O Grande Babaca e a ansiedade que mata
Neste começo de ano fomos agraciados com um novo projeto que depois de muito tempo, saiu da gaveta e ganhou forma: O Grande Babaca.
Mas quem é O Grande Babaca? Qual seu universo? Seria um crítico? Seria um desesperado ou apenas MAIS Um Babaca? Fomos averiguar.
Mas antes disso fui pesquisar no nosso querido Wiki (para os íntimos), sobre o significado da palavra BABACA:
“Originalmente a palavra babaca consistia em um termo africano, de origem banta utilizado como denominação vulgar da vulva feminina, mas após ser incorporado pelo idioma português, no Brasil, perdeu seu sentido original, passando a ser predominantemente utilizada como um insulto designado a classificar uma pessoa como tola ou ingênua.
Atualmente trata-se de um termo chulo usado como forma de ofensa pessoal em distintos países adeptos do idioma português, sendo particularmente mais utilizado no Brasil, onde esta é a palavra mais comumente utilizada para designar uma pessoa tola.“
Mas para encontrarmos certas respostas, temos que fazer as perguntas certas para as pessoas certas, afinal:
E antes que a ansiedade mate, vamos saber mais através das respostas de Gabriel Olivieri, o cara por trás de O Grande Babaca.
[Hits Perdidos] O nome do projeto é no mínimo curioso. Fala mais da origem? Quem seria O Grande Babaca? Um alter-ego ou algo do tipo?
[Gabriel Olivieri] Cara, uma das coisas que eu tinha definido pra esse projeto é que ele não seria um projeto solo clássico. A foto da minha cara na capa, meu nome e sobrenome escrito gigante alí, ia até parecer que eu sou alguém importante.
Não queria que as pessoas ouvissem pensando com aquele preconceito de “huuum, quer ser famoso”. Eu tinha até pensando em lançar tipo: “galera vcs já ouviram esse cara?”, e foi daí que surgiu esse alter-ego. Eu deixo toda a responsabilidade para este personagem:
O Grande Babaca, o cara que pode querer ser famoso, ser pretensioso, que pode até ser babaca inclusive.
Ainda sobre a origem da nova empreitada, Gabriel nos contou que antes do projeto já tinha lançado outros trabalhos tanto musicais, como também se aventurou a montar um vlog.
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No vlog, 1/Quarto, ele treinava produção musical gravando seus amigos em seu quarto:
[youtube https://www.youtube.com/watch?v=NIf7RXWb-XU]
E o primeiro EP, veio exatamente dessa bagagem acumulada através da evolução de seus antigos projetos, meio que naturalmente. Aliás toda essa história se confunde um pouco com a trajetória de vida de Olivieri.
Gabriel, gravou algumas poucas músicas de maneira bem simples (voz e violão) em uma época em que estava atolado entre estudos e trabalho. Algo que sugava sua energia e impossibilitava ele de tocar novos projetos, pois é, sabe aquela frase: Tempo é Dinheiro.
Exatamente, do limão veio a limonada. Ele largou tudo e decidiu ir trabalhar com música. Investiu em equipamento de Home Estúdio para poder gravar e produzir não só suas coisas, como outras bandas e artistas. E foi no próprio quarto onde gravou todos os instrumentos do EP, uma banda de um cara só.
Assim a pouco mais de um ano, Gabriel Olivieri, trabalha como produtor e sócio no Cavalo Estúdio. Onde no meio do processo acabou trazendo parte dos seus equipamentos para o local. Essa mudança aconteceu no meio da gravação do EP; por isso as vozes foram gravadas no estúdio com a ajuda de Nicolas Csiky.
Aliás sobre a escolha dos músicos que compõe sua banda de apoio no O Grande Babaca ele comentou:
“Durante as gravações do “Onda” (último disco da Alaska gravado aqui no Cavalo, no qual tive o prazer de participar da produção) conheci esses meninos (e já me apaixonei) e acompanhando todo o projeto de lançamento da banda, seus shows, etc. a vontade de tocar minhas músicas ficou gigante.
E pra ficar mais bonito, a banda é formada pelos próprios caras que me encorajaram a fazer isso:
André Ribeiro (Guitarra) e a marrravilhosa (sic) inversão Nicolas Csiky (Baixo), Wallace Schmidt (Bateria).”
