Estranhos Românticos bailam ao ritmo “caliente”do punk tropical
Hoje vamos adentrar ao terreno dançante e “caliente” do punk tropical, com licença. Um som envolvente que no caldeirão trás influências tanto sonoras como artísticas, afinal de contas os integrantes tem background em vários planos do campo das artes. Os Estranhos Românticos.
A vida as vezes coloca pessoas em nossa vida, algumas por sorte acabam se tornando amizades de longa data e foi mais ou menos assim que Pedro Serra (bateria, percussão e backing vocals) e Mauk (baixo, guitarra e backing vocals) se conheceram ainda nos anos 80. Mas com um detalhe: eles nunca tinham tocado juntos.
A Formação dos Estranhos Românticos
Já Marcos Muller (Voz e Guitarra), Pedro Serra e Luciano Clan (teclado e backing vocals) já tinham tocado juntos em outras duas bandas anteriormente. Os quatro tocaram todos juntos pela 1ª vez em uma jam session de amigos e foi formada a liga dos Estranhos Românticos.
Mas como tinha adiantado o background dos integrantes é artístico e super interessante. Afinal de contas fizeram parte de importantes grupos do underground carioca. Eles já passaram por inúmeras bandas desde os anos 80, como Gatz Mao, A Grande Trepada, Utopia e Cordel Elétrico, entre outras. E o envolvimento com música como arte não se restringe apenas ao campo musical.
Projetos Paralelos
No dia-a-dia todos trabalham com imagem e som paralelamente à banda (tendo dirigido ou participado de projetos com Autoramas, Los Hermanos, Second Come (Nota do Editor: sou fã de carteirinha), Gerson King Combo, O Rappa, Picassos Falsos e Gilberto Gil, entre outros). Com esse riquíssimo portfólio, claro que os clipes da banda com toda certeza seriam fora da curva mas disso falaremos mais tarde.
Quando você acha que as curiosidades acabaram: se depara com mais. Mauk originalmente não era baixista – e sim guitarrista. Luciano não era tecladista (mas sim, baixista). E foi a empolgação e envolvimento com o novo projeto que fez com que eles fossem atrás de aprender mais sobre os instrumentos.
Após dois anos juntos e confiantes para mostrar sua arte para o mundo chegou em março o primeiro lançamento da Estranhos Românticos. O disco homônimo foi produzido pelo renomado produtor JR Tostoi (Vulgue Tostoi, Picassos Falsos, Nenhum de Nós, Lenine, etc) e eles trataram de brincar rotulando de maneira um tanto quanto divertida a levada do som: “uma mistura punk tropical, indie, surf, groove, tropicália e new wave“.
Ouça Estranhos Românticos no Spotify
Após ter conhecimento sobre essa salada mista de estilos que particularmente fazem parte do meu background musical, fiquei ansioso para saber qual era a dos caras. E claro que tive que dar o play no som!
O disco se inicia com “Chuva Tropical” que trás o calor da lambada, te remete a psicodelia sessentista nos teclados e conta com vocais bubblegum somadas a guitarradas que flertam com a new wave dos anos 80.
Como fã da fase mais “obscura” do The Undertones, The Knack e tendo interesse pela sonoridade apaixonada latina – que nosso brega tão bem representa – resulta numa ótima maneira de iniciar um disco com uma proposta tão fora do “lugar comum”.
“Monalisa” é um mergulho de cabeça nos anos 80, o início já tem uma atmosfera B-52′ e desemboca numa fritação energética como eles mesmo dizem “punk tropical”, como se Debbie Harry fosse dar um passeio pela orla de Copacabana. O tema da conquista e azaração dão toda a atmosfera e clima propício para cair na pista de dança. A canção ainda conta com artifícios do surf rock a lé Man Or Astroman, ou seja, coisa fina.
Viagem pelos anos 80
A música possuí dois clipes, ambos contém ideias simples porém com uma boa produção – lembram do background?. Pedro após ver a versão final de “Monalisa”, clipe que foi dirigido pelo Marcos Muller, decidiu fazer uma edição alternativa em p/b. A finalização ficou por conta de Luciano. O tira teima para decidir qual a versão favorita eu deixo com vocês.
O roteiro puxa para o lado sensual da conquista que a letra tanto descreve, a atriz Carol Kiss flerta com a câmera e dança – ao mesmo tempo que a temos a banda se apresentando em um estúdio escuro. Se a versão alternativa apela pelo P/B com explosões de vermelho na tela, a versão original soa como algo gravado em VHS porém com fotografia impecável.
