço.

Sendo assim preparei uma playlist com 4 horas e 17 minutos de música. Para exatamente quem vem de longe não ousar mexer no celular enquanto dirige (mas pode dar aquela olhadinha no Waze para não se perder, ok? :).)
Na playlist Nas Curvas do Lollapalooza temos 70 artistas cada um representado com 1 canção e mostram a diversidade do Lolla – e uma EXTRA porque eu amo Rancid e eles tem duas com a temática.
Muitos desses poderiam estar no festival de Perry. Muitos outros são influências e referências para muitos dos músicos que pisaram nas edições anteriores ou ainda irão pisar na deste ano. E alguns como Rancid e Duran Duran, olha que ótimo: estão na edição deste ano!
Mas nada como comentar um pouco sobre os artistas da playlist, não é mesmo? Afinal de contas podemos trocar figurinhas para vocês e nós conhecermos mais artistas. Aliás quem ler esse post poderá contribuir sugerindo canções para a lista…assim a viagem também fica mais longa nas curvas dessa highway!
The Breeders da talentosa baixista Kim Deal e sua irmã abrem com “Drivin’On Nine”, e também representam as minas que merecem mais espaço e visibilidade em um mundo da música onde muitos sabem: é dominado por homens. Além de ser uma senhora banda, eu pude vê-las a poucos anos no Cine Joia e mereciam estar no Lolla. Abre o olho Perry! Aliás o Pixies, ex-banda da Kim esteve presente na edição de 2014 do evento, porém sem Kim :(.
Rancid e Duran Duran claro estão na playlist e virão. Eu sonho em ver os rançosos desde meus 13 anos e espero conseguir ir no festival, eu choraria. O peso está presente com o Motorhead banda que não consegui ver, R.I.P. Lemmy e me odeio por isso até hoje. O R.E.M. e Superchunk representam o college rock claro. O peso do Primus, do Helmet e do Truckfighters também está presente, capitão!
Falou em capitão, a “Sunshine Highway” do Dropkick Murphys também está na área e promete deixar as curvas de nossa viagem ainda mais deliciosas. O Ska vem com tudo com o Madness que fez um senhor show na abertura das Olimpíadas de Londres – e cá entre nós podia estar no Lolla! – assim como os Skacorers do Less Than Jake.
Se algo que o Lolla preza é dar espaço para artistas nacionais então na playlist não ia ficar de fora sendo representados pelas bandas: Supercombo, Novos Baianos, Dance Of Days e Racionais MC’s porque é rap da melhor qualidade. Sonic Youth e Gorillaz que já estiveram em edições do Lolla lá fora e o Sonic no lendário Claro que é Rock (2005) e SWU também não poderiam ficar de fora.
PJ Harvey e Warpaint para mostrar que não se vive só do passado e que as minas são realmente incríveis. Em 2013 o M83 lançou um disco que me levou para o universo da música eletrônica e depois disso, só sucesso. Então entrou para homenagear o palco Perry! Que sempre traz novidades e DJ bombados para o line-up do Lolla.
O resto vocês vão ter que descobrir apertando o play!
E ah! não deixem de seguir o perfil do Hits Perdidos no Spotify!


This post was published on 14 de março de 2017 5:58 pm

Rafael Chioccarello

Editor-Chefe e Fundador do Hits Perdidos.

Posts Recentes

The Vaccines lota o Cine Joia em retorno ao Brasil embalado pela nostalgia

The Vaccines é daquelas bandas que dispensa qualquer tipo de apresentação. Mas também daquelas que…

22 de novembro de 2024

Joyce Manor revela segredos e curiosidades antes de embarcar para a primeira turnê no Brasil

Demorou, é bem verdade mas finalmente o Joyce Manor vem ao Brasil pela primeira vez.…

13 de novembro de 2024

Balaclava Fest tem show virtuoso do Dinosaur Jr. e cada vez mais “brasileiro” do BADBADNOTGOOD

Programado para o fim de semana dos dia 9 e 10 de novembro, o Balaclava…

12 de novembro de 2024

Supervão passa a limpo o passado mirando o futuro em “Amores e Vícios da Geração Nostalgia”

Supervão evoca a geração nostalgia para uma pistinha indie 30+ Às vezes a gente esquece…

8 de novembro de 2024

Christine Valença coloca tempero nordestino no clássico folk “John Riley”

A artista carioca repaginou "John Riley", canção de amor do século XVII Após lançar seu…

7 de novembro de 2024

Travis faz as pazes com o Brasil em apresentação com covers de Oasis e Britney Spears

Quando foi confirmado o show do Travis no Brasil, pouco tempo após o anúncio do…

6 de novembro de 2024

This website uses cookies.