Durante o processo de gravação, ele mesmo ficou responsável pela produção, gravação e mix. O que foi bastante puxado e deixou com uma certa pulga atrás das orelha:
“Foi bem legal ter controlado tudo, mas foi bem ruim ter controlado tudo.”
Isto devido ao seguinte – e importante – fato a se considerar:
“Uma pessoa só, fica mais fácil de colocar pra fora aquela intenção de quando a música foi escrita por exemplo, mas fica impossível se manter criativo e construir todas as ideias, as ideias acabam.”
Assim como o nome do disquinho, A Ansiedade quase matou Gabriel, que em certo momento decidiu: escolher alguém para realizar a masterização. Assim, ele escolheu sem pestanejar, Ricardo Pontes, engenheiro de som brasiliense que já trabalhou com a banda Scalene e de antemão já tinha trabalhado no disco Onda da Alaska – onde a admiração de Gabriel por seu trabalho, só aumentou.
[Hits Perdidos] A capa do EP toda festiva e “carnavalesca” me chamou bastante a atenção. Qual o conceito? Ela parece de certa forma irônica após a audição. Quem assina é a artista Natasha Lars, como foi o brainstorm para chegar nesse resultado?
[Gabriel Olivieri] O conceito veio do contraste de uma frase que um amigo disse ao ouvir o EP: “Bad porém Massa”.
A gente basicamente inverteu isso na capa. Karina Key foi a modelo que interpretou esta menina prestes a se afundar em sua banheira, mas isso é aliviado graças as cores e confetes na capa.
[bandcamp width=415 height=686 album=1951216928 size=large bgcol=ffffff linkcol=0687f5]
[Hits Perdidos] Ao ouvir senti influências de post-rock mas também de MPB. Quais seriam as influências musicais do projeto? E quais compositores admira?
[Gabriel Olivieri] Gosto e ouvi muito as bandas Jennifer Lo-Fi, Ombu e As Tall as Lions. Tenho alguns vícios de composição das banda que cresci ouvindo como Visconde e Los Hermanos, que deve ser daí que vem a “MPB”.
O Leo Ramos da Supercombo e o Popoto da Banda Raça sabem descrever o cotidiano de um jeito muito real, que é algo que valorizo muito.
Aliás Gabriel nas últimas semanas estava na correria de terminar detalhes do novo EP do Ombu, banda que aprendeu a admirar após entender mais da essência do som e como consequência viciou no som dos caras.
Interrompemos nossa programação para um informe URGENTE:
O ministério da saúde – e dos sentimentos – alerta: ANSIEDADE MATA. Ao persistirem aos sintomas, um médico deverá ser consultado.
Voltando a programação normal, tentamos entender DIRETO da FONTE, qual seria os significados das músicas por trás desse EP, que como definido aqui antes: “Triste Porém Massa.”.
E nada melhor que contar com a ajuda direto de quem compôs!
“Augusteiro” – Ao ouvir pela primeira vez consegui identificar várias pessoas. O que achei muito louco de certa maneira. Assim deduzi que ela fosse uma crítica explícita a pessoas que vivem de aparências/festas de fim de semana mas na realidade são vazias e tristes por dentro.
Assim, Gabriel rebateu o pitaco:
“A carapuça está servindo pra mó galera né? Mas na verdade sou eu falando com o meu eu do passado. Porque as vezes a gente muda tanto pra agradar as pessoas, pra elas se interessarem em você que não se enxerga mais nem no espelho.”
“Pula Pirata” – É uma música que me remeteu ao disco Onda da Alaska, tanto na atmosfera metafórica, como na progressão dos instrumentos. Claro, tendo a temática e banda como apoio, era quase um tiro certeiro.
A adição da gaita, dá o tempero do som, junto aos arranjos e o sofrimento que eles te transmitem. Perigo: para quem sofre de ANSIEDADE, visto que essa é das canções com a levada mais Bad do disquinho.
“Ligia” – Ao ouvir senti que tinha alguma história bastante significativa e complicada por trás, não quis tirar conclusões precipitadas e decidi logo quebrar o gelo e questionar sobre.