Moderno Mundo
“Moderno Mundo” já começa com o baixo pegado alá “Guns Of Brixton” (The Clash) se fosse uma canção western bang bang macaroni e guitarras que soam como sirenes. A canção é um rock de garagem que flerta com um vocal rasgado a lá Acabou La Tequila.
Até que em sua metade a levada mesmo que acelerada tem seu apogeu no refrão que flerta com algo na linha vocálica de Sidney Magal que me perdoe quem tem preconceito, mas que tem seu ar de genialidade.
Os dilemas da faixa são bastante atuais, uma viés sobre a liquidez dos relacionamentos modernos. Consigo enxergar a crítica aos aplicativos de celular para encontrar sua “próxima paixão”, tudo sempre sendo descartável. No fim das contas todos se sentem sozinhos mesmo estando no mesmo barco: o das desilusões. O título me remete a “Mundo Moderno” do Autoramas e “The Modern World” do The Jam.
“Karma” trás toda atmosfera indiana e teclados a lá The Doors/The Sonics. Porém com uma nova roupagem que de certa forma tem a energia mais moderna similar com a que Real Estate e Mac Demarco revisitaram para seu som. A cada nova audição eu consigo notar um novo detalhe, ver elementos da nossa tropicália mesclados com o som lisérgico e atemporal dos Mutantes.
Além dos grooves a letra também é de certa forma bastante teatral e busca recurso em descrever a atmosfera viajante e transcendental que a canção evoca. É como se eles tivessem viajado junto dos Beatles para as Índias e vivido suas excêntricas experimentações. Uma trip digna da fase mais maluca dos garotos de Liverpool.
Cinema Mudo
Ouvir “Cinema Mudo” me levou para uma outra época, tanto a visão mentalizada de Viagem à Lua (1902) de George Méliès como viajar pela transgressão sonora que é a excentricidade maravilhosa do Psychedelic Furs.
Talvez pelo aspecto em órbita que os teclados nos passam, como se estivéssemos em meio a uma invasão alienígena. Como fã de DEVO eu entendo completamente a viagem inter planetária e o questionamento: Q: Are We Not Men? A: We Are Devo!
O clipe por sua vez contém imagens registradas pelos fãs durante show realizado no Audio Rebel (famosa casa de shows do Rio De Janeiro), no dia 17/01/2015.
Os Bastidores
Foram 18 pessoas gravando (na maioria com celulares), que depois enviaram suas imagens pela internet para a banda. As imagens foram feitas por Ana Paula Moniz, Celia Szterenfeld, Claudia Niemeyer, Cristina Muller, Fernanda Metello, Guilherme Andries, Luciano Mello, Luciano Cian,.
Além de Marcello Sales, MdC Suingue, Nayla Pires, Nina Ramsey, Pedro Serra, Raji Muller, Ricardo Bruno, Roberto Ramsey, Sergio Serra, Tiago Serra. A direção, edição e finalização ficaram por conta do Pedro Serra.
Claro que para não terem eventuais problemas com o audio, ele foi gravado em 8 canais por Iago no Audio Rebel e mixado por Seu Cris no Estúdio La Cueva.
“Um Tonto” traz o ritmo das ondas do mar, a bateria cadencia o cenário contemplativo. Os pés estão no rock alternativo se fundindo nas ondas tropicais. Algo como se Yuck fizesse um disco que buscasse referência nos Beach Boys. As guitarras cruas tem um pé no som de ritmos caribenhos como o ska/rocksteady.
O tema do lado mais primitivo do ser humano sendo despertado é a tônica da faixa. Valorizando de certa forma as coisas mais simples da vida. Um clipe em uma ilha deserta com um casal se livrando dos pertences para experimentar a natureza seria um roteiro bem pontual para a canção.
Estranho Romântico
Na contramão é um desabafo romântico fruto de um devaneio de um casal apaixonado que faz planos para viver seu “sonho” aos seus moldes. A progressão dos acordes tem um pouco da estrutura eletrizante do rockabilly mesclada com o teclado new waver enriquecendo o cenário alucinógeno.
Se me dissessem que a música “Estranho Romântico” pertencesse a Jovem Guarda talvez eu pudesse ficar em dúvida. A levada dos teclados me lembra a densidade dos ritmos jamaicanos que podemos encontrar nos boxes da Trojan Records. Todo aquele dancehall que o Skank e Elvis Costello em seus primeiros discos foram buscar.
