Sub Pop Festival: O dia em que o METZ roubou a cena
O festival Sub Pop Festival realizou sua primeira edição tupiniquim na noite desta quinta-feira (15.05) no Audio Club. Com o cronograma seguido a risca, o festival foi um sucesso no quesito organização.
Para começar a grande festa em celebração ao lendário selo de Seattle, Adriano Cintra (Cansei de Ser Sexy) e integrante da única banda nacional a assinar com o selo, comandou as pick-ups tocando uma mescla entre hits do punk rock e hits made in Sub Pop.
Pontualmente as 22 horas, a banda Obits subiu no palco. O quarteto formado em 2006 conta em seu line-up veteranos da cena punk.
O show é uma viagem na história do punk rock norte americano.
Com a rica mistura de diferentes integrantes é fácil perceber quão influente a cena hardcore de Washington D.C (Embrace, Rite Of Spring) e bandas californianas do nível Dead Kennedys são.
Além de claramente a banda flertar com o som garageiro de bandas lendárias como o Rocket From The Crypt.
Um excelente show que infelizmente não teve a resposta que merecia do público que estava ansioso para o Mudhoney.
Mal deu tempo para buscar uma cerveja e o METZ já corria para deixar tudo nos conformes para o que seria o show da noite.
Sim, o METZ roubou a cena.
Bom, falta de aviso não foi. No dia anterior rolou um bate-papo com a presença de Steve Turner (Mudhoney), Chris Jacobs (chefão da Sub Pop), Chris Slorach (METZ) e Mark Arm (Mudhoney) durante a exibição do documentário ”I’m Now” do Mudhoney no Cine Olido.
Nele Mark deixou claro que durante a primeira vez que as bandas tocaram juntas ele ficou boquiaberto com o que viu.
Ele comentou: ”Como é que eu vou assumir o lugar de ”headliner” deste show se os caras quebraram a banca?”.
Formado em meados de 2008 em Toronto, o METZ lançou seu primeiro disco de mesmo nome no fim de 2012.
É difícil definir o som dos caras por rótulos, alguns tentam rotular como noise rock mas é possível encontrar diversas influencias.
A banda mistura rock de garagem com emo oitentista, post-hardcore, além de beber da fonte do grunge.
Agrada de fãs de Sonic Youth a fãs de Fugazi e isso diz muito sobre eles.
Energia, suor, guitarradas e berros são palavras soltas que ajudam a explicar o que aconteceu no show.
O setlist teve direito até a cover de ”Neat Neat Neat” do punks góticos ingleses do The Damned.
Era a hora de ver o Mudhoney em ação. Com clima nostálgico e noventista é fácil perceber um fato: a banda é uma das mais injustiçadas de sua geração.
Nunca chegando a ter o status de bandas como Pearl Jam, Soundgarden e Nirvana, o conjunto se manteve sempre fiel a seus ideais.
Um fato curioso é enquanto a maioria das bandas possuí marcas de cerveja, o Mudhoney possuí uma marca de sorvetes.
O álbum de estréia ”Superfuzz Bigmuff ” (1988) é o masterpiece da banda, após este lançamento a banda nunca conseguiu lançar um disco tão ”perfeito” e isso se reflete no ânimo dos fãs ao assistir o show.
A multidão se empolga ao ouvir os primeiros versos de ”Touch Me, I’m Sick”, um dos maiores hinos da banda.
No ano passado o Mudhoney lançou o álbum ”Vanishing Point” (2013) em que remete as raízes do grupo. O álbum é praticamente uma grande homenagem ao disco ”Funhouse” dos Stooges e ao tocar as canções Mark Arm faz questão de fazer todos os trejeitos de seu maior ídolo, Iggy Pop.
O show foi crescendo e o melhor claramente ficou para o final.
As músicas mais hardcores e violentas deixaram todos presentes extasiados e a rodinha punk foi crescendo no mesmo rítmo. Uma das útimas canções que boa parte do público berrou os versos foi ”Here Comes Sickness” ao álbum ”Mudhoney” (1989).
Ainda deu tempo para a banda finalizar o show com um dos maiores clássicos do hardcore norte-americano ”Fix Me” do Black Flag.
Nem precisa falar que o Audio Club veio abaixo.
Seguranças e roadies não conseguiam mais controlar os ânimos dos presentes enquanto moshs e Stage Divings aconteciam.
Uma garota inclusive subiu no palco, beijou Mark Arm, mostrou os peitos e se jogou na platéia.
Com o festival finalizado fica a esperança de uma nova edição no próximo ano. Questionado sobre isso Chris Jacobs afirmou durante o bate-papo pós exibição do documentário que tinha planos para realizar mais edições. Agora o que nos resta é esperar para ver o que vai acontecer.
Cobertura publicada na Madmag no dia 21/05/2014
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