Gabriel além de responder ainda – de certa forma – filosofou sobre temas super atuais envolvendo o desprendimento do EGO, relacionamentos e as redes sociais:
“NOSSA. Complicadíssima.
A internet com tanta repetição faz a galera valorizar umas coisas meio estranhas. Tem essa mina que de tanto ficar no Tumblr, ver séries e filmes decidiu que aquele .gif era mais legal que a vida dela.
A personagem de Lígia decidiu se inspirar na anti-herói de um filme X. O princípio era ficar com o máximo de caras possíveis seguindo a regra de “se o cara se apaixonar eu vazo”. Meio complicado quando tu é um dos caras se é que você me entende.”
“Carta Aberta” – Nesta, minha interpretação bateu na trave. Ouvindo sua letra, interpretei mais ou menos como a realidade de muitos em que aceitam empregos que não gostam e crucificam seu melhor de sí, deixando de correr atrás de seus sonhos.
Olivieri logo rebateu:
“Tanto como vendedor, eu basicamente passava boa parte do meu expediente divagando como seria o jeito mais massa de me demitir/bater no meu chefe. Essa empresa explorava o desconforto e as necessidades de seus funcionários. Dando preferencia a contratar pessoas que nunca vão poder largar seus empregos porque sei lá tem filhos, ou uma dívida enorme. Se for pra tirar uma mensagem dessa música acho q seria algo mais parecido com um aviso:
“faça de tudo pra não ficar preso a uma situação merda, saia enquanto dá tempo”
“Réquiem” – A faixa conta com a participação de André Ribeiro (Alaska) nas guitarras. De certa forma fecha o EP de maneira melancólica – através da harmonia dos teclados – e com certa delicadeza nos detalhes. Conforme cresce ela vai ganhando o peso do rock, cheia de elementos sonoros que deixam ela ainda mais rica em sua composição.
Assim perguntei como foi a colaboração:
“Ele tinha acabado de gravar os efeitos e texturas pro “Onda”, e porra, tá de bobeira, mó bonitão, com tudo isso de efeito maneiro, grava mais um pouquinho aqui nessa minha música.
Foi um prazer enorme ter no meu EP um cara que eu já admirava há um bom tempo. ” diz Gabriel
O EP é sincero e traduz um misto de emoções que amadureceram através do tempo, desde as tímidas gravações captadas em seu quarto, passando pelo adendo e crescimento com a banda no CAVALO ESTÚDIO, pelo D.I.Y da produção – e tudo que ela envolve que lhe custou alguns fios de cabelos – e a finalização de sua masterização com Ricardo Pontes. Recortes feito uma colcha de retalhos que fizeram toda a diferença no resultado final
Para entrar na atmosfera, nosso querido O Grande Babaca listou ainda algumas recomendações para nossos leitores:
“Esperem pelo novo EP da Ombu e o novo disco da Raça. Demorei pra entender o que eles estavam fazendo, a primeira audição realmente não é fácil mas quando caiu a ficha ó: PORRRRA.”
Show de Lançamento
Vale lembrar que O Grande Babaca realizará o show de lançamento de seu primeiro EP, Ansiedade Mata (Janeiro/2016) no Feeling Music Bar no próximo domingo (14/02).
Para mais informações visualize o evento no Facebook. Quem for além de ter a oportunidade de ver o resultado do disquinho ao vivo ainda poderá conferir os shows das bandas: Alaska, Livrato, Mask Down, Banda Jolt, Dakotta, Universo Relativo, Insight e Thifany Kauany.
Sobre o lançamento do trabalho e as expectativas para o futuro, Gabriel Olivieri comentou:
“O que no EP é um cara sozinho contando algumas histórias, no palco você pode esperar por 4 caras gritando o mais alto possível.
A surpresa é a diferença que faz 3 novos músicos, 3 novas cabeças e ideias que somam vontade e um ar fresco, tirando o projeto do quarto escuro pra dar uma volta de bike no parque.
Pro futuro: Novas músicas, novas histórias, mas antes tem que sair um Clipe. Se o Kondzilla me der um desconto, vai ser o clipe mais treta de 2016 (sério).”
Ou seja, Kondzilla, se você for leitor do Hits Perdidos abre o olho e tira do papel logo esta oportunidade de parceria.
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