Em certo trecho quase comecei a cantar “Police On My Back”, canção presente no disco Sandinista! (1980) do The Clash mas que em sua realidade é uma versão da pouco conhecida The Equals datada de 1967.
O clipe nos surpreende pela riqueza de detalhes. Afinal de conta o resultado das imagens é fruto de uma pesquisa realizada por Ricardo Bruno e Fabian Gomes. O vídeo foi todo feito com cenas estranhas e românticas de filmes brasileiros dos anos 20, 30 e 40. A direção e edição ficaram por conta de Ricardo Bruno.
Referências do Clipe
Para quem ficou curioso em saber de que filmes eles foram atrás segue a lista:
– A Filha do Advogado – J. Soares (1926)
– Argila – Humberto Mauro (1940)
– Brasa Dormida – Humberto Mauro (1928)
– Onde estás Felicidade – Mesquitinha (1939)
– Sangue Mineiro – Humberto Mauro (1929)
Com energia contagiante “A Rosa” vem feito uma bossa torta esquizofrenia de marte. Uma canção para flutuar nas nuvens imaginárias provenientes de um coração entorpecido de amor. Uma releitura horror picture show das canções melosas da tropicália. Em seu fim o protagonista está tão embriagado que perde o controle e acaba desfalecendo em seu amor impossível.
O espírito 70’s from mars rebate em “Lobo Mau”, e como o próprio título diz é literalmente uma canção da caça e o caçador. Se tivesse um clipe, eu imaginaria algo com cores bem vibrantes e fotografia tenebrosa como os clássicos do diretor italiano Dario Argento. Dark, macabro, envolvente e brutal.
“Eu e Você” é uma balada romântica, uma carta de amor musicada. Mais uma vez o interlocutor se embriaga na viagem sem volta que é uma paixão vivida à flor da pele. Uma canção para dançar ao pé de valsa feito canções lentas dos famosos “bailinhos”.
O Astral
Mas claro que o disco tinha que terminar em puro alto astral e positividade. E é “Um Sabotador” que tem a árdua missão. A fusão do som mais cru do punk 77 (Damned, Buzzcocks, The Saints) flerta com o tecladinho alá DEVO (em algumas horas até Kraftwerk) para dar o tom da viagem astral. A canção discute os erros de um louco romântico apaixonado que por sua vez acaba se sabotando por diversas vezes: a troco de nada e mergulha num oceano de solidão.
Estranhos Românticos: Um Sabotador
O clipe lançado no dia das crianças foi feito de maneira completamente D.I.Y e traz as máscaras do personagem”Monstro da Lagoa Negra” – presente na capa do disco. Nele cada integrante veste sua “armadura tropical” e brinca de forma um tanto quanto cômica. Destaco o baterista Pedro fumando um charuto enquanto toca no melhor estilo Circle Jerks de fazer clipes. Lembram do clipe de “I Wanna Destroy You” – cover dos Soft Boys? (Nota: texto atualizado no dia 14/10).
Acredito que o debut da Estranhos Românticos consiga captar – feito uma peça de teatro com seus diversos atos – facetas de um eterno romântico apaixonado. Que por muitas vezes se sente sozinho em um barco que enfrenta uma maré alta de sentimentos.
O magnetismo das faixas e o nadar contra a corrente da “fórmula pop” talvez faça do som que o grupo alcançou: ousado e intrigante. Em um momento que se sentem seguros em fazer um som que não se prenda a estilos, clichês ou coisa do tipo. Carregando toda a experiência e influências adquiridas ao longo de uma vida toda dedicada ao underground nacional.
Entrevista: Estranhos Românticos
Porque do nome “Estranhos Românticos”?
Pedro: “O nome foi uma dificuldade enorme, acho que demorou uns 8 meses pra gente achar. Encontramos numa das letras, na verdade na 1ª música que fizemos, “Estranho Romântico”. Acho que tem tudo a ver com as letras das músicas, que são basicamente sobre amor, mas com um viés diferente, mais existencial.”
Todos já passaram por inúmeras bandas desde os anos 80, como Gatz Mao, A Grande Trepada, Utopia e Cordel Elétrico, entre outras. Todos trabalham com imagem e som paralelamente à banda (tendo dirigido ou participado de projetos com Autoramas, Los Hermanos, Second Come, Gerson King Combo, O Rappa, Picassos Falsos e Gilberto Gil, etc). Como esse background ajudou na formação do Estranhos Românticos?
Pedro: “Acho que o nosso background nos ajudou muito em vários aspectos, como por exemplo em ter uma gama variada de influências e conseguir mesclar isso de uma forma original. Também por sermos uns caras mais vividos, na faixa dos 45, e por ter passado por tantas bandas, estamos menos ansiosos em relação ao que vai acontecer com a banda e mais seguros em relação ao que queremos com a banda.”
O lado artístico também é sempre levantado inclusive nas letras como “Cinema Mudo”, “Monalisa” já trazem até no nome. Como observam a arte como um todo?
Pedro: “Quase todos na banda trabalham ou trabalharam em várias vertentes artísticas: eu sou fotógrafo, DJ, editor de imagens e eventualmente dirijo clipes e DVDs (Autoramas, O Rappa, Gilberto Gil, etc), o Luciano é designer, diretor e artista plástico, o Marcos já editou e dirigiu e o Mauk toca todos os instrumentos e além do trabalho solo (Mauk & os Cadillacs Malditos) toca com Second Come, A Grande Trepada e outras bandas. Sempre conversamos muito sobre filmes, exposições e obviamente, música.”
As faixas inclusive ganharam clipes com uma fotografia incrível. Qual o conceito e história por trás de cada “filme”?
Pedro: “Como temos vários amigos que trabalham com imagem (inclusive nós mesmos), a nossa ideia é fazer um clipe para cada música do disco e eventualmente lançar isso como DVD. O clipe de ‘Monalisa’ tem uma história engraçada. O Marcos (voz e guitarra) dirigiu e editou mas eu gostava muito de uma parte que ele não usou no clipe e re-editei ele, portanto o clipe de ‘Monalisa’ tem 2 versões (uma colorida e outra preto e branca).”
Como rótulos vocês citam punk tropical, indie, surf, groove, tropicália e new wave. A música brega poderia ser considerada uma influência também? Expliquem o que seria “punk tropical” e como os outros estilos agregam ao resultado final.
Pedro: “Acho que de alguma forma tem um pouco de música brega ali no meio do caldeirão, mas não é nada pensado. Inventei essa história de ‘punk tropical’ – na verdade nunca ouvi falar nisso! (risos). Mas pra mim seria um punk mais latino, com elementos de percussão (que tem na minha bateria, como cowbell e pandeirola).
“Moderno Mundo” carrega uma forma que ao menos para mim me lembrou grupos como Acabou La Tequila, Barão Vermelho, Autoramas mesclado com algo mais moderno como a chill wave. Como é o processo de composição da faixas?
Pedro: “Essa música é a que eu mais identifico com o tal do ‘punk tropical’. E interessante as bandas que você citou – acompanho o Tequila desde o começo, tocamos juntos no festival SuperDemo na época que eu tocava no Cordel Elétrico, no começo dos anos 90.
Também toquei com o Fernando Magalhães do Barão Vermelho (e com o Minhoca do Picassos Falsos e Cesar Nine do Coquetel Molotov) no Cruela Cruel no final dos anos 80. E dirigi o DVD “Autoramas Internacional” do Autoramas. Aliás, o Bacalhau me emprestou a bateria para a gravação do disco e fez participação em ‘Monalisa’, tocando pandeirola.
O processo da composição das músicas normalmente é o seguinte: o Marcos chega com uma ideia e trabalhamos ela no estúdio até a música ficar pronta – isso pode durar alguns ensaios ou alguns meses. E tem uma coisa engraçada, mesmo a música estando pronta ela pode mudar a qualquer momento, porque o Marcos é muito irrequieto. As músicas mudaram até o último “gravando!” no estúdio. E continuaram a mudar depois… (risos).”
Já “Karma” tem um pouco do ar despretencioso e ousado do som dos Mutantes e Baobás mesclado com o som moderno – lo-fi – de Mac Demarco. Como é a procura por referências? Procuram se manter atualizados com o que tem rolado?
Pedro: “Mutantes definitivamente é uma das minhas influências, mas as influências da banda são muito diversas. O Marcos praticamente não ouve música, mais. Acho que ele nem tem equipamento de som.
Eu, como sou DJ, estou sempre procurando música nova e busco sempre a originalidade, em qualquer estilo – e gosto de muitos! O Mauk tem uma conexão com rockabilly e psychobilly, mas também adora soul como eu e pós-punk anos 80, mas ouve de tudo. E o Luciano é um cara mais ligado no que está rolando de som novo.”
Como foi trabalhar com JR Tostoi (Lenine, Vulgue Tostoi, Picassos Falsos, Nenhum de Nós, etc), onde foi gravado Como foi trabalhar com JR Tostoi (Lenine, Vulgue Tostoi, Picassos Falsos, Nenhum de Nós, etc), onde foi gravado e quais as maiores dificuldades no processo? quais as maiores dificuldades no processo?
Pedro: “Sou amigo do Jr Tostoi desde os anos 90, quando ele tocava no Juliette com o BNegão. Quando achamos que as músicas já estavam prontas pra gravar um disco, listamos alguns produtores possíveis, mas escolhemos o Jr Tostoi pela experiência dele e pela forma dele ver a guitarra, que é bem diferente do rock em geral. E pela amizade, é claro!
O disco foi gravado no estúdio Ministereo (do Jr Tostoi com o Rodrigo Campello) no 2º semestre de 2015. O processo foi bem simples, mas a maior dificuldade foi em organizar a agenda de todo mundo com a do estúdio. Tivemos a ajuda preciosa do Rodrigo Delacroix, vulgo Batata, que foi assistente do Jr Tostoi e foi essencial na gravação e na mixagem.”
A capa foi feita pelo artista americano Buddy McCue. Como ficaram sabendo do trabalho dele e como foi o contato, o conceito e processo de criação da arte?
Pedro: “Isso foi muito legal. Como o Luciano é designer e artista plástico, ele foi encarregado de bolar a capa. Daí ele descobriu o Buddy McCue na internet, mostrou pra gente e depois de alguma discussão (o Marcos não gostava da capa, mas convencemos ele) eu escrevi pra ele dizendo que éramos uma banda independente brasileira e adoraríamos ter a arte dele no nosso disco, mas já tínhamos gastado toda a nossa grana na gravação do disco (o que era verdade).
Pouco depois ele respondeu dizendo que ia ser um barato ter uma pintura dele numa capa no Brasil e até fez o corte da arte pro CD (a tela é originalmente retângular e o CD, quadrado).
Um fato curioso é que Mauk não era baixista (e sim guitarrista) e Luciano não era tecladista (mas baixista), e começaram a tocar estes instrumentos na banda. Como rolou isso?
Pedro: “A banda surgiu numa jam session no meu aniversário. Chamei um monte de gente, mas não foi nenhum baixista. Daí o Mauk resolveu tocar baixo e o Marcos gostou muito do som dele (que é bem diferente de um baixista tradicional).
Eu já tinha tido outras duas bandas com o Marcos, a Chaparral e o Polaroide – esta também com o Luciano, que tocava baixo. Daí a gente falou pro Luciano que ele tinha que tocar outra coisa se quisesse entrar na banda e ele veio de teclado. E pra mim eles dois são o diferencial da banda – o Mauk com suas linhas de baixo palhetado melódicas e o Luciano com seus teclados minimalistas e estranhos.”
Nos shows vocês tocam versões de grupos que influenciaram o som da banda como Gang 90, Frankie Valli, Caetano Veloso e Blondie. De certa forma bem ecléticos, o que deve ter um resultado interessante. Como funcionam ao vivo, colocam improvisos e transformam elas?
Pedro: “Os shows são bem diferentes do disco. Como te disse, as músicas estão em constante mutação e sempre rola mais alguma mudança na hora do show. E as músicas dos outros que a gente toca não são cover, são versões diferentes mesmo.
Normalmente só fica a melodia igual. O resto, vira Estranhos Românticos. As músicas são ‘Telefone’ (Gang 90), ‘Can’t Take My Eyes Off You’ (Frankie Valli), ‘Baby’ (Caetano) e a ‘One Way or Another’ do Blondie virou ‘Meu Bem’, uma versão em português. A gente escolhe umas 2 ou 3 delas pra cada show.”
Quais discos preferidos de cada integrante?
Marcos – White Album (1968) – The Beatles
Mauk – London Calling (1979) – The Clash
Pedro – Secos & Molhados (1973) – Secos & Molhados
Luciano – Ok Computer (1997) – Radiohead
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[…] Eden (Salvador/BA mas vivendo em São Paulo), Dum Brothers (São Paulo/SP), Estranhos Românticos (Rio de Janeiro/RJ), FELAPPI e Marcelo Callado (Rio de Janeiro/RJ), Floreosso (São Paulo/SP), […]